A palavra
origina-se do francês grève, com o
mesmo sentido, proveniente da Place de
Grève, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios e depois, local das reuniões
de desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho. O
termo grève significa, originalmente, "terreno plano composto de cascalho ou areia à margem do mar ou do rio",
onde se acumulavam inúmeros gravetos.
Daí o nome da praça e o surgimento etimológico do vocábulo, usado pela primeira vez no final do século XVIII.
Originalmente,
as greves não eram regulamentadas, eram resolvidas quando vencia a parte mais
forte. O trabalho ficava paralisado até que ocorresse uma das seguintes
situações: ou os operários retornavam ao trabalho nas mesmas ou em piores
condições, por temor ao desemprego, ou o empresário atendia total ou
parcialmente as reivindicações para que pudessem evitar maiores prejuízos
devidos à ociosidade.
[...]
A Praça do
Hôtel-de-Ville, antiga Praça de Grève
A Place de
l’Hôtel-de-Ville, antiga Place de Grève até 1803, é uma praça de Paris, na
França. Esta praça está situada às margens do Rio Sena, de onde se origina seu
antigo nome ("Grève" : terreno plano composto por cascalho ou areia
às margens do mar ou de um curso d'água).
Histórico
O local era ocupado antigamente por uma velha
praia feita de cascalho e areia, por onde era fácil descarregar as mercadorias
que chegavam à Paris pelo Sena.
Assim,
muito depressa instala-se aí um porto, substituindo o Porto Saint Landry, situado na Ilha de la Cité. O Porto de la Grève torna-se o mais importante de Paris: a madeira, o trigo, o
vinho, o feno são descarregados por ele, facilitando assim a instalação de um
mercado. É também ao redor do porto que vai se desenvolver sobre a margem
direita ("Rive Droite"), um
bairro bastante denso. O Hôtel de Ville não tarda a instalar-se também aí, e à
sua frente passa a estender-se a "Place
de Grève" (um quarto menor que
a "Place de Hôtel-de-Ville" atual). Este local, então, passa a ser o coração de toda a cidade.
Os operários desempregados ganham o hábito de
reunir-se na praça ao amanhecer em busca de um empregador. Trata-se de uma
mão-de-obra desqualificada e instável que escapa ao sistema dos empregos
regularizados.
Assim, a Place de Grève está na origem da palavra "grevista", apesar do
contrassenso: tratava-se realmente de uma concentração
de operários que não trabalhavam, mas que estavam à procura de um trabalho.1
Sob o Antigo Regime, esta praça servia
também para as execuções e suplícios públicos: Robert François Damiens,
François Ravaillac, entre outros, aí foram esquartejados.
Lista de
algumas execuções sob o Antigo Regime
1310 :
Marguerite Porete (queimada)
1549 :
Jacques I de Coucy (decapitado)
1559 :
Anne du Bourg (enforcado e queimado
1574 : O
Conde de Montgomery (decapitado)
1602 : Guy
Éder de La Fontenelle (roda viva)
1610 :
François Ravaillac (esquartejado)
1627 :
François de Montmorency-Bouteville
1632 :
Louis de Marillac (decapitado)
1680 :
Catherine Deshayes, dita La Voisin (queimada)
1721 :
Louis Dominique Cartouche (roda viva)
1757 :
Robert François Damiens (esquartejado)
1766 :
Thomas Arthur de Lally-Tollendal (decapitado)
A Praça de Grève durante a Revolução Francesa
onde, pela primeira vez, foi utilizada a guilhotina.
Em 25 de Abril de 1792, teve lugar na Praça de
Grève a primeira execução através de guilhotina. O condenado, Nicolas
Jacques Pelletier, era um simples ladrão. A multidão, acostumada desde a Idade
Média com suplícios mais «refinados», mostrou-se decepcionada com a rapidez do
processo.
A
guilhotina na Praça de Grève em 1794
A
guilhotina é novamente montada na Praça de Grève, de Novembro de 1794 até Maio
de 1795. Entre as últimas cabeças cortadas foram as do deputado da Convenção
Nacional Jean-Baptiste Carrier e do promotor público Fouquier-Tinville.
A Praça de
l’Hôtel-de-Ville hoje
A Praça de
Grève, rebatizada de Praça de l’Hôtel-de-Ville em 19 de Março de 1803,
tornou-se um espaço reservado aos pedestres desde 1982. Hoje a praça é um local
bastante animado:
para o
Paris-Plage de 2004, uma grande parte da praça foi transformada em uma quadra
de voleibol ;
no
inverno, muitas vezes é instalada na praça uma pista de patinação no gelo
gigante ;
na
primavera, uma manifestação para doação de sangue é realizada ; e em Julho de
2007, parte de uma exposição sobre jardins foi montada na Place de
l'Hôtel-de-Ville ;
em dias de
grandes noitadas esportivas, uma tela gigante é instalada na praça para que os
pedestres possam acompanhar os eventos.
Referências
Ir para
cima ↑ (em francês)Robert
Castel, "La Métamorphose de la Question Sociale" ("A Metamorfose
da Questão Social"), Paris, Gallimard, 1995
Fonte:
Wikipédia
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