Por: Cebes Em:
01/11/2012 às 15:32:05
Será
realizado entre os dias 3 e 8 de novembro um grande encontro promovido pela
Associação Latino Americana de Medicina Social (Alames), na capital do Uruguai.
Trata-se do XII Congresso Latino Americano de Medicina Social e Saúde Coletiva,
que tem como tema “Crise, aceleração e despojo no capitalismo global: avanços e
retrocessos na luta pela saúde e pela universalização dos direitos”.
Dois outros
encontros acontecerão simultaneamente ao Congresso: o XVIII Congresso
Internacional de Políticas de Saúde e o VI Congresso da Rede de Atores Locais
de Saúde, organizados, respectivamente, pela Associação Internacional de
Políticas de Saúde (IAHP) e pela Rede Américas de Atores Locais de Saúde
(RedAméricas).
Formando um
espaço de intercâmbio, debate e reflexão acerca do impacto da crise global no
direito à saúde, a integração dos três congressos visa gerar sinergia entre as
organizações presentes. Estas trarão realidades de diversos pontos da América
Latina e do mundo, potencializando a diversidade e qualidade do debate, de
forma a garantir propostas sólidas e
novos desafios.
“O congresso
da Alames é um momento muito importante, que reúne toda a comunidade de
pesquisadores e profissionais dos países latino-americanos em torno de novas
reflexões e análises feitas para orientar os processos de lutas nacionais. Este
próximo encontro, particularmente, será momento de análise dos rumos dos
projetos de desenvolvimento em curso nos países e as possibilidades concretas
para a efetivação dos direitos sociais – especificamente no caso da seguridade
social e da saúde”, afirmou a presidente do Cebes (Centro Brasileiro de Estudos
de Saúde), Ana Maria Costa.
Segundo Ana
Costa, o continente não navega em mares calmos quanto aos direitos sociais: “os
projetos de desenvolvimento que estão sendo implementados nos países
latino-americanos ainda são fortemente pautados pelos interesses do capital e,
portanto, do consumo. Esta situação é determinante para a baixa prioridade à
saúde como direito universal social. Nesse contexto, ela tende a ser mais valorizada como mercado do
que como direito social universal. A experiência brasileira está mostrando isto e, portanto, o Cebes estará
presente e irá contribuir para o aprofundamento das analises conjunturais, para
que sejam desenhados novos caminhos”.
Isags e Cebes
presentes
Fruto da
interação permanente entre o Cebes e a comunidade sanitária dos países
latino-americanos, há avanço da articulação e ação política no continente. Esta
articulação, na avaliação do Cebes, que tem sido um interlocutor nacional
privilegiado da Alames, deve ser cada vez mais fortalecida. “Nosso ideário
comum, pautado na formulação e produção de conhecimentos para o ativismo e pelo
direito universal à saúde nos identifica e aproxima”, esclarece a presidenta da
entidade brasileira.
Como não
poderia deixar de acontecer, portanto, com o apoio do Instituto Sul-Americano
de Governo em Saúde (ISAGS), o Cebes estará na próxima semana em Montevideo,
participando de importantes atividades durante o Congresso da Alames, como o
painel proposto pelo Cebes e pela Alames Argentina, “Modelo de desenvolvimento
econômico na América Latina – Possibilidades para as políticas de seguridade
social e saúde” (Modelo de desarrollo económico en Latinoamérica –
Posibilidades para las políticas de seguridad social y salud), que acontecerá
no dia 5 de novembro, no período vespertino.
O ISAGS será
representado pelo venezuelano Oscar Feo, consultor técnico do instituto.
