Brotando a
emancipação, uma experiência de 24 horas sem dinheiro
Rosa da
Fonseca e amigos do grupo "crítica radical" iniciaram num sítio em
Cascavel a experiência de viver sem a necessidade do dinheiro. O POVO passou um
dia lá
Desde seis
de julho passado, ocupantes de um sítio em Cascavel, na Região Metropolitana de
Fortaleza, vêm agindo para alcançar um modo de vida que, segundo eles, pode
voltar a existir, embora com esforços: a vida sem dinheiro. Eu e o repórter
fotográfico Fábio Lima passamos um dia no Sítio Brotando a Emancipação
experimentando a rotina de homens e mulheres que querem jogar fora o que eles
consideram ser o deus da sociedade capitalista.
A iniciativa
é do grupo Crítica Radical, cuja integrante mais famosa é Rosa da Fonseca.
Vereadora de Fortaleza pelo PSB nos anos 90, desde há muito ela está
definitivamente desiludida da possibilidade de a política tradicional tornar a
humanidade feliz. “As pessoas ainda têm uma visão pequena do que propomos. É
uma ruptura com o sistema e com nós mesmos”. Além de Rosa, três pessoas moram
no sítio: Etel, Sandra e Ronaldo. Dos quatro, Etel ainda trabalha. É professora
de Filosofia e Sociologia na rede estadual. Visitantes vêm e vão, chegando a 30
em fins de semana.
O que é
trabalho?
Fábio e eu
chegamos no meio da tarde da última quinta. Fui logo incentivado a tomar parte
na colheita de bananas. Cortei alguns cachos e carreguei um carro de mão
abarrotado deles. Dali fomos puxar água do poço para regar pés de feijão,
milho, melão e outros que começavam a brotar. Já que o Fábio se limitava a
fotografar, brinquei: “Eu trabalhando e ele só tirando foto”. Rosa fez a
observação: “Trabalho não, atividade. Trabalho é o que a gente faz por
dinheiro”. Outros comentários desse tipo viriam.
A casa tem
notebooks e aparelhos celulares (o sinal é um problema, dizem os moradores),
mas não televisão. Sobre a mesa do jantar, leite em caixa, biscoitos e outros
itens comprados em mercantil. Segundo Rosa, o grupo quer se livrar com o tempo
da necessidade de produtos desse tipo. Nos próximos dias, começarão a criar
galinhas que vizinhos lhes deram.
“Esse cuscuz
que a gente vai comer ainda é transgênico. Por isso a gente tem tanto cuidado
com o nosso milho. Queremos nos livrar disso”, afirma Rosa antes do jantar.
Depois de muito papo político, ela e Manoel Inácio do Nascimento, membro do
movimento Ciclovida, tocam músicas de cunho igualmente político no violão (pois
é, a Rosa toca).
Etel chega
da escola trazendo carne, que aceito. Ronaldo dispensa, dizendo que àquela hora
não quer comida “que dê trabalho, quer dizer, trabalho entre aspas”.
Às 5h30min,
José Ciriaco, 66, meeiro do antigo dono e colaborador dos atuais, chega
gritando para anunciar o início das atividades. Aquela manhã é reservada para
cercar com rede um plantio (proteção contra galinhas) e para caminhar quase uma
hora mato adentro até o rio Choró, onde se colhem búzios que dão um caldo muito
prestigiado. Rosa, seu Zé e o filho dele, Edivaldo, vão para mais perto do
encontro de rio e mar para pegar as ostras e siris do almoço.
Em certo
trecho do caminho, os repórteres, exaltados com a beleza da vegetação, comentam
entre si que uma mulher nua naquela paisagem daria uma bela foto. “É a
fetichização do sexo”, nota a professora Iracir de Souza, que nos escutou.
O almoço tem
feijão, batata e macaxeira do terreno e carne de caju tirado de uma área não
exatamente nossa. Quando nos preparamos para partir, chega uma vizinha e Rosa a
presenteia com uns cachos de banana, fruta que ali tem para dar e vender. Opa!
Só para dar.
16h
Chegando ao
sítio, direto para a retirada e carregamento de cachos de banana
17h
A água com
que se rega as plantas sai do poço. Rosa da Fonseca vistoria
6h
Acordado
pelos gritos do seu Zé, hora de regar as plantas de novo, pois chuvas estão
fracas
7h
Moradores e
visitantes do sítio terminam cuidados com a bulandeira
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2014/08/30/noticiasjornaldom,3306578/brotando-a-emancipacao-uma-experiencia-de-24-horas-sem-dinheiro.shtml
Quem Somos
Oi, somos o
Grupo Crítica Radical de Fortaleza, Ceará.
