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Nasceu em
Pernambuco (Água Preta) a 8 de janeiro de 1877 tendo concluído a Faculdade de
Direito do Recife em 1899. Ingressando na magistratura, foi nomeado (em 1904)
Juiz substituto do Crato, Ceará, radicando-se desde então nesse Estado.
Em 1905,
entrou para o Corpo Docente da Faculdade de Direito do Ceará, tornando-se
catedrático de Filosofia do Direito no ano seguinte.
Faleceu a
5 de setembro de 1914, aos 37 anos de idade.
Bibliografia:
A
sociologia como ciência autônoma.
Fortaleza : Tipografia Escolar, 1912.
A história
como forma de conhecimento. Fortaleza :
Tipografia Escolar, 1913.
Sociologia
e história. Fortaleza : Tipografia
Escolar, 1913.
Estudos
sobre o autor:
GIRÃO,
Raimundo. História da Faculdade de
Direito do Ceará. Fortaleza : Imprensa
Universitária do Ceará, 1960.
LIMA,
Adonias. Soriano de Albuquerque que
influenciou na vida intelectual do Ceará.
Fortaleza, 1915.
MONTENEGRO,
Abelardo F. Soriano de Albuquerque; um
pioneiro da sociologia no Brasil.
Fortaleza : Imprensa Universitária do Ceará, 1952.
_____. _____.
2.ed. Fortaleza : Imprensa
Universitária do Ceará, 1977. 155 p.
MONTENEGRO,
João Alfredo. História das idéias
filosóficas da Faculdade de Direito do Ceará.
Fortaleza : Edições UFC, 1996.
Manuel
Soriano de ALBUQUERQUE - Nasceu em Água Preta (PE), 8 de janeiro de 1877,
radicado no Ceará.
Bacharel
em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Recife. Magistrado
(Juiz de Direito do Crato e de Barbalha). Professor, dirigiu o Colégio Leão XII
(Crato) e em Barbalha criou um curso noturno para empregados no comércio.
Chamado a
ensinar na Faculdade de Direito do Ceará, em que instituiu a cadeira de
Sociologia no currículo oficial.
Membro da
Plêiade e do Instituto do Ceará. Patrono da cadeira n° 27 da Academia Cearense
de Letras, que teve como primeiro ocupante Teodoro Cabral. Jornalista, poeta.
Publicou:
Volatus. Morreu em Fortaleza, 5 de setembro de 1914.Fonte:1001 Cearenses
Notáveis-F. Silva Nobre.
Data de Nascimento:8/01/1877
Fonte: http://portal.ceara.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2331&catid=293&Itemid=101
Pioneirismo
do Crato nas Artes Cênicas Cearenses
“Assim o
Timbira, coberto de glória,
guardava a
memória
Do moço
guerreiro, do velho Tupi.
E à noite
nas tabas, se alguém duvidava
do que ele
contava,
Tomava
prudente: "Meninos, eu vi!”
Gonçalves
Dias ( I-Juca –Pirama)
À memória
de Dr. Raimundo de Oliveira Borges
À Guisa de
introdução
Quem se
debruça sobre a história do teatro no sul cearense tem de frente uma missão
hercúlea. As fontes primárias já foram revolvidas por muitos importantes
pesquisadores como Irineu Pinheiro, Padre Antonio Gomes, F. S. Nascimento.
Quem
pretende ir além dos clássicos da nossa historiografia, defronta-se com um
trabalho de pesquisa árduo e nem sempre recompensador: Jornais puídos,
relatórios antigos, livros que se esfacelam ao simples toque.
Um exercício de
quebra-cabeças. Até estes dias , na leitura dos nossos clássicos, sempre soube
que o Grupo “Os Romeiros do Porvir”, fundado no início do Século XX, teria sido
nosso primeiro grupo de teatro. Fundado pelo Dr. Manuel Soriano de
Albuquerque(1877, Água Preta-PE – 1941,Fortaleza-CE), juiz substituto, que
chegara em Crato em janeiro de 1900, e trazia nos alforjes a influência
marcante de Recife , teria sido ele que, ainda àquele ano, fundou o grupo que
revolucionou os costumes da região, ao encenar: “Crato de Alto a Baixo”.
Ressaltavam-se os primeiros membros do “Romeiros”: Ernesto Piancó, Manuel Belém
de Figueiredo, Miguel Limaverde, Raimundo Gomes de Matos, Celso Rodrigues,
Joaquim Fernades, José Bizarria, Raimundo e Antonio Norões, Joaquim Tavares
Campos, Celso Gomes de Matos, Henrique Teles, Francisco da Franca, Artur
Gomes,Alfredo Nunes, Fantina e Donana Aires, Lica e Maria Garcia, Etelvina
Gonçalves, Elisa e Júlio Milfont de Amorim. Fazia ainda parte do grupo Luiz
Gonzaga, o Gonzaguinha, muito provavelmente o nosso primeiro fotógrafo.
Depois,
na Biblioteca Menezes Pimentel, observando a microfilmagem do “Vanguarda”,
jornal cratense dos idos de 1870, vi a publicidade de algumas peças de teatro,
anteriores pois ao “Romeiros”, mas que me pareceram peças itinerantes e não de
grupos locais bem sedimentados. Há alguns meses, o Prof Ricardo Correia me
confidenciou que em pesquisa sobre a história do teatro caririense, havia
descoberto um grupo cratense de artes cênicas nos meados de 1850, o que me
pareceu de todo inverossímil. Recentemente a Fundação Waldemar Alcântara
republicou uma edição fac-similar de “O Cariri: seu descobrimento, povoamento,
costumes”, posto a lume por Irineu Pinheiro em 1950.
