Vocês já repararam no olhar de uma criança quando interroga?
A vida, a irrequieta inteligência que ela tem? Pois bem, você lhe dá uma
resposta instantânea, definitiva, única – e verá pelos olhos dela que baixou
vários risquinhos na sua consideração
Ah, aquela confiança que tem uma criança rezando...Inocente
confiança. Alegria. Quem é de nós que reza com alegria? Parece que só existe
mesmo o Deus das crianças...Deus é impróprio para adultos.
Não importa o enredo das histórias: o que vale é o êxtase de
quem as escuta. Por isso é que as crianças gostam mesmo de ouvir sempre as
mesmas histórias, como se fosse da primeira vez.
Quando a gente era deste tamanhozinho, aí sim, Deus estava
logo ali por detrás das estrelas, todas elas muito perto também. Depois nos
aconteceu, com a sapiência adulta, essa infinita distância... Mas na verdade as
crianças estavam mais a procura da verdade. Pois Deus não será a procura de
Deus?
Que importa o asfalto, o cimento, isso tudo? As meninazinhas
sempre saem da escola correndo descalças sobre a relva.
Nesses desenhos de crianças – vocês também repararam? Há
alguns em que não aparece aquela costumeira estradinha que leva à porta de suas
casas...
A criança que brinca e o poeta que faz um poema – estão
ambos na mesma idade mágica.
In: Para viver com poesia
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