Prof. Edenilo, Clovis Renato, Sabino Henrique |
A apresentação
“Democracia
nas relações de trabalho e sindicais: papel contraditório do Estado no ataque e
defesa das Liberdades Sindicais” foi disposta pelo advogado e professor
da FAECE, Clovis Renato Costa Farias, em mesa presidida pelo Coordenador da IES
Prof. Edenilo Barreira, no auditório da Fábrica de Eventos do Hotel Praia
Centro, Praia de Iracema, em Fortaleza.
O
Coordenador leu um breve currículo do autor, demarcando que, Clovis Renato é
doutorando em Direito pela UFC, bolsista da CAPES/CNPq. Vencedor do Prêmio
Nacional em Direitos Humanos da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça
do Trabalho (ANAMATRA), Troféu Cilindro de Ciro, Placa de Reconhecimento da
Coordenadoria Nacional de Liberdades Sindicais do Ministério Público do
Trabalho (CONALIS) e do Fórum das Centrais Sindicais no Ceará (FCSEC), medalha
dos 80 anos da GLMECE, medalha Cavaleiros de York. Graduado em Letras pela
Universidade Federal do Ceará (2003), em Direito pela UNIFOR(2008),
especialista em Direito e Processo do Trabalho (RJ), mestre em Direito
Constitucional UFC. Advogado (OAB 20.500) de organizações sindicais de
trabalhadores e partidos políticos, mediador coletivo, Vice Presidente da
Comissão de Direito Sindical da OAB/CE. Foi Chefe da Assessoria Jurídica do
Procurador Chefe do Ministério Público do Trabalho/PRT-7ª Região (2009-2011),
Secretário Regional Adjunto do MPT, Chefe do Gabinete do Procurador Chefe/PRT.
Dentre as várias
considerações, buscando um modo didático de apresentar o tema à diversidade do
público, o advogado pretendeu demonstrar, dentre diversos outros aspectos, que
no Brasil, segue-se padrões tradicionais antidemocráticos ora predominantes no
Ocidente, há descompasso relacionado à Democracia, com desprezo do aprendizado
histórico relacionado à pacificação social dos grupos em constante tensão.
Profa. Ana Isabel (Coordenadora FAFOR), Prof. Edenilo (Coordenador FAECE), Clovis Renato (Professor UNIP), Profa. Adriana (Coordenadora Geral FAECE/FAFOR/UNIP) |
Ainda, que o
Estado tem sido agente de possível retrocesso social, ao assumir postura
idêntica aos empresários do Capital Privado, defendendo teses que afastam o
Econômico da discussão política. Situação que tem possibilitado, inclusive, a
ocorrência de conflitos violentos nos locais de trabalho, registrada vastamente
pela História, diante da grande insatisfação dos obreiros em determinados
contextos, também, entre os próprios membros da categoria patronal, em face da
redução dos custos de produção pelos empreendedores que praticam a mais valia
ao arrepio dos direitos laborais, opostos pelos que desenvolvem suas atividades
econômicas em ambientes de forte união dos trabalhadores e/ou fiscalização
ostensiva pelo Estado com foco no aprimoramento das relações de trabalho e
produção (dano moral coletivo/dumping social). Pretende-se reafirmar a
imprescindibilidade da via de solução por meio da negociação coletiva quando
legitimada no senso comum dos obreiros e da sociedade, com Poder Real, mas que
vem sendo destruído com a utilização inadequada, especialmente, quanto ao
afastamento de temáticas essenciais da discussão nas mesas, como os aspectos
econômicos e democráticos.
Para
demonstrar tal contexto, serão apresentadas nuances do último conflito coletivo
entre os servidores Técnico Administrativos em Educação (TAE) e a Administração
Pública (UFC), em que houve desrespeito às normas constitucionais, bem como às
normas equiparadas às fundamentais e claro desrespeito aos Direitos Humanos.
Para o palestrante,
o Estado em vez de amenizar a disparidade de interesses por parte da classe
trabalhadora e dos empregadores/administradores, tem sido agente de possível
retrocesso social, ao assumir postura idêntica aos empresários do Capital
Privado, defendendo teses que afastam o Econômico da discussão política.
