Aécio e
Dilma pedem votos ao lado da Força Sindical e da CUT, respectivamente. Eduardo
Campos, por sua vez, apresentará o programa de governo aos trabalhadores na
semana que vem
Depois do
tête-à-tête com o capital (Confederação Nacional da Indústria e Confederação
Nacional da Agricultura), chegou a hora da caminhada ao lado do trabalho. A
presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves
(MG), abriram espaço ontem para agendas com as duas maiores centrais sindicais:
CUT e Força Sindical. Mais do que atos
de campanha, ambos estão de olho em um universo que envolve 8,1 milhões de
trabalhadores espalhados em 10 mil sindicatos e que movimentou, até junho deste
ano, R$ 162 milhões em cinco das seis maiores centrais do país.
Neste
seleto grupo, CUT, Força Sindical e a Central
Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) escolheram um lado, embora em algumas
delas haja dissidências. A CUT defendeu, em plenário, a reeleição de Dilma. A
Força Sindical declarou apoio ao tucano Aécio Neves (PSDB) e a CGTB está ao
lado de Eduardo Campos (PSB).
Apesar das
divergências, a pauta das centrais é praticamente coincidente e reforça-se
diante de um cenário de economia com crescimento fraco e inflação batendo o
teto da meta: manutenção da política de
reajuste do salário mínimo; ganhos salariais reais acima da inflação; redução
da jornada de trabalho, sem redução salarial; cuidados para que os debates
sobre terceirização não precarizem as relações trabalhistas e duas convenções
internacionais sobre o setor.
Embora a proximidade clássica com o PT, o movimento
sindical viveu momentos de distúrbio nas relações durante o mandato de Dilma.
Além das diferenças nítidas no trato pessoal, se comparada à postura do
ex-presidente Lula, a pauta de reivindicações não foi totalmente atendida,
especialmente no tocante aos reajustes para o funcionalismo público.
“Sabemos que alguns pontos de nossa
pauta não foram atendidos. Mas a presidente jamais se recusou a nos receber”,
defendeu o presidente da CUT, Vagner Freitas.
Ontem,
pela segunda vez em uma semana, a petista compareceu a um evento da maior
central brasileira, que contou com a presença de outras entidades sindicais que
declararam apoio à reeleição da presidente. “Não fui eleita em 2010 para
arrochar salário, desempregar e tirar direito do trabalhador. Não vim pra isso.
Tenho um lado. Meu lado é o do trabalhador, das trabalhadoras”, relembrando
que, enquanto a crise internacional provocou o desemprego, o governo petista
abriu 11,5 mil postos de trabalho. E completou: “Valorização do salário,
emprego e direitos trabalhistas são os 3 pilares desse governo”.
Campanha
Pela
manhã, pouco depois do raiar do dia, o tucano Aécio Neves, ao lado do
presidente do Solidariedade (SDD) e ex-presidente da Força Sindical, deputado
Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho, fez campanha em frente da porta da
fábrica de máquinas e equipamentos Voith, no bairro do Jaraguá, Zona Norte da
capital paulista. E provocou a presidente, que se encontrou no início da noite
com outros sindicalistas, inclusive integrantes da Força Sindical. “Recomendo
que a presidente vá para a rua fazer campanha e perceber qual é sentimento do
brasileiro hoje”, disse Aécio.
Paulinho
afirmou que Aécio não teme o contato com as pessoas. “Estamos aqui para mostrar
que o Aécio vem para a rua porque tem a cara limpa e não tem medo de olhar no
olho do trabalhador, enquanto ela faz campanha em ambientes fechados”, criticou
o deputado-sindicalista.
Coordenador-adjunto
de mobilização da campanha de Eduardo Campos, Pedro Ivo Batista admite que a
CGTB está apoiando o socialista, mas disse que a intenção é “ouvir as demandas
das centrais”, mas conversar individualmente sobre apoios junto aos
sindicalistas. “No nosso projeto, as centrais devem ter independência de
governos”, defendeu Pedro Ivo. Na semana que vem, os socialistas apresentarão o
programa de governo e um dos itens que será mostrado são as propostas de
Eduardo e Marina Silva para os trabalhadores.
Pedro Ivo
criticou o atual modelo de coalizão governista, no qual os apoios são trocados
por cargos no Executivo, algo que aconteceu inclusive em relação às centrais
sindicais. Ele negou que essa “independência” em relação às instituições
sindicais tenha sido traumática para o PSB. “Foi uma construção conjunta entre
Eduardo e Marina”, completou.
Ibope
Pesquisa Ibope divulgada ontem mostrou um quadro de
estabilidade na corrida presidencial em primeiro turno. No segundo turno,
contudo, o candidato do PSDB, Aécio Neves, teve um aumento nos índices de
intenção de voto e tornou mais acirrada a disputa com Dilma Rousseff (PT). Em
relação à pesquisa anterior, Dilma passou de 41% para 42%, dentro da margem de
erro, enquanto o tucano subiu de 32% para 36%. Na comparação com Eduardo Campos
(PSB), Dilma saltou de 41% para 44% e o socialista, de 29% para 32%.
Principais
demandas
Confira o
que o movimento sindical pede aos presidenciáveis
» Manutenção da política de reajuste do salário
mínimo
» Garantia de uma política de ganhos salariais
reais acima da inflação
» Redução da jornada de trabalho para 40 horas
semanais, sem redução de salário
» Compromisso de que o debate sobre
terceirização não vai precarizar as relações trabalhistas
» Regulamentação de duas convenções da OIT: a
151, que prevê o direito de sindicalização e as relações de trabalho na
administração pública, e a 158, que impede as demissões sem justa causa
Número de trabalhadores sindicalizados
8,1 milhões em 10,2 mil sindicatos
As seis maiores centrais sindicais
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Filiados: 2,79 milhões
Força Sindical
Filiados: 1,02 milhão
União Geral dos Trabalhadores (UGT)
Filiados: 967,4 mil
Central dos Trabalhadores
e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Filiados: 756,9 mil
Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
Filiados: 650,2 mil
Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB)
Filiados: 231,7 mil
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2014/08/08/interna_politica,521284/foco-das-eleicoes-se-volta-para-as-centrais-sindicais.shtml
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