O tema de
evidente oportunidade deve ocupar o centro do debate político no próximo
período, em decorrência da crise econômica global e das limitações à
seguridade. Diversos fatores explicam tais limitações, mas é possível afirmar
que todas tiveram como pano de fundo os conflitos entre a implementação de um
modelo ampliado de seguridade e a adoção de políticas neoliberais a partir da
década de 1990. Como em outros países latino-americanos, o Brasil sofreu as
consequências dessas políticas e, “atualmente, observa-se um modelo de
políticas sociais que não visa essencialmente a consolidação de direitos, mas
sim a ampliação da capacidade de consumo, o que necessariamente não tem o mesmo
significado como base de valores de uma sociedade", afirma Ana Costa.
No caso
brasileiro, temos pela frente grandes desafios políticos e estruturais para
consolidar a seguridade social como sistema, composto por três áreas que atuam
de forma paralela e fragmentada, a Saúde, a Assistência Social e a Previdência
Social. Dentro os inúmeros desafios para saúde, por exemplo, permanece o de
reverter o quadro de fragilização do pilar contributivo da seguridade social –
e espera-se que o painel sugerido pelo Cebes possa ascender ainda mais a
discussão.
Farão parte
da mesa a presidenta do Cebes, Ana Maria Costa, o diretor da entidade, José
Carvalho de Noronha, assim como seu membro consultivo, Nelson Rodrigues dos
Santos, além do convidado do Cebes e vice-presidente da Associação Brasileira
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), Luis Eugenio Portela. Também
estarão presentes na ocasião o Vice-Presidente da Alames, Mario Rovere e o
ativista da Alames Argentina, Giglio Prado.
Já no dia 6
de novembro, o Cebes estará representado por seu diretor Luis Bernardo Bieber no
painel “Atores necessários para a condução do sistema de saúde: formadores de
recursos humanos – equipe de saúde – participação popular” (Actores necesários
para la conducción del sistema de salud: Formadores de recursos humanos -
equipo de salud –participación popular). Na ocasião, será feita uma breve
análise dos vários atores que compõem o campo da saúde, que servirá como
gatilho para futuras ações conjuntas que fortaleçam objetivos comuns.
Além de
Bieber, serão integrantes da mesa a psicanalista, doutora em Saúde Pública e
professora da Universidade de Buenos Aires (UBA), Alicia Stolkine, o
pesquisador argentino Horacio Barri, o especialista em metodologia de pesquisa
e professor titular de Saúde Pública da UBA, Mario Borini, o professor titular
da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Carabobo, na Venezuela, o
consultor da Organização Panamericana de Saúde, Oscar Feo, o epidemiologista da
Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e consultor da Organização
Pan-Americana de Saúde sobre doenças crônicas na América Latina, Victor
Penchaszadeh.
Na
coordenação das duas mesas estará o argentino Juan Canella, interlocutor do
Cebes na organização das mesmas junto à Alames. Segundo Canella, vários
movimentos em nosso continente têm questionado os princípios neoliberais ou
crenças centradas no “Deus Mercado”: “as discussões sugeridas nestes painéis se
fazem necessárias para a criação de novos paradigmas. Propomos um trabalho
conjunto para implementarmos sistemas onde o direito à saúde esteja acima do
mercado”.
Nesse
contexto, haverá ainda a participação da presidenta do Cebes em mesa central
sobre “Determinação e determinantes sociais da saúde: discussão conceitual e
implicações no planejamento de políticas públicas e de qualidade da vida dos
povos” (Determinación social de la salud y determinantes sociales de la salud:
debate conceptual e implicaciones en la planifi cación de las políticas
públicas y la calidad de vida de los
pueblos), no início do primeiro dia de atividades.
Eleições
Alames
A coordenadora
geral da Alames, Nila Heredia, e o coordenador do Congresso, Fernando Borgio,
fazem lembrar que, no dia 9 de novembro, após o fechamento do evento, haverá
ainda eleição de nova direção da associação. Esta, acontecerá durante
assembleia geral que contará com a presença dos membros titulares da entidade,
como previsto em estatuto.
Confira a
programação do Congresso clicando aqui.
Fonte:
ISAGS/UNASUL
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