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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Prefeito de Curitiba diz que greve pode ter sido motivada por locaute

Locaute é quando patrões forçam a paralisação; greve está no terceiro dia.
Segundo Gustavo Fruet (PDT), tarifa do usuário pode passar de R$ 3.
O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), afirmou nesta quarta-feira (28) que a greve dos motoristas e cobradores de ônibus pode ter sido motivada por locaute, que é quando patrões forçam a paralisação, impedindo os funcionários de trabalhar. “(...) que o sistema que movimenta R$ 1 bilhão em um ano paralise porque não houve o pagamento de R$ 5 milhões. Tem algo muito maior em jogo, ou algum tipo de pressão, ou alguma tentativa de locaute para estabelecer uma pressão e paralisar serviço público”, disse.
Iniciada há três dias devido a atrasos referentes ao pagamento do adiantamento quinzenal, conhecido como "vale", a greve atinge cerca de dois milhões de usuários do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana.
Na manhã desta quarta, segundo a Urbanização de Curitiba (Urbs), autarquia que coordena o sistema de ônibus na cidade, os motoristas e cobradores cumpriram a determinação judicial de colocar 80% da frota nas ruas. Porém, à tarde, o número de ônibus diminuiu: às 17h, estava circulando, de acordo com a prefeitura, 75% da frota. Em muitos terminais, os passageiros reclamaram da demora e da falta de ônibus de algumas linhas.
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) negou que tenha havido locaute por parte das filiadas.

“Pelo contrário, o Setransp orientou todas as concessionárias para cumprir rigorosamente o que determinou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), colocando 100% da frota à disposição, conforme ofício endereçado à Urbanização de Curitiba (Urbs). Além disso, o sindicato tem farta documentação que comprova o empenho e o compromisso das empresas de prestar o serviço à população durante a greve”, diz um trecho da nota.
Novo valor da tarifa
Gustavo Fruet também disse que a prefeitura e o governo estadual não têm como bancar a diferença entre a tarifa paga pelo usuário e o preço por passageiro cobrado pelas empresas de ônibus, a chamada tarifa técnica. Conforme o prefeito, os empresários já anunciaram o aumento dessa tarifa paga a eles – de R$ 3,18 para R$ 3,60 ou até R$ 3,80.
Se nada for feito e for mantida a situação atual, pra ser objetivo, a prefeitura teria que arrumar neste ano mais R$ 80 milhões, isso é equivalente a 49 novas creches. Essa é a decisão que tem que ser tomada agora”, enfatizou.
Sem garantia de que o governo do estado vai pagar o subsídio do transporte, a tarifa de ônibus para os passageiros vai subir, e o anúncio já pode ser feito na sexta-feira (30). Questionado se a tarifa pode passar de R$ 3, o prefeito respondeu que “é bem provável”. Atuamente, o valor pago pelo usuário é de R$ 2,85.
Além disso, a tarifa única pode acabar. Dependendo das negociações com o governo do estado, os ônibus da capital podem ter um preço de passagem, e os que levam às cidades da Região Metropolitana  outro. “Talvez nesse momento o estado, pela constituição, assume (sic) o valor das tarifas e o subsídio nas linhas intermunicipais, e Curitiba assume as linhas municipais".
Em relação à tarifa técnica, o Setransp informou que solicitou ao Ministério Público Estadual (MPE), em outubro de 2014, o acompanhamento do cálculo do novo valor, para que o processo tenha total transparência.
Greve
Cerca de 12 mil motoristas e cobradores paralisaram as atividades na madrugada de segunda-feira (26), quando nenhum ônibus circulou ao longo do dia.
As empresas que atendem a Região Metropolitana alegam que estão, desde o início de janeiro, sem receber o dinheiro das passagens de ônibus. A Urbs, por sua vez, joga a culpa no governo do estado que, por meio da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), deveria repassar parte do subsídio que mantém a Rede Integrada de Transporte (RIT). O montante devido já chega a R$ 16,5 milhões, segundo a autarquia.
Em audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) na terça-feira (27), o desembargador Luiz Eduardo Gunther determinou a volta imediata de 80% da frota às ruas. A audiência reuniu representantes do Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), do Setransp, da Comec e da Urbs.
O acordo foi possível porque, durante a audiência, a Comec se comprometeu a quitar pelo menos R$ 5 milhões da dívida até quinta-feira (29). A partir de então, as empresas devem depositar os salários atrasados para os motoristas e cobradores. Após o pagamento, a frota deve voltar completamente às ruas. No segundo da greve, apenas no início da noite, após a audiência, que alguns ônibus voltaram a rodar.
Impasse
A Prefeitura de Curitiba e a Urbs rejeitaram, no dia 12 de janeiro, a proposta do governo estadual para renovar o convênio de subsídio das outras 13 cidades que participam da Rede Integrada de Transporte (RIT). O governo se comprometeu a pagar R$ 2,3 milhões mensais para a manutenção do acordo. Um dos problemas é que até dezembro de 2014, a prefeitura recebia R$ 7,5 milhões por mês referentes ao subsídio do transporte metropolitano.
De acordo com o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Júnior, há inconsistências de ordem administrativa, jurídica e financeira na proposta apresentada pela Comec. À época, ele também ressaltou a dívida que restou do último convênio, encerrado em dezembro de 2014 Segundo o presidente, o montante acumulou R$ 16,5 milhões.
A redução do subsídio oferecida pela Comec à Prefeitura de Curitiba levou em conta uma pesquisa de deslocamento de usuários, conduzida a pedido do governo do estado. A pesquisa apontou que o custo da integração metropolitana equivale a 27,82% do total de toda a RIT, incluindo os ônibus que circulam apenas na capital paranaense.
Para a Urbs, a pesquisa apresentada possui falhas estruturais. “Cada vez que o usuário passa na catraca, isso é acompanhado ao longo de todos os dias. Nós temos o número de pessoas que utilizam o transporte coletivo”, disse o presidente da autarquia. Ele critica o fato de que a pesquisa não separa, para fins de cálculo do subsídio, as áreas do transporte de Curitiba em relação ao transporte metropolitano.
Já o diretor de transportes da Comec, André Fialho, disse que o governo do estado tem interesse em manter o convênio do subsídio. Em relação às divergências, embora não tivesse sido formalmente informado da rejeição da prefeitura, afirmou que deverá haver rodadas de negociação. "O estado deverá se reunir novamente. Não fizemos isso em dezembro porque houve uma mudança de secretários", pontuou.
Na época, André Fialho afirmou que o governo do estado tinha interesse em manter o convênio do subsídio. Para ele, a principal divergência está na forma de cálculo do subsídio: enquanto a Urbs se baseia nos números das catracas, o estado quer pagar apenas pelo custo total do transporte, que seria inferior ao aferido pela autarquia municipal. Ainda segundo o diretor de transportes da Comec, a Prefeitura de Curitiba já recebeu quase R$ 200 milhões do governo do estado.

Fonte: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/01/prefeito-de-curitiba-diz-que-greve-pode-ter-sido-motivada-por-locaute.html

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