O último
expositor da audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) foi
Adilson Conceição Santana, presidente da Federação Internacional dos Trabalhadores
do Amianto Crisotila (FITAC), vice-presidente da Comissão Nacional dos
Trabalhadores do Amianto (CNTA) e diretor secretário do Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais Não-Metálicos de Minaçu
(GO). “É perfeitamente possível extrair e transformar as fibras de amianto
crisotila em produto acabado em condições seguras para trabalhadores e
população em geral”, salientou.
Com mais
de 26 anos de trabalho no segmento, ele falou em nome dos trabalhadores e
afirmou que estes podem ser prejudicados se o amianto for substituído ou
proibido. Adilson mostrou um vídeo expondo a realidade do uso do amianto no
passado e no presente, asseverando que muitas das exposições feitas
anteriormente não correspondem à realidade atual do Brasil. Segundo ele,
atualmente, há umidificação das minas, as operações são monitoradas por vídeo,
o processo é enclausurado (sem poeira) e o ensacamento automatizado. “Hoje, o
trabalhador não põe a mão em fibra de amianto, tanto nas fábricas quanto nas
minas”.
Adilson Santana
disse que as ADIs contra a proibição do amianto nos estados foram ajuizadas
pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI) a pedido dos
trabalhadores do amianto crisotila, “legítimos representantes da categoria,
composta por 15 fábricas de fibrocimento e mais a mineração". Ele afirma
que a defesa do amianto é apoiada pela maioria das centrais sindicais e por
mais de 70 entidades nacionais. “O uso seguro e responsável do amianto
crisotila no Brasil é uma realidade e uma conquista dos trabalhadores, graças
às comissões de fábrica que fiscalizam o processo para garantir que as regras
de segurança sejam cumpridas", disse.
O
presidente da FITAC ressaltou o acordo assinado há mais de 23 anos para
garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores do Brasil, “diferente de
outros países”, e que nele são contempladas mais de 60 cláusulas, como o limite
de exposição, “que é 20 vezes menor" que o previsto em lei. “Agora que
conseguimos organizar nossos locais de trabalho, garantindo um ambiente seguro,
querem jogar todas as nossas conquistas no lixo e substituir a crisotila por
produtos sintéticos que as multinacionais estão impingindo”.
Adilson
Santana reconhece que os problemas do passado não podem ser desprezados, e
afirma que esse passivo é de responsabilidade dos patrões que expuseram os
trabalhadores aos riscos elevados da época. Mas afirma que a realidade hoje é
outra, e que as pesquisas mostram que as doenças são coisas do passado.
"Nós, trabalhadores, não somos suicidas. Não podemos dar a vida para
ganhar a vida, não somos irresponsáveis", concluiu.
Fonte: STF
Nenhum comentário:
Postar um comentário