Começou,
efetivamente, na manhã desta terça-feira (05/05), o XXII Congresso da Federação
de Sindicatos dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino –
Confasubra. Os atrasos aconteceram devido a alguns problemas decorrentes do
credenciamento de algumas delegações dos sindicatos de base. A expectativa para
o número de participantes continua grande, e são esperadas mais de 1.200
pessoas, entre delegados, observadores e convidados.
A
programação do Congresso foi modificada em função do atraso do primeiro dia,
sendo reorganizados os horários das mesas de discussão. O objetivo é
possibilitar que os principais assuntos de interesse da categoria sejam
abordados durante o Confasubra.
Abertura
Nas falas de
abertura foi possível perceber que há consenso em favor da necessidade da greve
e do fortalecimento da luta contra os ataques aos direitos dos trabalhadores. O
primeiro a falar foi Pedro Armengol, da CUT, que reforçou a ideia de uma greve
forte e unificada entre os servidores públicos federais. Em seguida, Bernadete
Menezes, da Intersindical, disse que não se pode aceitar retrocessos, pois “não
podemos passar o bastão dos direitos para a próxima geração de trabalhadores
com direitos pela metade”, afirmou a sindicalista. João Paulo Ribeiro, da CTB,
afirmou que “a construção da unidade é um elemento fundamental para a vitória
dos trabalhadores”. Já Paulo Barela, da CSP Conlutas, questionou a política de
pagamento da dívida pública, que consome quase 50% do PIB e ainda necessita de
cortes severos em setores como saúde e educação.
Jocélio
Drumont, da Internacional do Serviço Público (ISP), e Fernando Rodal, da
Confederação de Educadores Americanos (CEA), pregaram a unidade e a
solidariedade na luta dos trabalhadores na América Latina. Gibran Jordão,
coordenador geral da FASUBRA, disse que este já é o maior Congresso da
Federação, afirmando que “estamos aqui para discutir e aprovar um plano de
lutas e precisamos construir uma greve unificada com os servidores públicos
federais”. Paulo Henrique Santos, coordenador geral da Fasubra, lembrou que a
Federação tem uma história de lutas por direitos e pela diversidade e inclusão
e que “não é possível excluirmos trabalhadores deste momento”. Finalizando,
Rogério Marzola, coordenador geral da Fasubra, encerrando a mesa de abertura,
reafirmou a necessidade de construir uma greve para garantir os direitos e
avançar em outros pontos, “pois não é possível acreditar em um governo que só
diz 'não' aos trabalhadores”, finalizou.
Repúdio ao
governador Beto Richa
Em uma das
falas de abertura do Congresso, a ação do governador do Paraná, Beto Richa, de
enviar a tropa de choque da Polícia Militar para atacar os Educadores e
servidores públicos estaduais, que faziam uma manifestação pacífica em frente à
assembleia legislativa daquele estado, foi fortemente repudiada. Neste momento,
todos os presentes no plenário gritaram ‘fora Beto Richa’, ocasião ímpar que
demonstrou sintonia e solidariedade entre os trabalhadores das diversas esferas
da educação.
Análise de
Conjuntura
Ainda no
período da manhã, foi realizada a análise de conjuntura, um dos pontos fortes
do Confasubra, pois situa o cenário social, político e econômico em que se
darão as lutas da categoria. Por sorteio, foi definida a ordem para as
intervenções, que teve como debatedores Celso Carvalho, do Ressignificar/CUT;
João Paulo, do PCdoB/CTB; Paulo Barela, da CSP/CONLUTAS; Rogério Marzola, do
Vamos à Luta/Intersindical; Pedro Armengol, da CUT; Leia Oliveira, da
TRIBO/CUT; e João Batista Araújo (Babá), da Unidos pra Lutar/PSOL.
Avaliações
Celso
Carvalho afirmou que estamos em um período histórico importante, onde a luta de
classes é organizada pelo neoliberalismo que define a política econômica e
ainda governa o mundo. Para ele, é claro que a direita e a ultra-direita estão
se reorganizando, principalmente depois da Operação Lavajato, e que o fruto
desta reorganização da direita são os ataques aos direitos dos trabalhadores,
aos 40 milhões de homens e mulheres que foram trazidos para a classe
trabalhadora e a qualquer possibilidade de um projeto de governo progressista.
