Wátila José dos
Santos, 29, vive e trabalha no Assentamento Colônia I, localizado em Padre
Bernardo, a 80 quilômetros de Brasília. Filho de assentados da reforma agrária,
o jovem agricultor aprendeu com os pais a cultivar a terra e viu o assentamento
passar por momentos difíceis antes de se transformar em uma propriedade que
hoje é considerada modelo por aliar o desenvolvimento econômico à conservação
do bioma Cerrado.
O assentamento foi
criado em 1996, mas demorou a se desenvolver. Naquela época, ainda com pouco
conhecimento agrícola e dificuldades iniciais de produção, muitas famílias não
souberam aproveitar o solo corretamente e provocaram o desmatamento de parte da
área.
Mudança para a
sustentabilidade
A partir de 2000, com
o apoio do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS) e recursos do
Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), operacionalizado por meio do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os agricultores começaram a
reorganizar a produção no assentamento de forma sustentável. Em parceria com a
Universidade de Brasília, eles receberam treinamento em sistemas
agroflorestais, permacultura, adubação orgânica e manejo de recursos hídricos.
Como resultado, começaram a transição para o modelo de produção orgânico, mais
complexo e sustentável, e que agrega valor aos produtos.
A produção de
alimentos orgânicos a partir de vegetais e espécies nativas do Cerrado ofereceu
uma alternativa sustentável ao desmatamento, evitando a poluição proveniente de
fertilizantes e pesticidas, bem como seus efeitos negativos. O uso de melhores
técnicas de manejo do solo e dos recursos hídricos, adaptadas às condições
ambientais locais, têm melhorado significativamente as condições do solo,
reduzido sua degradação e melhorado a gestão da água.
Assim, a história do
assentamento mudou de rumo. Motivados pelo conhecimento adquirido e pelo
sucesso das práticas implementadas, agricultores e seus filhos, como Santos,
transformaram o local em um modelo produtivo capaz de gerar renda e oferecer
melhor qualidade de vida às famílias, preservando o meio ambiente e conservando
a biodiversidade.
“A comunidade
aprendeu a importância da preservação do Cerrado e do desenvolvimento
sustentável, praticando a agroecologia. Hoje, graças ao apoio do Projeto, 80%
da área do assentamento são protegidos e o resto é usado conscientemente para
que a mãe natureza possa retomar o seu ciclo normal”, explica Santos, que
recebe visitas regulares de grupos interessados em conhecer as particularidades
do bioma e a experiência exitosa dos agricultores.
Referência na
conservação da biodiversidade do Cerrado
Também fazem parte da
cooperativa o grupo de mulheres Sabor do Cerrado, formado por 12 agricultoras
que trabalham no preparo de alimentos a partir dos frutos e produtos do bioma,
como baru, babaçu, pequi, jatobá, murici, gabiroba, araticum e outros. Elas
fazem sucos, sorvetes e produtos artesanais que são vendidos em feiras, além de
oferecer os produtos em eventos realizados em Brasília e arredores. O Sabor do
Cerrado também recebeu apoio do PPP-Ecos na capacitação das mulheres para
reforçar a comercialização dos produtos.
Hoje, o Assentamento
Colônia I é referência em termos de sustentabilidade e conservação da
biodiversidade, tendo não apenas preservado o Cerrado, como promovido o
empoderamento dos seus moradores, melhorando suas condições socioeconômicas.
Fonte: ONU
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