21/09/2011
Em nota,
presidente do banco pediu desculpas à população.
Secretaria
do governo para igualdade racial havia pedido correção do vídeo.
A Caixa
Econômica Federal informou nesta quarta-feira (21) que suspendeu a veiculação de uma campanha publicítária sobre os 150 anos
da instituição. Na peça, o escritor
Machado de Assis é interpretado por um ator branco.
O site da CEF não disponibiliza a peça
publicitária, mas o vídeo pode ser visto no You Tube.
A campanha também mostra Machado de Assis
depositando dinheiro em uma caderneta de poupança e informa que ele fez seu
testamento pela Caixa.
"O banco pede desculpas a toda a população e,
em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter
caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial",
disse o presidente da Caixa, Jorge Hereda, em nota divulgada pelo banco.
A propaganda foi alvo de reclamações na
internet e de uma queixa formal divulgada na segunda-feira (19) pela Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República
(Seppir-PR).
Na nota, a
entidade dizia que "Caixa deve
corrigir a produção deste vídeo, reconhecendo o equívoco e considerando o
diálogo que vem mantendo com a sociedade ao longo da sua trajetória institucional".
Leia a
íntegra da nota da Caixa, divulgada nesta quarta-feira (21)
"A
Caixa Econômica Federal informa que
suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como
personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a
população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter
caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.
A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de
existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a
diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser
reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria
e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da
Igualdade Racial (SEPPIR) do Governo Federal.
A CAIXA
nasceu com a missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre
pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou
qualquer outra diferença social ou racial
Jorge
Hereda
Presidente
da Caixa Econômica Federal".
Leia a
íntegra da nota da Seppir, divulgada na segunda-feira (19)
"A
CEF tem, em muitos momentos, assegurado em seus anúncios a representação da
diversidade étnico-racial e de gênero. A homenagem ao poeta Oliveira Silveira
no 20 de Novembro de 2009/2010, é um exemplo significativo de reconhecimento da
contribuição cultural e literária dos afrodescendentes.
No
entanto, deve-se lamentar o episódio da
campanha que traz Machado de Assis, um dos primeiros poupadores da Caixa,
representado por um ator branco. Uma solução publicitária de todo inadequada
por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo
evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade
literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico.
O episódio acontece exatamente no momento em
que estamos, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República (Seppir-PR) e a CEF, construindo um termo de
cooperação que envolve, entre outros, aspectos relacionados à representação de
pessoas negras nas ações de comunicação.
Assim, a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial,
órgão da Seppir, recebeu denúncia instruída pelo senhor Julio Ribeiro Xavier e
outros, sobre a campanha da Caixa que, conforme o denunciante “embranqueceu
Machado de Assis”. De acordo com o ouvidor da Seppir, Carlos Alberto Junior,
imediatamente providenciou-se a autuação, que gerou um Procedimento
Administrativo sob o nº 00041.001108/2011-02.
Entre as medidas adotadas até o momento, foram
encaminhados pedidos de providencias para a Presidência e Ouvidoria da Caixa
Econômica Federal, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
(Conar), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
(Secom/PR) e o Ministério Público Federal.
A Seppir
entende que, em respeito a sua contribuição na valorização da diversidade
brasileira, a Caixa deve corrigir a produção deste vídeo, reconhecendo o
equívoco e considerando o diálogo que vem mantendo com a sociedade ao longo da
sua trajetória institucional.
Coordenação
de Comunicação SEPPIR"
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