Por fim, ele conclamou uma unificação da Fasubra e fez um chamado do movimento
para ir às ruas e fazer o enfrentamento da direita e dos ataques aos direitos
dos trabalhadores.
João Paulo
abriu sua fala explicando o panorama da crise mundial, em que os trabalhadores
são atacados e massacrados em função da necessidade de se aumentar os lucros
dos grandes capitalistas. A forte crise econômica obriga que se retirem
direitos em todos os países em função de manter os lucros altos, pois há um
esgotamento dos recursos. Ele lembrou, também, que a mídia golpista, que não
está só no Brasil e sim em toda a América Latina, tem atacado os movimentos
sociais e sindicais e saído em defesa dos interesses das grandes empresas, e
que isto tem que ser considerado em nossa luta. Ele sinalizou, ainda, que a
saída da crise não será por meio de terceirização ou retirada de direitos.
Paulo Barela
relacionou a crise do Brasil e mundial com a redução do crescimento na China,
que é um dos principais parceiros comerciais do país. Segundo ele, os
trabalhadores no Brasil têm sentido as consequências da redução das exportações
e, principalmente, da política de pagamento de juros, em que cerca de 48% do
Produto Interno Bruto (PIB) é gasto com pagamento da dívida pública. Em seu
discurso, ele ainda afirmou que o ataque ao Partido dos Trabalhadores (PT) é um
ataque às bandeiras vermelhas, porém o próprio PT provocou isto ao dizer que
era possível governar junto com os patrões, confundindo as massas. Para ele, é
necessário que se faça uma greve geral para enfrentar o governo e todos os
ataques aos trabalhadores, inclusive as medidas provisórias 664 e 665\2015 e a
PL 4.330.
Pedro
Armengol destacou a polaridade entre direita e esquerda, principalmente no
segundo turno das eleições presidenciais de 2014, com um elemento novo: a
disseminação do ódio contra os pobres e os mais de 40 milhões que passaram a
ter acesso a serviços, direitos e consumo. Segundo o sindicalista, o ódio tem
como propósito dividir os trabalhadores e possibilitar um rompimento com
qualquer conquista anterior. Avaliou, ainda, que, sem uma reforma política
profund,a não há chances de quaisquer outras reformas funcionarem, pois o poder
judiciário é extremamente conservador e de direita, decidindo contra os
trabalhadores, e o Legislativo está cada vez mais alinhado com a direita, dando
provas de que não está disposto a abraçar uma pauta positiva para a classe.
Conclamou a todos para uma greve geral no dia 28 de maio e disse que a CUT não
aceitará ataques aos trabalhadores.
Leia
Oliveira falou sobre os consensos nas teses apresentadas pelas diversas forças
que compõem a FASUBRA. Ao serem analisadas, as ideias se convergem na defesa
dos direitos dos trabalhadores, na necessidade de lutar contra as pautas
neoliberais de ajustes fiscais, terceirização e avanço do poder do capital.
Para ela, é fundamental focar no que une a categoria e não dar espaço para a valorização
das diferenças. Ela ainda fez um chamado à unificação, ao resgate da Fasubra
que respeita a diversidade e que é capaz de criar consensos na luta. Para ela,
se a categoria não se unir e ir para as ruas exigir que o governo Dilma cumpra
a pauta que a elegeu, a direita fará com que cumpra a sua pauta.
Babá
relembrou os acordos que foram feitos pelo governo Lula e pelo PT nos últimos
anos. Ele citou o convite de Lula para Sarney ser presidente do Senado e a
aliança do PT com os governos eleitos no Rio de Janeiro, estado e capital, que
o fez se omitir diante de vários movimentos sindicais em que os trabalhadores
eram atacados. Afirmou, ainda, que a política do governo é uma política
neoliberal, de ataque aos trabalhadores, e que está alinhado aos interesses dos
banqueiros, empreiteiras e agronegócio. Babá também enfatizou a necessidade da
unidade para a luta e disse que é preciso lutar contra a política de ajustes
fiscais para pagamentos das dívidas públicas que, segundo ele, consomem mais de
47% do PIB nacional, ou mais de R$ 3 bilhões por dia.
*Texto
retirado do site da Fasubra
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