A mais grave
crise de abastecimento de água potável no estado de São Paulo e principalmente na
Região Metropolitana, ainda não foi tratada com realismo por parte da mídia e
das autoridades.
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Até agora o
que se viu e ouviu sobre o nível dos reservatórios, não retrata a verdadeira
“guerra civil” que se aproxima nos meses seguintes, garantem especialistas.
Desde o
segundo semestre de 2013, a irregularidade de precipitação atrelada ao consumo
excessivo, à péssima malha de distribuição de água e a falta de investimento
por parte do governo levou a uma redução muito drástica do nível dos principais
reservatórios que abastecem as regiões de Campinas, Itu e São Paulo.
O maior
destaque dado pela mídia, o Sistema Cantareira, que já não possui mais
capacidade natural de armazenamento de água, está agonizando com sua segunda
reserva técnica sendo retirada e com data para acabar.
Nesta
segunda-feira (05), o nível de armazenamento do conjunto de represas do
Cantareira atingiu apenas 7% da capacidade máxima, levando-se em consideração a
segunda cota do “volume morto”. Em maio de 2014 foram acrescidos 182,5 bilhões
de litros de água da reserva técnica e que já estão acabando.
O governo do
estado de São Paulo, que expôs ao mundo a falta de gerenciamento para com o bem
mais importante que existe para a sobrevivência de qualquer espécie, segue a
linha de raciocínio acreditando sempre que dias melhores virão e que a água da
chuva voltará a encher os reservatórios e que ao final tudo acabará bem
novamente.
A visão é
duramente criticada por geólogos, hidrólogos e pesquisadores ligados ao campo
hídrico, econômico, ambiental e político.
De acordo
com Pedro Côrtes, geólogo e professor de gestão ambiental da Universidade de
São Paulo (USP), a situação vivida pela população ao longo do ano de 2014 ainda
não foi dramática.
“Estamos no
começo da crise. O pior ainda não aconteceu”, acrescentou o pesquisador.
O déficit de
precipitação de mais de mil milímetros atrelado ao esquecimento no investimento
por parte do governo deve gerar ao longo de 2015, marcas jamais vividas na
história recente de qualquer cidadão brasileiro, garantem os pesquisadores.
Dados do
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) mostraram que ao longo de 2013, a precipitação
acumulada, principalmente entre a Região Metropolitana de São Paulo e o
nordeste do estado, na divisa com Minas Gerais, onde estão as seis represas do
Sistema Cantareira, oscilou entre 1.300 e 1.500 milímetros. Já em 2014, o
acumulado variou em média entre 900 e 1.100 milímetros. Algumas estações não
computaram nem 700 milímetros de chuva ao longo de todo o ano.
Cenários
largamente mais preocupantes que a crise hídrica e energética (ano de
racionamento de energia elétrica e de água potável) adotado pelos governos
entre 2001 e 2002, quando choveu de forma bem mais distribuída que agora em
2013 e 2014.
Se somadas
as deficiências de precipitação dos últimos cinco anos, a região encontra-se
mais de necessária, precisando de ao mínimo, mil milímetros de precipitação.
A cidade de São Paulo, principalmente, deve entrar
em colapso total até o final de 2015, onde moradores não terão água para beber,
indústrias promoverão a demissão em massa, pela falta de água na produção das
mercadorias e a migração de famílias inteiras para outras regiões será única e
exclusivamente em função da inexistência de água. Esse é o cenário mais
otimista alertado com muita antecedência pelos pesquisadores.
O comércio,
a indústria e os moradores residentes em São Paulo, bem como a área
metropolitana, sentirão não apenas no bolso, mas no método de sobrevivência,
tamanha ingerência política.
Os
pesquisadores, que já haviam indicado a possibilidade ainda em 2013, agora
cravam a certeza de que teremos um êxodo
urbano, ou seja, a população migrando da cidade grande para o interior devido,
exclusivamente, à falta de água potável para a sua sobrevivência e também pela
demissão em massa e a crise econômica que ela irá alavancar.
A mídia e o
governo não mostraram ainda a gravidade que se aproxima com a extinção da água
potável dos principais reservatórios, o que não significa que em anos
seguintes, o armazenamento não seja recuperado. Cabe a população agilizar suas
tarefas e gerir a pouca água que resta. Mesmo que chova o dobro do que foi
perdido nos últimos dois anos, as represas demorariam, pelo menos cinco anos,
para recompor o que foi perdido.
São Paulo
está à beira do colapso, mas como sempre, acreditamos em dias melhores, ou na
chuva que cairá. E isso terá um preço muito alto a ser pago por todos.
Não existe
milagre, mas sim planejamento. E planejamento é o que menos fizeram nos últimos
anos para com a água de São Paulo.
(Fonte da
informação: De Olho No Tempo Meteorologia)
Fonte:
http://deolhonotempo.com.br/wp-content/uploads/2015/01/24.jpg
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