O livro é
simplesmente fabuloso, narra deliciosamente, uma história do cotidiano da nossa
vila desde os seus primórdios, uma espécie de história da vida privada
caririense, com foco no dia a dia das nossas personalidades mais populares, nos
nossos costumes e festins. No Capítulo em que se detém sobre a Praça do Rosário
de Crato, atual Juarez Távora ou São Vicente(Foto 3), me veio a surpresa que um
dia, certamente, já havia tornado também estupefato o Prof Ricardo Correia.
Eram os
idos de 1857. A Praça Juarez Távora chama-se, então, Praça do Rosário, pois ali
se previa a construção de uma Igreja dos pretos, sob a invocação de N. S. do
Rosário. O material da construção do templo foi pouco a pouco sendo depositado
no local por uma confraria religiosa de negros , mas que terminou por nunca ser
edificada. A Igreja dedicada a São Vicente Férrer, tal qual hoje a conhecemos,
só seria erguida em 1942. Pois bem, imaginem a praça apenas com um terreno de
terra batida, sem a Igreja, um amplo terreno que terminava junto ao Canal do
Rio Grangeiro, nos fundos da atual igreja, chamado de “Fundo da Maca”. À
direita da Igreja, se a observássemos de frente, na época, existiam apenas
algumas casas até a rua da vala. E á esquerda, onde hoje existe a Associação
Comercial, imaginem um largo amplo que se estendia por toda a atual Rua Mons.
Esmeraldo( antiga Travessa do Rosário), até à Praça da Prefeitura atual. Este
amplo terreno era chamado de Travessa do Rosário. Pois bem, segundo Irineu
Pinheiro, teria sido justamente na Travessa do Rosário, entre o prédio da
Associação Comercial de Crato, o Edifício do BNB atual e o prédio ainda
existente na esquina da Rua hoje Senador Pompeu, onde funcionou a Clínica N. S.
da Conceição, do Dr. Antonio Gesteira; neste espaço existiu, por volta da
primeira metade do Século XIX , o Teatro de Todos os Santos, mantido pela
Sociedade Melpomenense, “destinada a exercitar na arte dramática, a mocidade
daquele tempo”. Irineu cita a sua preciosa fonte : uma notícia do Número 103 do
nosso primeiro jornal : “O Araripe”, fundado por João Brígido dos Santos(1829-1921)(Foto4
) :
“O
Abaixo-Assinado, Tesoureiro da Sociedade Melpomenense do Teatro de Todos os
Santos, faz público aos sócios que, tendo desabado parte do tecto do edifício,
prometendo uma completa ruína à toda casa, é de absoluta necessidade que se
reúnam todos os sócios no dia 06 de Agosto próximo futuro, a fim de deliberarem
a respeito. Crato, 29 de julho de 1857”
Deparei-me
em meio à surpresa com uma sensação de estranheza por conta da sociedade
mantenedora do teatro : “Melpomenense”. O nome me pareceu esquisito, de onde
teria surgido? Corri em busca de outras fontes e descobri uma Academia
Melpomenense em Lisboa, num período quase que idêntico. A Academia
Melpomenense, criada 1845, por vários músicos, entre estes se destaca João
Alberto Rodrigues da Costa (1798-1870) cuja atividade duraria até 1861. Mas
como a influência desta academia poderia ter chegado até o Crato, cidade do
interior do Ceará, em pleno Século XIX ? Aprofundei a pesquisa e descobri que o
nome, etimologicamente, vem de Melpômene, uma das nove musas da mitologia grega
, a musa da Tragédia e que é representada com uma máscara trágica e usando
botas de couro (coturnos), tradicionalmente usadas por atores trágicos( Foto
5).
Melpômene
- Musa grega da Tragédia
O mais
provável é que a Sociedade Melpomenense de Crato homenageasse Melpômene, até
porque dirigia-se ao ensino das artes cênicas, sendo improvável uma relação
maior com a sua congênere lusitana. Revirei as edições outras de “O Araripe”
referentes aos anos de 1859-1862 e não encontrei qualquer outra alusão a esta
nossa Sociedade. O que teria , finalmente, acontecido com a nossa primeira casa
de espetáculos, após a reunião? Ruiu? Foi reparada? Irineu conclui, no seu
artigo, que o teatro teria desabado na derradeira metade do ano de 1857, em que
fonte teria se baseado para esta conclusão ? Observei, também, que Irineu
Pinheiro não registrou o nome do Tesoureiro responsável pela convocação em
Agosto/1857, ou seja não temos um nome sequer dos diretores do nosso Teatro de
Todos os Santos. A importância de se pesquisar dados relativos ao Teatro de
Todos os Santos me parece fundamental. Ele é anterior ao Teatro São João de
Sobral( 1875) e , embora não saibamos ainda o ano de sua fundação, aproxima-se
bastante daquele que é considerado o primeiro teatro cearense, o da “Ribeira
dos Icós” de 1840.
Texto e
Pesquisa : José Flávio Vieira
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