Profissionais
enviaram fotos denunciando situação precária do hospital ao Cremerj
RIO — Pacientes atendidos no chão e até na
bancada dos armários. As cenas registradas por profissionais de saúde do
Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, foram enviadas ao Conselho Regional
de Medicina do Rio (Cremerj). As imagens feitas na sala vermelha da
emergência, no último dia 03, segundo o presidente da entidade, Sidnei
Ferreira, mostram um problema que tem sido frequente na unidade: a
superlotação. Segundo Ferreira, a situação é agravada com a falta de recursos
humanos. Para os médicos, a emergência deveria ser referenciada — fechar a
porta de entrada — até que o deficit
de pessoal seja suprido.
De acordo
com um profissional de saúde, que pediu para não ser identificado, a sala
vermelha da emergência — que recebe pessoas graves — tem capacidade para
atender de 10 a 12 pacientes. No entanto, não é raro as vezes que o lugar
abriga de 25 a 30 doentes. Segundo ele, os casos de pacientes deitados no chão
são de pessoas que sofreram uma parada cardíaca ou estavam com a pressão muito
baixa. Elas precisavam ser atendidas deitadas, mas não havia leitos
disponíveis. Segundo os médicos, a emergência ficou ainda mais sobrecarregada
após a desativação de 12 leitos de clínica médica pela falta de médicos,
enfermeiros e auxiliares de enfermagem.
— Os
atendimentos na bancada ou no chão não são pontuais. Eles já se tornaram
rotina. A sensação é a pior possível. Os pacientes atendidos dessa maneira não
têm a menor dignidade — contou o profissional de saúde.
Conforme o
Cremerj, em alguns plantões, a emergência do hospital conta com apenas um
clínico de plantão quando o ideal seriam seis. De acordo com Sidnei Ferreira, a
emergência é o setor do hospital que mais preocupa devido à constante
superlotação e às condições precárias de trabalho dos profissionais. O
presidente do Cremerj ressaltou ainda que a situação já foi levada várias vezes
à Secretaria municipal de Saúde, porém, nada foi feito. O órgão também
denunciou os problemas para o Ministério Público Estadual e a Delegacia do
Consumidor. O MP informou que já instaurou uma ação civil pública e um
inquérito civil para investigar as deficiências de atendimento no Salgado Filho.
— Os
médicos não podem ser responsabilizados por esse descaso e a população merece
um atendimento de qualidade. O Sistema de Regulação de Vagas do hospital não
funciona e os profissionais fazem o que podem. Lugar de paciente não é no chão,
mas quem está lá trabalha em condições indignas para salvar vidas — disse
Ferreira lembrando que a situação flagrada nas fotografias já foi encontrada na
unidade em fiscalizações: — A Secretaria municipal de Saúde é ciente desse
quadro e não resolve nada.
Presidente
do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, também tem conhecimento da
maneira que pacientes são atendidos no Salgado Filho. Para ele, a realidade do
hospital é de um ambiente “degradado” e “inadequado”. Darze também acredita que
a unidade funciona acima do limite da sua capacidade:
— O que a
prefeitura está fazendo é a flagrante violação da legislação brasileira. Esse
atendimento é algo que fere a dignidade da pessoa humana.
A
Secretaria municipal de Saúde informou que aguarda o encaminhamento das fotos
feitas pelos profissionais de saúde no Salgado Filho para apurar o ocorrido e
se pronunciar sobre o assunto. Em nota, a SMS explicou: “O Hospital Municipal
Salgado Filho trabalha com política de portas abertas e todos os pacientes que
procuram a unidade e são avaliados na classificação de risco como graves e
recebem atendimento na emergência. Desta forma, em dias de maior demanda, pode
funcionar em condições além das ideais.”
Sofre
funcionar como emergência referenciada, a secretaria alegou que fechar as portas
do setor significaria negar atendimento às pessoas que chegam espontaneamente à
unidade em busca de socorro médico. “A Secretaria Municipal de Saúde não
compactuará com uma medida arbitrária como essa, que prejudique a população.”
De acordo
com o planejamento da secretaria, o Salgado Filho será o próximo a receber as
melhorias já implantadas nas outras unidades da rede. Entre as ações
desenvolvidas para melhorar o atendimento no local está a implantação do
Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso. Com ele, os pacientes são
atendidos em casa, evitando novas internações e desafogando os leitos da
unidade. Além disso, segundo a SMS, uma Coordenação de Emergência Regional
(CER), ao lado da unidade, estará em funcionamento ainda nesta gestão.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/rio/pacientes-sao-atendidos-no-chao-na-emergencia-do-salgado-filho-11589193
Nenhum comentário:
Postar um comentário