Economista
do Dieese afirma que a retirada dos recursos do Estado inviabiliza a realização
da pesquisa
O
levantamento mensal sobre a dinâmica do mercado de trabalho na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF) pode chegar ao fim, após 30 anos de pesquisas.
A determinação do Governo do Estado de cortar 25% do valor para o financiamento
da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) resultará no corte de 30% dos
técnicos que fazem o trabalho de campo da PED em Fortaleza e municípios da
Região Metropolitana.
> 32 mil
postos de trabalho fechados na RMF em janeiro
A denúncia
foi feita, ontem, pelo coordenador da pesquisa no Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ediran Teixeira, durante a
divulgação da segunda edição de 2015 da pesquisa.
Estrutura já
é enxuta
"O
problema é que já temos uma estrutura enxuta. Com o corte de pessoal, a
pesquisa será inviabilizada. Sem informações sobre o mercado de trabalho local,
como o governo irá enxergar o mercado para aplicar políticas públicas
necessárias à promoção do emprego, principalmente nesse momento de possível
retomada do desemprego?", questiona.
Conforme
Ediran Teixeira, a PED no Ceará conta, atualmente, com uma equipe de 30 pesquisadores
para atender a 2.500 domicílios na Capital e em 12 municípios da região
metropolitana (Aquiraz, Caucaia, Chorozinho, Eusébio, Guaiúba, Horizonte,
Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba e São Gonçalo do Amarante).
Com o corte
de 25% na contrapartida do Estado para a realização da PED, restarão apenas 20
pesquisadores para atender ao mesmo número de domicílios.
Quebra na
série histórica
Outros
agravantes citados pelo coordenador da PED são a quebra da série histórica da
pesquisa de quase 30 anos e a perda de recursos do governo federal.
"A
pesquisa do mercado de trabalho da RMF foi iniciada entre 1984 e 1985, passou
pela Ditadura Militar, e agora vai terminar por corte de gastos do governo
estadual? Outra questão é que o Estado do Ceará vai perder R$ 1 milhão de
contrapartida do governo federal para a pesquisa, pois, se ela não se realiza,
esse dinheiro volta", afirma Ediran.
Segundo o
coordenador da pesquisa pelo Dieese, o Ceará perde também por ficar atrás de
outros estados onde a PED continua a ser realizada, como Bahia, São Paulo, Belo
Horizonte, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Procurada
pela reportagem, a assessoria de imprensa do governo do Estado não se
pronunciou a respeito dos cortes que afetariam e inviabilizariam a realização
da Pesquisa do Emprego e Desemprego até o fechamento desta edição.
Desemprego
tem queda em 12 meses
Em janeiro
deste ano, a taxa de desemprego total em Fortaleza e região metropolitana
(7,1%) ficou um pouco abaixo da registrada em igual período de 2014 (7,3%). O
contingente de desempregados apresentou redução de 3 mil pessoas, resultado da
geração de postos de trabalho (17 mil) em número superior ao de indivíduos que
ingressaram no mercado da região (14 mil).
A taxa de
participação manteve-se em relativa estabilidade, passando de 57,4% para 57,2%.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Fortaleza
(PED-RMF) revela, ainda, que o tempo médio despendido pelos desempregado na
procura por vagas diminuiu de 28 para 22 semanas.
Ocupação por
setores
Em relação a
janeiro de 2014, o nível de ocupação cresceu 1%, a menor variação identificada
nos últimos 11 meses.
Houve
ampliação do número de ocupados nos serviços (4,5% ou geração de 35 mil postos
de trabalho) e na construção civil (7,9% ou 12 mil), e redução no comércio e
reparação de veículos e motocicletas (- 4,8% ou - 20 mil) e na indústria de
transformação (- 2,1% ou - 7 mil).
O total de
assalariados aumentou 0,8%, resultado do crescimento no setor privado (1%). O
número de assalariados que possuiam carteira assinada cresceu (1,5% ou 11 mil),
tendo o dos sem carteira diminuído ligeiramente (- 1,1% ou - 2 mil). Também
houve incremento na quantidade daqueles classificados nas demais posições
(23,9% ou 17 mil). Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, decresceram os
rendimentos médios reais de ocupados (- 3%) e de assalariados (- 5,3%). A massa
de rendimentos reais dos ocupados pouco variou (0,3%), como resultado da
combinação entre a elevação do nível ocupacional e a redução do rendimento
médio real. Já a massa de rendimentos reais dos assalariados registrou queda de
2% devido ao declínio do rendimento médio, uma vez que houve elevação do nível
ocupacional.
Ângela
Cavalcante - Repórter
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/pesquisa-no-estado-pode-ter-fim-apos-30-anos-1.1230124
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