Stuart Hall
(Kingston, 3 de fevereiro de 1932 — Londres, 10 de fevereiro de 2014) foi um
teórico cultural jamaicano que atuou
no Reino Unido. Ele contribuiu com obras chave para os estudos da cultura e dos meios de comunicação, assim como para o debate
político.
Carreira
Em 1951 Hall
mudou-se para Bristol, aonde viveu antes de ir para Oxford. Ele estudou como um
bolsista Rhodes no Merton College, na Universidade de Oxford, onde obteve o seu mestrado (M.A.) Trabalhou na Universidade
de Birmingham e tornou-se o personagem principal do Birmingham Center for Cultural Studies. Entre 1979 e 1997, Hall foi
professor na Open University.
Nos anos
1950, após ter trabalhado na Universities
and Left Review, Hall juntou-se a E.
P. Thompson, Raymond Williams e outros para fundar a revista New Left Review – na esteira da
invasão soviética da Hungria em 1956 (que fez com que muitos membros do partido
comunista da Inglaterra se desfiliassem e procurassem alternativas à ortodoxia
soviética). Sua carreira deslanchou após co-autorar com Paddy Whannel “The popular arts” em 1964. O convite feito por
Richard Hoggart para que Hall entrasse no Birmingham
Center for Cultural Studies foi um resultado direto dessa publicação.
Em 1968 Hall
tornou-se o diretor dessa unidade situada na Universidade de Birmingham. Ele
escreveu muitos artigos influentes nos anos que seguiram, incluindo: Situating Marx: Evaluations and Departures
(1972), Encoding and Decoding in the
Television Discourse (1973). Ele contribuiu também para o livro Policing the Crisis (1978).
Após ser
nomeado professor de sociologia na Open
University em 1979, Hall publicou uma série de livros influentes,
incluindo: The Hard Road to Renewal (1988),
Resistance Through Rituals (1989), The Formation of Modernity (1992), Questions of Cultural Identity (1996) e Cultural Representations and Signifying
Practices (1997). Em 1997, Hall aposentou-se da Open University.
Ideias
O trabalho
de Hall é centrado principalmente nas
questões de hegemonia e de estudos culturais, a partir de uma posição
pós-gramsciana. Hall concebe o uso
da linguagem como determinado por uma moldura de poder, instituição, política e
economia. Essa visão apresenta as
pessoas como “produtoras” e “consumidoras” de cultura ao mesmo tempo. (A
hegemonia na concepção de Gramsci refere-se à produção de consenso e não ao
recurso exclusivo à coerção).
Hall
tornou-se um dos principais advogados da
teoria da recepção. Esse ramo da análise
textual dá atenção à possibilidade de negociação e de oposição por parte da
audiência no processo de recepção de um texto (compreendido como não apenas
escrito, mas oral e visual). Isso significa que a audiência não é apenas uma receptora passiva de um texto. Sua
recepção é um processo ativo, onde há negociação em torno da significação. O
significado depende do contexto cultural da pessoa, fator que pode explicar
porque alguns aceitam uma forma de leitura de um texto que outros rejeitam.
Hall desenvolveu
ainda mais essas ideias à frente em sua carreira, com seu modelo de
codagem/decodagem do discurso midiático. Segundo esse modelo, o significado de um texto situa-se em algum
lugar entre o produtor e o leitor. Embora
o produtor codifique seu texto de uma forma particular, o leitor irá
decodificá-lo de uma maneira levemente diferente – o que Hall chama de “margem
de entendimento”.
Seus
trabalhos, como os estudos sobre
preconceito racial e mídia, são considerados muito influentes e fundadores dos
contemporâneos estudos culturais.
Hall
mantinha uma influência sobre o Partido Trabalhista do Reino Unido, embora o
próprio recusa-se a associação e escreveu muitos artigos para a revista teórica
do partido comunista da Inglaterra, “Marxismo Hoje”, nos quais contestou visões
clássicas da esquerda sobre o mercado e o conservadorismo político. Seu
discurso teve um impacto profundo no Partido Trabalhista sob Neil Kinnock e
Tony Blair, especialmente porque boa parte daqueles em volta dos dois líderes
chegaram à maturidade política quando do auge do “Marxismo Hoje”. Contudo, Hall
viu-se a si mesmo como mais distanciado do Partido Trabalhista do que nunca e
telespectadores britânicos conhecem-no por seus comentários sensatos sobre as
questões que se colocam, no país envolvendo uma sociedade acentuadamente
multi-cultural. Hall apresentou o programa “Politicamente correto” na CNBC e
embora menos conhecido na América Latina, Hall foi muito respeitado na Europa e
na América do Norte.
Bibliografia
Hall, Stuart. "Cultural Studies: two
paradigms" in Media, Culture and Society 2, 1980, 57-72.
Hall, Stuart. Representation: Cultural Representations
and Signifying Practices, 1997.
Hall, Stuart. Encoding and Decoding in the
Television Discourse, 1973.
Hall, Stuart. "Notes on Deconstructing
the Popular" in People's History and Socialist Theory, London: Routledge,
1981, 227-49.
Fonte: Wikipédia
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