O biólogo
Thomas Hesterberg, doutor em toxicologia, falando em nome da Confederação
Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI) na audiência pública sobre o
amianto, afirmou que não há dados que garantam que os substitutos usualmente
apontados no Brasil para a crisotila – principalmente o polipropileno e a fibra
de celulose – sejam seguros.
Sua
exposição centrou atenção nos riscos potenciais à saúde decorrentes da
exposição à crisotila, com a tese de que a limitação dos níveis de exposição, o
controle ambiental das áreas de trabalho e a limpeza adequada dos locais
resultam em risco zero. Hesterberg apresentou estudos com animais expostos a
níveis cinco mil vezes superiores aos existentes em ambientes de trabalho com a
crisotila produzida no Brasil que não apresentaram nenhuma doença pulmonar.
Os
parâmetros para a avaliação de riscos de exposição a fibras se resumem, segundo
o especialista, a três "D"s: dose (quantidade que chega aos pulmões),
dimensão (fibras finas se depositam nas áreas mais profundas, fibras longas são
mais tóxicas) e durabilidade (quanto mais durável, mais tóxica). Nesses três
critérios reside a principal diferença entre a crisotila e as formas
anfibólicas do amianto.
Segundo o
toxicólogo, o tempo médio de eliminação da crisotila brasileira do organismo é
de 1,3 dia, inferior ao de fibras artificiais classificadas como não
carcinogênicas pela Agência Internacional de Pesquisas sobre Câncer (IARC). “A
crisotila pode ser usada com segurança”, garante.
Substitutos
Hesterberg
apresentou também estudos sobre os possíveis substitutos para a fibra mineral
feitos pela IARC em 2005 para demonstrar a ausência de garantias quanto a sua
segurança. A fibra de celulose, afirma, tem biopersistência de mil dias no
organismo e está relacionada a excesso de casos de câncer de pulmão, doenças
pulmonares obstrutivas e asma entre trabalhadores da indústria de papel. O
polipropileno demonstra alta toxicidade à inalação, e os níveis de fibras no
pulmão têm aumentado ao longo do tempo, juntamente com os de doenças pulmonares
reversíveis.
A
conclusão apresentada pelo especialista é a de que a crisotila não é tóxica em
níveis baixos de exposição. Por ser eliminada do organismo em poucos dias,
representa baixo risco para as pessoas expostas e pode ser usada com segurança,
ao contrário de seus substitutos, que ainda não foram adequadamente testados.
Fonte: STF
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