domingo, 22 de julho de 2012
Zona do euro corre o risco de perder mais 4,5 milhões de empregos
O relatório adverte que, sem uma
mudança de políticas, todos os países da zona do euro, tanto os que atualmente
estão sob pressão como os outros que vivem uma situação mais folgada, serão
afetados.
“Não é somente a zona do euro que está
com problemas. Toda a economia global está sob risco de contágio”, disse o Diretor
Geral da OIT, Juan Somavia.
“A menos que se apliquem medidas
específicas para aumentar os investimentos na economia real a crise econômica
piorará e a recuperação laboral nunca chegará. Também precisamos um consenso
global sobre como avançar em direção a uma globalização baseada no crescimento
e na criação de emprego. Esta é uma responsabilidade central das Nações Unidas,
das instituições de Bretton Woods e do G20”, acrescentou Somavia.
A curto prazo, as consequências de uma
recessão laboral prolongada seriam especialmente duras para os jovens que
procuram emprego.
Na zona do euro, mais da terça parte das
pessoas em idade de trabalhar ou estão desempregadas ou excluídas do mercado
laboral e o desemprego de longa duração continua aumentando.
As economias mais fortes da zona do euro também estão
ameaçadas
A perda de empregos tem sido
particularmente grave no sul da Europa, mas até mesmo a Alemanha, Áustria,
Bélgica, Luxemburgo e Malta – os únicos países onde emprego aumentou desde 2008
– registram sinais de que a recuperação do mercado laboral poderia ser
interrompida.
A perda de empregos poderia ser ainda
pior já que as empresas teriam mantido seus trabalhadores com a esperança de
que as condições econômicas melhores. Caso suas expectativas não se
materializem, esses postos de trabalho poderiam correr perigo.
“Tudo parece apontar para que
provavelmente esteja em processo de incubação uma recessão prolongada do
mercado de trabalho”, sustenta o relatório. Além disso, o relatório adverte que
a situação laboral está alimentando a tensão social e erodindo a confiança em
governos nacionais e nas instituições europeias.
Uma oportunidade para a ação
O relatório diz ainda que é possível
uma recuperação dentro do marco da moeda única, se os países da zona do euro
aplicarem uma estratégia de crescimento baseada no emprego.
O prazo para realizar esta mudança
está acabando. O Pacto Mundial para o Emprego da OIT e o apelo contra o
desemprego juvenil adotado pela Conferência Internacional do Trabalho de 2012
oferecem uma série de medidas que os países da zona do euro podem continuar
aplicando.
O relatório diz que a austeridade deu
lugar a um crescimento econômico mais fraco e a uma deterioração dos balanços
dos bancos, gerando uma maior contração de crédito e, em consequência, uma
diminuição dos investimentos e mais perda de empregos.
O relatório ressalta o problema das
economias da zona do euro onde o desemprego está cada vez mais alto, cujos
recursos destinados ao apoio aos que procuram trabalho se está esgotando. O
contrário acontece nas economias mais fortes. Um acordo baseado no diálogo
social destinado a ampliar a base impositiva poderia ajudar a financiar os
programas de promoção do emprego onde fosse necessário.
Para sair da armadilha da austeridade, o relatório
recomenda:
·
A reparação do sistema financeiro deveria estar condicionada à reativação do
crédito para as pequenas empresas. Pagar dividendos aos acionistas não somente
seria justo mas também reduziria a necessidade de dinheiro dos contribuintes ou
de novas medidas de austeridade
·
Promover os investimentos e apoiar os que procuram trabalho, os jovens em
particular. Uma “garantia para jovens”, com um custo estimado em menos de 0,5
por cento do PIB da zona do euro, poderia ser implantada em um prazo breve.
Para financiar esta garantia, seria conveniente reorientar os Fundos
Estruturais Europeus e mobilizar o Banco Europeu de Investimentos
·
Enfrentar as diferenças de competitividade entre os países da zona do euro.
Isto oferece novas oportunidades de diálogo social a fim de garantir que: i) os
salários cresçam no mesmo ritmo que a produtividade nas economias mais fortes;
ii) que a moderação da renda nas economias em déficit seja compensada por
políticas dirigidas a reforçar as bases industriais; iii) prevenir uma espiral
descendente nos salários e nos direitos dos trabalhadores.
“Dadas as diferentes posições dos
países não será fácil chegar a um acordo sobre uma estratégia concertada. No
entanto, sem uma rápida mudança política dirigida a recobrar a confiança e o
apoio dos trabalhadores e das empresas, será difícil implementar as reformas necessárias
para redirecionar a zona do euro a um caminho de estabilidade e crescimento”,
disse Raymond Torres, diretor do Instituto de Estudos Laborais da OIT e
principal autor do relatório.
Fonte: OIT
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