Mudança do
teto salarial promovida pelo aumento dos ministros
do STF para R$ 33,7 mil elevará remunerações nos Três Poderes. Gasto maior
com servidor pode comprometer ajuste fiscal proposto pela equipe econômica
Os aumentos
salariais concedidos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao
procurador-geral da República, sancionado hoje pela presidente Dilma Rousseff,
terão impacto imediato na folha de pagamento da União, de estados e municípios.
Isso porque a remuneração de magistrados do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
dos Tribunais Regionais Federais, dos Juizados Federais e dos demais procuradores
federais é atrelada à dos juízes da mais alta Corte do país e do chefe do
Ministério Público Federal.
Além disso, membros do MP e da magistratura estadual
têm os vencimentos que correspondem a até 90,25% dos contracheques das
carreiras federais e terão revisão automática dos subsídios. O processo de
reajustes dos salários também já começou nas assembleias legislativas estaduais
após o Congresso Nacional aprovar o aumento para os parlamentares. Deputados
estaduais de Goiás, de Pernambuco, da Bahia e do Amapá já votaram
favoravelmente aos projetos que engordam a remuneração.
Na Bahia e
em Goiás, os governadores também terão um salário maior em 2015. Na esfera
federal, pelo menos 7.626 servidores do Executivo e do Legislativo que têm
descontos nos contracheques por receberem valor superior ao teto constitucional
terão direito a um novo limite. O número de pessoas que se beneficiará pode ser
maior porque o Judiciário não tem uma estimativa de quantos funcionários têm o
abatimento no cálculo da remuneração. Na
prática, os vencimentos que hoje não podem ultrapassar os R$ 29,4 mil e
chegarão a R$ 33,7 mil.
O Ministério
do Planejamento estima que 4.865 servidores ativos, aposentados e pensionistas
engordarão os contracheques. Esses trabalhadores estão lotados no Executivo, em
empresas públicas e sociedades de economia mista dependentes da União e no
Corpo de Bombeiros, na Polícia Civil e na Polícia Militar do Distrito Federal -
os três últimos pagos com recursos federais. Na Câmara dos Deputados, no Senado
e no Tribunal de Contas da União, 2.761 servidores terão aumento salarial.
Dilma também autorizou a criação de uma
gratificação para juízes que acumulam funções de outras jurisdições. Esse benefício pode engordar em até um terço as verbas mensais dos
magistrados que substituírem colegas em férias ou atuarem em mais de uma Corte.
Levantamento
realizado pelo Correio na folha de pagamento dos servidores do STF aponta que
pelo menos oito aposentados terão direito a um salário maior. No Judiciário e
no Ministério Público da União (MPU), o lobby dos servidores para que também
sejam contemplados com reajustes nos contracheques conta com a simpatia do
presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski. O Sindjus, entidade que
representa as duas categorias, se organiza para pressionar o governo por
remunerações maiores.
Definições
sobre os reajustes no funcionalismo são fundamentais para o cumprimento das
novas metas fiscais apresentadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Um
aumento nas despesas com pessoal pode comprometer a expectativa de que seja
feita economia de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo e no terceiro
anos do governo Dilma.
Bolso cheio
Confira os
salários das principais autoridades brasileiras em 2015
Cargos
Remuneração (Em R$)
Presidente
da República 30.934,70
Vice-presidente
da República 30.934,70
Ministros de
Estado 30.934,70
Parlamentares
33.763,00
Procurador-geral
da República 33.763,00
Ministros do
STF 33.763,00
Ministros do
STJ 32.074,85*
Juiz do TRF
30.471,10*
Juiz federal
28.934,89*
Juiz federal
substituto 27.483,10*
(*) Valores
aproximados - Fonte: DOU e CJF
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