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domingo, 22 de julho de 2012

Zona do euro corre o risco de perder mais 4,5 milhões de empregos


GENEBRA – A menos que se produza uma mudança por consenso de medidas políticas, o desemprego na zona do euro poderá subir dos atuais 17,4 milhões de pessoas para 22 milhões nos próximos quatro anos, assinala a OIT em um relatório intitulado “Crise do emprego na zona do euro: tendências e políticas para enfrentá-la”.

O relatório adverte que, sem uma mudança de políticas, todos os países da zona do euro, tanto os que atualmente estão sob pressão como os outros que vivem uma situação mais folgada, serão afetados.

“Não é somente a zona do euro que está com problemas. Toda a economia global está sob risco de contágio”, disse o Diretor Geral da OIT, Juan Somavia.

“A menos que se apliquem medidas específicas para aumentar os investimentos na economia real a crise econômica piorará e a recuperação laboral nunca chegará. Também precisamos um consenso global sobre como avançar em direção a uma globalização baseada no crescimento e na criação de emprego. Esta é uma responsabilidade central das Nações Unidas, das instituições de Bretton Woods e do G20”, acrescentou Somavia.

A curto prazo, as consequências de uma recessão laboral prolongada seriam especialmente duras para os jovens que procuram emprego.
Desde 2010, o desemprego aumentou em mais da metade dos 17 países da região. Mais de três milhões de jovens entre 15 e 24 anos estão desempregados
.

Na zona do euro, mais da terça parte das pessoas em idade de trabalhar ou estão desempregadas ou excluídas do mercado laboral e o desemprego de longa duração continua aumentando.

As economias mais fortes da zona do euro também estão ameaçadas

A perda de empregos tem sido particularmente grave no sul da Europa, mas até mesmo a Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e Malta – os únicos países onde emprego aumentou desde 2008 – registram sinais de que a recuperação do mercado laboral poderia ser interrompida.

A perda de empregos poderia ser ainda pior já que as empresas teriam mantido seus trabalhadores com a esperança de que as condições econômicas melhores. Caso suas expectativas não se materializem, esses postos de trabalho poderiam correr perigo.

“Tudo parece apontar para que provavelmente esteja em processo de incubação uma recessão prolongada do mercado de trabalho”, sustenta o relatório. Além disso, o relatório adverte que a situação laboral está alimentando a tensão social e erodindo a confiança em governos nacionais e nas instituições europeias.

Uma oportunidade para a ação

O relatório diz ainda que é possível uma recuperação dentro do marco da moeda única, se os países da zona do euro aplicarem uma estratégia de crescimento baseada no emprego.

O prazo para realizar esta mudança está acabando. O Pacto Mundial para o Emprego da OIT e o apelo contra o desemprego juvenil adotado pela Conferência Internacional do Trabalho de 2012 oferecem uma série de medidas que os países da zona do euro podem continuar aplicando.

O relatório diz que a austeridade deu lugar a um crescimento econômico mais fraco e a uma deterioração dos balanços dos bancos, gerando uma maior contração de crédito e, em consequência, uma diminuição dos investimentos e mais perda de empregos.

O relatório ressalta o problema das economias da zona do euro onde o desemprego está cada vez mais alto, cujos recursos destinados ao apoio aos que procuram trabalho se está esgotando. O contrário acontece nas economias mais fortes. Um acordo baseado no diálogo social destinado a ampliar a base impositiva poderia ajudar a financiar os programas de promoção do emprego onde fosse necessário.

Para sair da armadilha da austeridade, o relatório recomenda:

·         A reparação do sistema financeiro deveria estar condicionada à reativação do crédito para as pequenas empresas. Pagar dividendos aos acionistas não somente seria justo mas também reduziria a necessidade de dinheiro dos contribuintes ou de novas medidas de austeridade

·         Promover os investimentos e apoiar os que procuram trabalho, os jovens em particular. Uma “garantia para jovens”, com um custo estimado em menos de 0,5 por cento do PIB da zona do euro, poderia ser implantada em um prazo breve. Para financiar esta garantia, seria conveniente reorientar os Fundos Estruturais Europeus e mobilizar o Banco Europeu de Investimentos

·         Enfrentar as diferenças de competitividade entre os países da zona do euro. Isto oferece novas oportunidades de diálogo social a fim de garantir que: i) os salários cresçam no mesmo ritmo que a produtividade nas economias mais fortes; ii) que a moderação da renda nas economias em déficit seja compensada por políticas dirigidas a reforçar as bases industriais; iii) prevenir uma espiral descendente nos salários e nos direitos dos trabalhadores.

“Dadas as diferentes posições dos países não será fácil chegar a um acordo sobre uma estratégia concertada. No entanto, sem uma rápida mudança política dirigida a recobrar a confiança e o apoio dos trabalhadores e das empresas, será difícil implementar as reformas necessárias para redirecionar a zona do euro a um caminho de estabilidade e crescimento”, disse Raymond Torres, diretor do Instituto de Estudos Laborais da OIT e principal autor do relatório.

Fonte: OIT

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