Os
empregados da Usiminas estão tomando posição para serem colocados como
protagonistas nas discussões sobre o rumo da companhia, que vive hoje uma briga
societária, sem solução em vista, entre seus dois principais acionistas.
Alegando piora constante nas condições de
trabalho, principalmente do ponto de vista da segurança, os trabalhadores da
usina de Cubatão, unidade paulista da companhia mineira, também querem colocar
luz no fato de que o direito de eleger um representante ao Conselho de Administração
da empresa, previsto no estatuto desde a privatização, não vem sendo respeitado.
O Broadcast,
serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que esse tema terá
que ser equacionado até a próxima Assembleia Geral, que acontece no fim de
abril, por determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
"Desde
a privatização da Usiminas temos direito a uma vaga no conselho, mas nunca a
tivemos na prática, nunca aconteceu. A Usiminas (os controladores) que indica.
O nome escolhido nunca passou pelo crivo dos trabalhadores", afirma o
presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias siderúrgicas na região
(STISMMMEC), Florêncio Resende de Sá, ao Broadcast.
Esse direito consta no Estatuto da companhia.
O documento prevê a obrigatoriedade de um membro
efetivo ser "sempre ser um representante dos empregados da
Companhia".
Atualmente, a Usiminas possui nove conselheiros.
Cada
controlador tem três indicações: um é representante dos minoritários, um da
Previdência Usiminas e um, na teoria, dos empregados.
No ano passado, a CVM analisou esse assunto e
chegou à conclusão que, de fato, a vaga destinada aos funcionários está sendo
ocupada por um nome indicado pelo controlador.
A Usiminas
recorreu da decisão da CVM, mas o colegiado indeferiu o pedido, segundo apurou
o Broadcast.
A companhia
mineira ainda pode pedir a reconsideração da decisão do colegiado, mas, até
aqui, a imposição é de que esse assunto seja equacionado na próxima Assembleia
Geral da siderúrgica, marcada para o fim de abril.
Na ocasião
da privatização da Usiminas, no início da década de 1990, as ações da companhia
foram ofertadas aos empregados: 10% das ordinárias e 10% das preferenciais,
sendo que os empregados se organizaram por meio do Clube de Investimentos
Usiminas (CIU).
O próprio
edital de privatização deu ao Clube o direito a um assento no conselho.
O presidente
do sindicato diz também que a própria trajetória do atual presidente da
companhia, Romel Erwin de Souza, traz dúvidas sobre a atuação da Previdência Usiminas
em prol dos trabalhadores.
Romel, que é
presidente da companhia desde a destituição de Julián Eguren, evento que trouxe
à tona a briga societária entre os dois controladores, Nippon Steel e Ternium,
já foi presidente da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU).
Depois
disso, em 2010, foi conselheiro da companhia, passando, em seguida ao cargo de
diretor vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, cargo que acumula hoje com a
presidência.
"Questionamos
hoje se ele chegou a fazer algo, de fato, aos trabalhadores. Uma pessoa que
deveria estar defendendo o interesse dos trabalhadores que depois se torna
presidente do grupo gera suspeitas. Será que um dia essa pessoa tentou ou teve
interesse de defender o trabalhador?", pergunta.
Desde que
assumiu a presidência da Usiminas, conta o presidente do Sindicato, Romel não
foi em nenhum momento conversar com os trabalhadores de Cubatão.
"A Previdência Usiminas está 100% alinhada
com os controladores e esqueceram que dos funcionários", diz.
Em 2011, a
CEU passou a se denominar Previdência Usiminas, depois da união das diretorias
da previdência das duas usinas da companhia,
Cubatão e
Ipatinga, que passaram o ter o mesmo presidente. A CEU é ainda signatária do
acordo de acionistas da Usiminas desde 2004.
Hoje ela
possui 6,75% das ações ordinárias da Usiminas, lembrando que no fim de 2011,
quando a Ternium entrou no capital da companhia, a Previdência Usiminas vendeu
parte de sua fatia.
Segundo o presidente do Sindicato, a situação para
os aposentados da Usiminas, por exemplo, é hoje insustentável.
Para ele, o
contexto evidencia a má gestão dos recursos da Previdência Usiminas e por isso
o sindicato irá entrar com uma ação junto à Previc, órgão que supervisiona a
previdência complementar no Brasil.
Antes disso, o sindicato já realizou denúncias
junto ao Ministério Público, sobre o risco vivido hoje pelos trabalhadores.
"Não sei se o objetivo final é fechar a
unidade de Cubatão", diz.
Na última
sexta-feira, a Usiminas cancelou a divulgação de seu balanço trimestral porque
não houve aprovação do Conselho de Administração, diante de falta de consenso
em relação ao documento apresentado.
Procuradas,
Usiminas, Previdência Usiminas, Ternium e Nippon não comentaram.
Fonte:
Exame.com - 18/02/2015
Fonte: http://www.mundosindical.com.br/sindicalismo/noticias/noticia.asp?id=19365
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