Locaute é
quando patrões forçam a paralisação;
greve está no terceiro dia.
Segundo
Gustavo Fruet (PDT), tarifa do usuário
pode passar de R$ 3.
O prefeito
de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), afirmou nesta quarta-feira (28) que a greve dos motoristas e cobradores de
ônibus pode ter sido motivada por locaute, que é quando patrões forçam a
paralisação, impedindo os funcionários de trabalhar. “(...) que o sistema que
movimenta R$ 1 bilhão em um ano paralise porque não houve o pagamento de R$ 5
milhões. Tem algo muito maior em jogo, ou algum tipo de pressão, ou alguma
tentativa de locaute para estabelecer uma pressão e paralisar serviço público”,
disse.
Iniciada há
três dias devido a atrasos referentes ao pagamento do adiantamento quinzenal,
conhecido como "vale", a greve
atinge cerca de dois milhões de usuários do transporte coletivo de Curitiba e
Região Metropolitana.
Na manhã
desta quarta, segundo a Urbanização de Curitiba (Urbs), autarquia que coordena
o sistema de ônibus na cidade, os
motoristas e cobradores cumpriram a determinação judicial de colocar 80% da
frota nas ruas. Porém, à tarde, o número de ônibus diminuiu: às 17h, estava
circulando, de acordo com a prefeitura, 75% da frota. Em muitos terminais, os
passageiros reclamaram da demora e da falta de ônibus de algumas linhas.
Por meio de
nota, o Sindicato das Empresas de Ônibus
de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) negou que tenha havido locaute
por parte das filiadas.
“Pelo
contrário, o Setransp orientou todas as concessionárias para cumprir
rigorosamente o que determinou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), colocando
100% da frota à disposição, conforme ofício endereçado à Urbanização de
Curitiba (Urbs). Além disso, o sindicato tem farta documentação que comprova o
empenho e o compromisso das empresas de prestar o serviço à população durante a
greve”, diz um trecho da nota.
Novo valor
da tarifa
Gustavo
Fruet também disse que a prefeitura e o
governo estadual não têm como bancar a diferença entre a tarifa paga pelo
usuário e o preço por passageiro cobrado pelas empresas de ônibus, a chamada
tarifa técnica. Conforme o prefeito, os empresários já anunciaram o aumento dessa tarifa paga a eles – de R$
3,18 para R$ 3,60 ou até R$ 3,80.
“Se nada for feito e for mantida a situação
atual, pra ser objetivo, a prefeitura teria que arrumar neste ano mais R$ 80
milhões, isso é equivalente a 49 novas creches. Essa é a decisão que tem que
ser tomada agora”, enfatizou.
Sem garantia de que o governo do estado vai pagar
o subsídio do transporte, a tarifa de ônibus para os passageiros vai subir, e o
anúncio já pode ser feito na sexta-feira (30). Questionado
se a tarifa pode passar de R$ 3, o prefeito respondeu que “é bem provável”.
Atuamente, o valor pago pelo usuário é de R$ 2,85.
Além disso, a tarifa única pode acabar. Dependendo das
negociações com o governo do estado, os ônibus da capital podem ter um preço de
passagem, e os que levam às cidades da Região Metropolitana outro. “Talvez nesse momento o estado, pela
constituição, assume (sic) o valor das tarifas e o subsídio nas linhas
intermunicipais, e Curitiba assume as linhas municipais".
Em relação à
tarifa técnica, o Setransp informou que solicitou ao Ministério Público
Estadual (MPE), em outubro de 2014, o acompanhamento do cálculo do novo valor,
para que o processo tenha total transparência.
Greve
Cerca de 12
mil motoristas e cobradores paralisaram as atividades na madrugada de
segunda-feira (26), quando nenhum ônibus circulou ao longo do dia.
As empresas
que atendem a Região Metropolitana alegam que estão, desde o início de janeiro,
sem receber o dinheiro das passagens de ônibus. A Urbs, por sua vez, joga a
culpa no governo do estado que, por meio da Coordenação da Região Metropolitana
de Curitiba (Comec), deveria repassar parte do subsídio que mantém a Rede
Integrada de Transporte (RIT). O montante devido já chega a R$ 16,5 milhões,
segundo a autarquia.
Em audiência
de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) na
terça-feira (27), o desembargador Luiz Eduardo Gunther determinou a volta
imediata de 80% da frota às ruas. A audiência reuniu representantes do
Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região
Metropolitana (Sindimoc), do Setransp, da Comec e da Urbs.
O acordo foi possível porque, durante a
audiência, a Comec se comprometeu a quitar pelo menos R$ 5 milhões da dívida
até quinta-feira (29). A partir de então, as empresas devem depositar os
salários atrasados para os motoristas e cobradores. Após o pagamento, a frota
deve voltar completamente às ruas. No segundo da greve, apenas no início da
noite, após a audiência, que alguns ônibus voltaram a rodar.
Impasse
A Prefeitura
de Curitiba e a Urbs rejeitaram, no dia 12 de janeiro, a proposta do governo
estadual para renovar o convênio de subsídio das outras 13 cidades que
participam da Rede Integrada de Transporte (RIT). O governo se comprometeu a
pagar R$ 2,3 milhões mensais para a manutenção do acordo. Um dos problemas é
que até dezembro de 2014, a prefeitura recebia R$ 7,5 milhões por mês
referentes ao subsídio do transporte metropolitano.
De acordo
com o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Júnior, há inconsistências
de ordem administrativa, jurídica e financeira na proposta apresentada pela
Comec. À época, ele também ressaltou a
dívida que restou do último convênio, encerrado em dezembro de 2014 Segundo o
presidente, o montante acumulou R$ 16,5 milhões.
A redução do
subsídio oferecida pela Comec à Prefeitura de Curitiba levou em conta uma
pesquisa de deslocamento de usuários, conduzida a pedido do governo do estado.
A pesquisa apontou que o custo da integração metropolitana equivale a 27,82% do
total de toda a RIT, incluindo os ônibus que circulam apenas na capital
paranaense.
Para a Urbs,
a pesquisa apresentada possui falhas estruturais. “Cada vez que o usuário passa
na catraca, isso é acompanhado ao longo de todos os dias. Nós temos o número de
pessoas que utilizam o transporte coletivo”, disse o presidente da autarquia.
Ele critica o fato de que a pesquisa não separa, para fins de cálculo do
subsídio, as áreas do transporte de Curitiba em relação ao transporte
metropolitano.
Já o diretor
de transportes da Comec, André Fialho, disse que o governo do estado tem
interesse em manter o convênio do subsídio. Em relação às divergências, embora
não tivesse sido formalmente informado da rejeição da prefeitura, afirmou que
deverá haver rodadas de negociação. "O estado deverá se reunir novamente.
Não fizemos isso em dezembro porque houve uma mudança de secretários",
pontuou.
Na época,
André Fialho afirmou que o governo do estado tinha interesse em manter o
convênio do subsídio. Para ele, a principal divergência está na forma de
cálculo do subsídio: enquanto a Urbs se baseia nos números das catracas, o
estado quer pagar apenas pelo custo total do transporte, que seria inferior ao
aferido pela autarquia municipal. Ainda segundo o diretor de transportes da
Comec, a Prefeitura de Curitiba já
recebeu quase R$ 200 milhões do governo do estado.
Fonte:
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/01/prefeito-de-curitiba-diz-que-greve-pode-ter-sido-motivada-por-locaute.html
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