Após
denúncia da morte de cerca de 1.200 pessoas na construção de arenas do Mundial
de 2022, 'Daily Record' revela detalhes sobre péssimas condição de trabalho
Uma semana
após o jornal inglês "Mirror" denunciar as péssimas condições de
trabalho dos operários das obras dos estádios para a Copa do Mundo no Catar, em
2022, o "Daily Record" revelou novos detalhes sobre o problema neste
domingo. Na reportagem, o diário afirma ter visitado secretamente os locais
onde os trabalhadores moram e trabalham, depois do outro relato que afirmava
que 1.200 pessoas já morreram por viverem em condições desumanas, obrigadas a
morar em lugares sujos, com pouca higiene e bebendo água salgada.
De acordo
com o "Daily Record", jovens saudáveis estão morrendo de ataques no
coração por conta de exaustão e de temperaturas acima de 40º. A reportagem
ainda denuncia trabalho escravo, uma vez que alguns operários sequer estariam
recebendo salários, e muitos imigrantes teriam seus passaportes retidos, o que
os impediria de retornar a seus países de origem. A maioria vem de nações
pobres como Sri Lanka, Nepal e Bangladesh e vive em campos miseráveis.
Ao ser
informado sobre o teor da reportagem, o secretário internacional do Trabalho,
Jim Murphy, disse que o Catar precisa rever a maneira como está construindo
seus estádios e cobrou medidas urgentes da Fifa.
- Como
Catar se prepara para 2022, o abuso tem que parar. O futebol não pode tolerar
uma Copa do Mundo construída nas costas dos trabalhadores, com abuso, miséria e
sangue. Em meus encontros com os responsáveis do Catar 2022, eles fizeram
algumas grandes promessas de mudança. Após esta investigação, é urgente que
eles se pronunciem. À medida que o trabalho começa nos estádios, a pressão
internacional tem de ser intensificada. A Fifa deve agir rápido – disse Jim
Murphy ao "Daily Record".
Na última
quarta-feira, o governo do Catar se pronunciou e disse que os imigrantes estão
sendo “muito bem tratados” e que as condições de trabalho nos canteiros de
obras melhoraram significativamente nos últimos meses.
No mesmo
dia, no entanto, a reportagem do "Daily Record" visitou um dos campos
onde moram mais de dois mil operários. Segundo a reportagem, os trabalhadores
usam água salgada para beber, tomar banho e lavar roupas. O cheiro de esgoto é
constante, e as refeições são preparadas de maneira precária, uma vez que não
há sinais de geladeiras e freezers. Na maioria dos casos, 12 pessoas dormem em
pequenos quartos de 16m².
A Fifa
passou a sofrer pressão para interceder após a revelação do número de mortes
nas construções no Catar. Inicialmente, a entidade não tomou qualquer
providência, mas o presidente Joseph Blatter resolveu agir e enviar, no próximo
mês, o advogado alemão Theo Zwanzieger para verificar o que está acontecendo.
Uma equipe de líderes sindicais britânicos e deputados criticou a preparação
para a Copa de 2022 com o argumento de que o país está fazendo obras
"sobre o sangue e a miséria de um exército de trabalho escravo".
Trabalhadores
de países como Índia e Nepal são as principais vítimas. Ainda segundo o
"Daily Record", há um acampamento no centro de Doha, capital do
Catar, onde trabalhadores dormem amontoados numa pequena sala infestada de
baratas.
Com a
necessidade de obras para 12 estádios para a Copa do Mundo, entre 500 mil e um
milhão de trabalhadores podem chegar ao país para participar das construções.
Fonte:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2014/04/jornal-se-infiltra-entre-operarios-da-copa-no-catar-campo-de-escravos.html
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