O que tem
possibilitado, inclusive, a ocorrência de conflitos violentos nos locais de
trabalho, registrada vastamente pela História, diante da grande insatisfação
dos obreiros em determinados contextos, também, entre os próprios membros da
categoria patronal, em face da redução dos custos de produção pelos
empreendedores que praticam a mais valia ao arrepio dos direitos laborais,
opostos pelos que desenvolvem suas atividades econômicas em ambientes de forte
união dos trabalhadores e/ou fiscalização ostensiva pelo Estado com foco no
aprimoramento das relações de trabalho e produção (dano moral coletivo/dumping
social).
Em termos
pragmáticos, a melhor via de solução tem sido a negociação coletiva quando
legitimada no senso comum dos obreiros e da sociedade, com Poder Real, o qual
vem sendo destruído com a utilização inadequada, especialmente, quanto ao
afastamento de temáticas essenciais da discussão nas mesas, como os aspectos
econômicos e democráticos.
Há um cenário jurídico propiciador da negociação coletiva, a qual chega a ser,
via de regra, imposto pelo Legislador/Estado, para as relações públicas e
privadas, mas que ainda carece de efetividade, uma vez que, apesar de se
tratarem de normas detentoras de eficácia, ainda falta a realização social e a
legitimação pelos principais atores em tais relações, especialmente, por parte
dos que se encontram em posição de ‘superioridade’ nas relações laborais, à
revelia do Ordenamento Jurídico, com perecimento da emancipação humana e,
consequentemente, da sociedade.
Pior, os
gestores (públicos ou privados) têm se arvorado da situação de domínio
econômico/financeiro, da aproximação do Estado (bancadas maiores no Congresso
Nacional), da existência de alguns sindicatos de trabalhadores descumpridores
de seu papel de defesa ou sem força representativa, para flexibilizar a já
carente de efetividade normatização de proteção dos trabalhadores, bem como
manejando esforços no sentido de deslegitimar os instrumentos negociados
autonomamente pelos sindicatos, permitindo-se a positivação de normas que
precarizam as relações, contrariando suas finalidades. Em tudo, defende-se e
divulga-se a ideia de que o econômico não pode discutido pela via da negociação
ou pela via política, criando-se um patamar prático que contraria as noções
basilares que norteiam a sociedade.
Para
demonstrar tal contexto, foram apresentadas nuances do último conflito coletivo
entre os servidores Técnico Administrativos em Educação (TAE) e a Administração
Pública (UFC), em que houve desrespeito às normas constitucionais, bem como às
normas equiparadas às fundamentais (Direitos Humanos em Tratados Internacionais
ratificados – Convenção nº 151 da OIT). Foi claro o desrespeito aos Direitos
Humanos, às normas constitucionais e legais, com a vedação das atividades
essenciais à efetividade do direito de greve dos servidores na Universidade
Federal do Ceará, especialmente diante da imposição de submissão ao gestor da
instituição, com multas e gravames, ao arrepio completo da Liberdade Sindical.
Assim, demonstrando-se a essência dos motivos que levaram à falta de êxito do
movimento paredista, declarado abusivo pelo STJ, com imposição de negociação
coletiva por parte do governo federal, a qual continua a seguir apenas
formalmente, uma vez que a Administração continua a não apresentar nada de
concreto ou transacionar em nenhuma questão, ao arrepio da efetividade
constitucional.
Greve de 2014 - TAE |
Ao final, o
professor agradeceu a oportunidade e atenção de todos, especialmente em face da
complexidade dos temas e a real efetivação dos direitos fundamentais, reiterando
a necessidade de combater vícios antidemocráticos no Estado, como forma de
inquietar a sociedade para que lute para a edificação do Poder Estatal
aprimorado. Relembrou o cantor Raul Seixas, destacando que “esse caos vigente é um sinal de que algo está
para acontecer”.
Clovis Renato Costa Farias
Doutorando em Direito pela
UFC
Bolsista da CAPES
Advogado de entidades
sindicais laborais
Professor Universitário
(graduação e pós)
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