Seja bem
vindo ao nosso site.
Aqui você
vai acompanhar nossas iniciativas como encontros, estudos, seminários,
manifestações, publicação de textos, vídeos, atividades no sítio Brotando a
Emancipação, etc. Você pode também levantar questões, pedir informações, deixar
sua opinião e sua crítica.
O grupo tem
início no final do ano de 1973, quando Rosa Fonseca após sair da prisão,
integra juntamente com Jorge Paiva, Maria Luiza Fontenele, Célia Zanetti e
outros(as) militantes o grupo que contribuiu de forma significativa para a
reorganização dos movimentos sociais em nosso estado e país e que vem atuando
desde então.
Em 1975, o
grupo teve um papel destacado na fundação do Movimento Feminino Pela Anistia
que, a partir de 79, com o advento da Anistia, encerra suas atividades tendo
várias de suas integrantes fundado a União das Mulheres Cearenses que em 2014
completa, portanto 35 anos de luta. Contribui também para a fundação da
Associação dos Sociólogos do Estado do Ceará e da CUT, tendo Rosa Fonseca
integrado a Direção Nacional e sido presidenta da CUT Estadual. A União das
Mulheres Cearenses desde 1979 vem participando ativamente não só da luta contra
a violência sobre as mulheres e a impunidade de assassinos, mandantes e
agressores e na solidariedade às famílias das vítimas, mas também contra as
causas dessa violência mobilizando homens e mulheres para a construção de uma
nova relação social.\r\nAtuando fortemente no movimento dos professores,
metalúrgicos e outras categorias profissionais, o grupo participou também da
fundação do SINTECE e do SINDIUTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em
Educação do Ceará) e da reestruturação do Sindicato dos Metalúrgicos tendo
integrado suas direções por vários mandatos.No período em que atuou na política
Maria Luíza, entre 1978 e 1994, foi deputada Estadual por dois mandatos,
Prefeita de Fortaleza e Deputada Federal. Rosa foi vereadora de Fortaleza por
um mandato (1992/96).
Até certo
tempo o grupo se fundamentava no marxismo. A partir do início da década de 90,
com a descobert a de um duplo Marx, vem desenvolvendo um processo de revolução
teórica e prática tendo se constituído posteriormente como Grupo Crítica
Radical. A partir daí o grupo vem realizando uma ruptura total com a política e
as práticas de partidos e entidades que querem administrar a crise do sistema
arbitrando perdas, propondo-se a contribuir para a construção de um novo
movimento social numa perspectiva emancipatória.
Nesse
sentido o grupo Crítica Radical tem organizado seminários, estudos, debates,
lançamento de livros e outros eventos que trouxeram ao nosso estado vários(as)
escritores(as) que vêm desenvolvendo a teoria crítica do valor/dissociação,
como Robert Kurz, Anselm Jappe, Roswitha Scholz, Moishe Postone, Dieter
Heidemer. Gérard Briche, entre outros.
Recentemente,
realizou o lançamento do livro Dinheiro Sem Valor – Linhas Gerais para uma
transformação da crítica da economia política (Antígona), de Robert Kurz bem
como apoiou e participou significativamente do Seminário A CIDADE PARA QUEM?
Crise estrutural do capital e perspectivas de superação, realizado de 07 a
10/05 por várias entidades que participam da Plenária Unificada dos Movimentos
Sociais, juntamente com o Comitê Popular da Copa. Todas essas iniciativas vêm
no sentido de contribuir para a organização de um novo movimento social, tendo
em vista suplantar o moderno sistema patriarcal produtor de mercadorias com sua
lógica destrutiva e construir a sociedade da emancipação humana.
Além disso,
do ponto de vista prático, o grupo vem desenvolvendo várias atividades onde se
destacam as campanhas pelo Não Voto, contra a violência, contra a
criminalização dos movimentos sociais e pelo direito à memória e à verdade
sobre torturas, mortes e desaparecimentos do período da Ditadura Militar, tendo
participado de forma destacada na campanha pela liberdade do escritor italiano
preso político Cesare Battisti. Atualmente, além de participar ativamente das
jornadas de luta, buscando contribuir para que assumam uma perspectiva
emancipatória, o grupo está empenhado na implementação de uma experiência
prática inovadora para dar início à construção de uma sociedade
pós-capitalista, no sítio Brotando a Emancipação.
Fonte: http://criticaradical.org/quem-somos/
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