O Sindicato
da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos do Estado
do Ceará realizou na última sexta-feira, dia 06/02, a comemoração do
aniversário de 85 anos de luta.
O evento
ocorreu no CRESSE (Clube Recreativo dos Subtenentes e Sargentos do Exército da
Guarnição de Fortaleza), numa grande festa dançante e bem organizada que congregou
a categoria dos trabalhadores gráficos do Estado do Ceará, familiares,
parceiros e demais convidados.
Coordenada
pelo Presidente eleito Rogério Andrade, a mesa de abertura alinhou
posicionamentos que relembraram fatos históricos relevantes como os desenvolvidos
pelos tipógrafos fluminenses e a realização da primeira greve do Brasil, em 09
de janeiro de 1858. Na ocasião, a população da Corte foi surpreendida pela
ausência de exemplares dos jornais da época, em face da paralisação dos oitenta
tipógrafos que trabalhavam na produção. Reivindicava-se a melhoria das condições
de trabalho e dos salários.
No decorrer
do evento várias entidades e personalidade coirmãs foram homenageadas, como o
Dieese, representado pelo Sr. Reginaldo Aguiar, a Comissão de Direito Sindical
da OAB/CE na pessoa dos Advogados de Entidades Sindicais Thiago Pinheiro de
Azevedo e Clovis Renato Costa Farias.
“Os trabalhadores gráficos devem se orgulhar
dessa diretoria tão combativa, de luta incessante para melhoria das condições
de trabalho e salário. Essa categoria tão importante deve comemorar com muito
afinco e emoção seus 85 anos de vitórias, bem como se preparar para futuras
realidades porque a luta não para”, pontuou o Presidente da COMSINDICAL
OAB/CE Thiago Pinheiro.
Clovis Renato, Rogério Andrade, Thiago Pinheiro |
Clovis
Renato, Vice Presidente da COMSINDICAL OAB/CE, ressaltou a postura combativa dos
gráficos no Estado do Ceará, especialmente, diante das dificuldades em
enfrentar a grande mídia local que se une à nacional, para desvirtuar os
movimentos reivindicatórios da categoria, como ocorreu em uma das últimas greves,
em maio de 2012. De regra, os patrões agem contra os trabalhadores ferindo a
ampla defesa e o contraditório constitucionais, julgando-os com a pretensão de
desacreditá-los para a sociedade, bem como as empresas desrespeitam o direito
de greve, contratando trabalhadores no período, fora dos parâmetros legais. Nesse
passo, rememorou trechos da Resposta do Sindicato dos Gráficos para o episódio
Diário do Nordeste (http://vidaarteedireitonoticias.blogspot.com.br/2012/05/resposta-do-sindicato-dos-graficos-para.html), os quais marcam a
realidade enfrentada no cotidiano de lutas:
“A mídia de
uma sociedade democrática deve primar por princípios éticos que garantam
transparência e primem pela verdade dos fatos.
Boa parte da mídia no Ceará, prima por seus próprios interesses
econômicos e sociais. Repetindo uma velha forma de reprodução do discurso
hegemônico sobre os movimentos sociais: A total exclusão ou a criminalização.
Em 13 dias
de greve dos trabalhadores gráficos, a sociedade só obteve informação desse
processo de luta quando foi interessante responsabilizar uma categoria inteira
e sua direção sindical por um ato motivado pela segurança da própria empresa. A luta dos gráficos não existia, ao menos
para os leitores cearenses, por que para a categoria que enfrentou práticas
ilegais como substituição de grevistas e até o confinamento, ela existe e serve
para que pais e mães de família lutem por melhores condições de vida e de
trabalho.
E em 23 dias
de greve dos operários da construção civil, vimos como é possível a
criminalização de um movimento. Embora, a direção da entidade repita
constantemente que não incentiva violência, que não fornece bebidas alcoólicas
e que defende a liberdade de imprensa. O que vemos é a constante reprodução de
noticias que tratam os grevistas como baderneiros, vândalos e bêbados.
Chegou-se ao ponto, de se mostrar um trabalhador fumando cigarro Maratá e
insinuar que se tratava de um cigarro de maconha.
Imagens de antigos
processos de luta são utilizadas para insinuar quebradeira, imagens de
funcionários do sindicato fechando um portão são usadas com o mesmo intuito.
Uso de câmeras ocultas. Alegações de
agressão e vandalismo, sem comprovação de imagem. E tantas outras formas de
manipulação da informação que já foram denunciadas em nota pela entidade
sindical.
Generalizam-se
as exceções. E o que as entidades solicitam? Que mostrem o que está errado, mas
não esqueçam a imparcialidade, consultem os dois lados e não acusem sem provas.
Mas, ontem
(29/05) a superação de como a imprensa pode julgar fatos chegou ao seu ápice,
buscaram declarações de personalidades do Estado, que se pronunciaram sem ao
menos ouvir os dois lados, e, diga-se de passagem, pessoas que em tanto tempo
de luta desses trabalhadores, jamais se manifestaram em defesa dessas
categorias.
Por que,
nenhum desses entrevistados questionou as 28 mortes acontecidas nos canteiros
de obra de 2011, até hoje? Por que nenhuma delas questionou por que foram
substituídos os grevistas gráficos com contratação de outros trabalhadores? Por
que em nenhum momento colocaram-se na defesa da luta dos trabalhadores, ou
pediram que os patrões mostram-se mais dispostos em negociar?
Quanto ao
dia de ontem, mais uma vez, vimos como uma história pode ser construída.
[...]
pesar desta
cobertura fora dos códigos de ética da profissão dos jornalistas. As duas
entidades sindicais mais uma vez vêm a público afirmar, que não incentivam
violência contra jornalistas e são defensores da liberdade de imprensa (o que é
diferente de liberdade de mentira ou de liberdade de empresa).
A revolução
não será televisionada...”
No mesmo
dia, os patrões (Sindgrafica), também, comemoraram o Dia do Gráfico, o que foi
visto como um ataque à história da classe trabalhadora pela categoria.
Thiago Pinheiro de Azevedo
Presidente da COMSINDICAL OAB/CE
Advogado de Entidades Sindicais e
Associativas
Clovis Renato Costa Farias
Vice Presidente da COMSINDICAL OAB/CE
Doutorando em Direito pela UFC
Bolsista da CAPES
Advogado de Entidades Sindicais e
Associativas
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