Representante dos
trabalhadores de fábrica em Shenzhen está preso
faz cinco meses
Na quarta-feira, 23 de
outubro, Wu Guijun, um trabalhador
migrante de Shenzhen, completará 5 meses de sua detenção policial. Wu, só recentemente foi formalmente acusado.
Durante meses, lhe foi negado o contato
com seu advogado. O “crime” real de
Wu foi ter sido eleito, juntamente com vários outros trabalhadores, para
representar o conjunto dos operário da Diweixin Product Factory em Shenzhen, uma grande cidade na província
de Guangdong no sul da China, em negociações com a administração sobre os
termos de indenização após a decisão da empresa de se mudar para Huizhou.
Haverá
protestos internacionais no dia 23 de outubro em várias cidades ao redor do
mundo para pedir a libertação de Wu e protestar contra a criminalização da luta
dos trabalhadores, ilustrado por este caso. De Colombo a Calcutá, de Hong Kong a Berlim, socialistas e
ativistas sindicais estão planejando
levar este caso para as autoridades chinesas, meios de comunicação locais e
entidades sindicais. Até o momento estão
previstas atividades pelas seções do CIT na Austrália, Brasil, Alemanha, Índia
, Irlanda, Sri Lanka e Suécia, bem como pelos camaradas chineses . Esta
iniciativa do site chinaworker.info se destina a aumentar a pressão sobre as
autoridades de Shenzhen pela libertação de Wu e cessar a perseguição dos
trabalhadores que exercem seus direitos básicos à greve, se organizar e
manifestar.
No início de maio deste
ano, cerca de 300 trabalhadores da
Diweixin Product Factory no distrito de Baoan de Shenzhen, que fabrica produtos
domésticos, entraram em greve em protesto contra a recusa da administração de
cumprir os termos da revista Lei do Contrato de Trabalho da China em relação a
sua decisão de encerrar a fábrica de Shenzhen. A lei diz que os trabalhadores
devem receber uma compensação de um mês de salário por cada ano completo de
serviço. A empresa, que tem donos de Hong Kong, está violando esta lei.
Prisões em massa
Frustrados com a intransigência da gerência, os
trabalhadores de Diweixin decidiram marchar para a sede do governo local em 23 de
maio, para pedir a intervenção no conflito e fazer cumprir a lei. Mas ao invés disso, a polícia realizou prisões
em massa de trabalhadores que protestavam, liberando a maioria mais tarde, mas
não Wu. A polícia parece ter decidido fazer dele um exemplo para dissuadir
outros trabalhadores de organizar protestos semelhantes que são considerados
uma ameaça à “estabilidade”. A repressão
policial foi um golpe duro para a luta dos trabalhadores de Diweixin e a
maioria dos trabalhadores acabaram aceitando a oferta muito baixa dos patrões
de apenas 400 yuan por cada ano de serviço (muito abaixo do nível estipulado
legalmente).
Trabalhadores
na China, especialmente nas províncias costeiras, estão enfrentando
dificuldades semelhantes com uma onda de fechamentos deslocamento de fábricas,
disputas sobre salários atrasados e verbas rescisórias, e vários casos de
patrões desaparecendo sem pagar salários e outros direitos. O
caso de Wu Guijun é, portanto, um teste para os direitos dos trabalhadores na
China e a tendência crescente de autoridades locais em criminalizar os
protestos. É também significativo
que isto esteja acontecendo na província de Guangdong - considerada
anteriormente como a mais tolerante com protestos públicos as outras províncias
na China.
Em um outro caso, conforme relatado em chinaworker.info, uma dúzia de
guardas de segurança em um grande hospital em Guangzhou, capital da província
de Guangdong, foram presos durante um protesto em agosto e pode enfrentar
acusações criminais semelhantes. Não surpreendentemente, estes casos estão
atraindo cada vez mais atenção por parte do
movimento sindical internacional (que infelizmente até agora não tem feito o
suficiente para organizar a solidariedade com trabalhadores chineses
superexplorados). Diversos
sindicatos e seus órgãos de coordenação internacionais circulam petições
exigindo a libertação de Wu, como neste exemplo iniciado pela União
Internacional de Trabalhadores da Alimentação (UITA).
Pena de prisão de cinco
anos?
De acordo com o blog pessoal do advogado de Wu, a
Secretaria de Segurança Pública transferiu o caso para o Ministério Público em
setembro. Acusações formais foram finalmente apresentadas contra Wu Guijun de
“reunir uma multidão” e “causar distúrbio do tráfego”, o que pode levar a uma
pena de prisão de até cinco anos. Wu tem 40 anos e sustenta dois filhos e seus
pais idosos. Sua prisão e possível condenação trará graves dificuldades à sua
família. Sua esposa, também uma
trabalhadora migrante em Shenzhen, é agora a única fonte de renda com um
salário típico de um trabalhador migrante mensal de 2 mil yuan (710 reais).
Apesar destas dificuldades, Wu declarou
através de seu advogado: “Se eu tiver que ir para a cadeia por defender os
direitos dos meus colegas de trabalho, eu estou pronto para assumir essa
responsabilidade”.
A empresa Diweixin, com sede em Kwun Tong, Hong Kong, adotou táticas
brutais contra os trabalhadores em Shenzhen durante todo o curso desse
conflito. Ao mesmo tempo em que recusava aumentar a sua oferta de
indenização, a gerência insistia em filmar as negociações com os representantes
dos trabalhadores. Isto foi claramente destinado a intimidar os trabalhadores, com algum sucesso. Vários dos representantes dos trabalhadores
se retiraram com medo de represálias, mas não Wu. O movimento dos trabalhadores na China está cotidianamente cheio de
exemplos de coragem. O mesmo não
pode ser dito do sindicato oficial estatal, ACFTU, que até agora não tem dito
uma palavra sobre este caso. Isto apesar
dos trabalhadores de Diweixin fazer uma petição ao escritório da central
sindical em Shenzhen, pedindo-lhes para assumir o caso. A primeira carta foi apresentada em setembro,
depois de Wu ter sido detido por 100 dias. Uma outra carta de petição, esta
assinada por várias centenas de trabalhadores e seus apoiadores, foi entregue
aos representantes da ACFTU esta semana.
Participe no dia
internacional de protesto pela libertação de Wu Guijun! Em São Paulo a LSR, seção brasileira do CIT, fará um
protesto na frente do Consulado Geral da China (Rua Estados Unidos, 1071) às 10
horas.
Libertem
Wu Guijun!
Pelo
fim da criminalização da luta dos trabalhadores na China!
Pelo
direito de greve e sindicatos independentes!
Solidariedade
com os trabalhadores na China!
22 de outubro de 2013
Fonte:
http://www.lsr-cit.org/internacional/34-internacional/1085-china-qlibertem-wu-guijunq-protestos-ao-redor-do-mundo-em-23-de-outubro-
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