NEM
MILITAR, NEM CIVIL, NEM DE MERCADO, NEM DE ESTADO
Esse foi o
grito de convocação do ato no dia 31 de março, 50 anos do Golpe de 64, na Praça
do Ferreira, em Fortaleza. A convocatória foi feita pelo Comitê Popular da
Copa/Plenária Unificada dos Movimentos Sociais, através de cartazes e
panfletos. A Prefeitura nos comunicou que não poderíamos realizar o ato. O
protesto, então, estava proibido. A justificativa foi que haveria outro ato
convocado por militares para a mesma praça. Comunicamos à Prefeitura que não
aceitaríamos isso. Num momento seguinte, tomamos conhecimento, através de um
panfleto apócrifo, que o ato seria em comemoração ao golpe. Fizemos a denúncia
na imprensa e nas redes sociais anunciando que o nosso ato estava mantido. No
domingo à tarde, véspera do protesto, fomos comunicados pelo assessor de
imprensa do prefeito, o jornalista Moacir Maia, que a praça estava liberada,
desde que o ato fosse só até 17h.
No dia 31,
logo pela manhã começamos a ocupar a praça. Montamos tendas, painéis, som no
lado principal da praça onde historicamente acontecem os atos. Por volta de 14h
um caminhão do choque encostou e o Capitão Holanda, chefe da tropa, segundo ele
sob as ordens do Comando Geral da Polícia, se dirigiu até nós para que
desocupássemos aquele espaço porque ali seria realizado o "ato do Exército".
Comunicamos ao capitão que não nos submeteríamos a essa ordem. Depois de algum
tempo voltaram, insistindo para que retirássemos os equipamentos, senão agiriam
para a retirada.
Através do
som denunciamos imediatamente às pessoas que estavam na praça a ameaça da
repressão, convocando-as para a resistência. Várias pessoas se aproximaram.
Estudantes de várias escolas e integrantes dos movimentos foram chegando e a
resistência se fortaleceu. O pessoal do choque insistiu. Argumentamos e
resistimos. Como sair dali para dar vez aos golpistas? Jamais! Denunciamos a
prefeitura mais uma vez. Responsabilizamos o prefeito pelo que viesse a
acontecer. Recuaram.
Os
golpistas tiveram que montar seu palanque do outro lado da praça, próximo à
Leão do Sul. De um lado da praça, os reacionários golpistas. Do outro, o
protesto.
De um
lado, os prós, que contavam com o apoio da Prefeitura e do Governo do Estado,
através do Comando Geral da Polícia Militar na convocação do Exército. Do
outro, os que afirmavam DITADURA NUNCA MAIS. NEM MILITAR, NEM CIVIL, NEM DE
MERCADO, NEM DE ESTADO.
Às 17h o
nosso ato, que reuniu um número expressivo de pessoas, estava no auge. E o dos
milicos, que mal tinha começado, contava com pouca gente. Chamou a atenção no
nosso ato a participação significativa da juventude, uma geração que não
participou daqueles fatos, ao lado de lutadores(as) da velha guarda que
permanecem na luta. Entidades e as mais variadas correntes de opinião se
manifestaram. Grupos de teatro e estudantes de escolas públicas fizeram apresentações
teatrais de grande impacto. Músicas da época que cantavam a resistência foram
apresentadas. Painéis com recortes dos jornais O Povo, Folha de S. Paulo e
Estado de S. Paulo foram afixados. Durante o ato tomamos conhecimento de que em
pesquisa do Datafolha a maioria de entrevistados é a favor da revisão da Lei da
Anistia para possibilitar a punição dos torturadores. A essas alturas chegou ao
final o ato insignificante dos milicos que saíram da praça sob vaias.
Quanto a
nós ficamos até às 19h, comemorando a vitória ao som maravilhoso da Banda
Renegados. A luta continua! Sem dúvidas, o movimento social de Fortaleza com
essas iniciativas abre uma nova perspectiva. É nisso que apostamos. Grande
abraço. Todos(as) à Plenária Geral, no próximo sábado, dia 05.04, às 14h, no
Centro de Pastorais da Arquidiocese de Fortaleza. Um abraço!
Critica
Radical
Nenhum comentário:
Postar um comentário