Um latino-americano produz em média entre um e 14
quilos de lixo por dia. Se fosse separado na fonte, aproximadamente 90% poderia
ser reconvertido em combustível ou reciclado.
Uma das
chaves para que milhões de pessoas na América Latina tenham um trabalho mais
digno pode resumir-se em um ato tão simples como separar o lixo “reciclável” do
“não-reciclável”.
Em todo o mundo cerca de 15 milhões de pessoas
ganham a vida recuperando material reciclável no lixo. Destes, 4 milhões estão na América Latina, onde
pelo menos 75% trabalham de forma insalubre, procurando em montanhas de lixo
algo para vender. O denominador comum entre eles é as condições desumanas
em que trabalham e vivem esses recuperadores informais.
Para o
especialista em desenvolvimento social do Banco Mundial, Ricardo Schusterman, além das condições insalubres, há outros
problemas relacionados a uma longa cadeia de intermediários, que resultam em
exploração e crime.
A promoção de empregos alternativos, que
envolva ou não o manuseio de resíduos sólidos, em combinação com programas de
apoio social aparece como uma solução para evitar a exclusão social. Uma opção
é conceber os recuperadores como empresários.
Na região
existe um grande potencial econômico para desenvolver empresas que se dediquem
à reciclagem. Um latino-americano produz em média entre um e 14 quilos de lixo
por dia. Se fosse separado na fonte -ou seja, nas próprias casas onde os
resíduos são descartados, aproximadamente 90% poderia ser reconvertido em
combustível ou reciclado.
Exército
Verde
“Os recuperadores são um exército verde,
porque trabalham pelo planeta sem saber. Criaram um negócio onde o resto viu
desperdício”, explica Albina Ruiz, que se define como lixóloga e atualmente
preside a Cidade Saudável, uma associação que busca uma mudança de atitude em
relação ao problema do lixo sólido e que
treinou e formalizou mais de 11.500 catadores no Peru.
Para
reverter esse quadro, em toda a América Latina surgiram associações e
cooperativas na busca de condições dignas de trabalho e de maior rentabilidade,
seja por meio da coleta porta a porta ou em fábricas de separação.
De acordo
com especialistas, existem aspectos
centrais para melhorar a vida dos recuperadores. Um deles é a separação na
origem que facilita a vida dos recicladores.
Tanto o Peru
quanto o Brasil têm leis explícitas que exigem a inclusão social dos
trabalhadores informais, como parte da modernização dos sistemas de resíduos
sólidos. Outros países da região, como a Colômbia, apresentam projetos de lei
em tramitação.
Fonte: ONU
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