Em que se
transformou a Guarda Municipal de Fortaleza? Parece, já não lhe cabe mais este
nome e, há tempos, deveria ter sido rebatizada para Polícia Militar Municipal
de Fortaleza. É civil apenas no papel. É pacífica somente no discurso. Não há
mais “guardas” por lá e, sim, “soldados” despreparados.
E há no
renascimento desse “frankenstein” das cidades amedrontadas alguns agravantes. O
pior deles: qual estrutura municipal, fora do “comando da Guarda” ou da confusa
Secretaria Municipal da Segurança, vigia, investiga e pune abusos que
porventura seus homens cometam?
No governo
do Estado do Ceará foram anos de pressão para que saísse dos quartéis a
prerrogativa de apurar desvio de conduta de militares. É que o corporativismo
falava mais alto e a sociedade terminava sempre pedindo perdão por ter levado
bordoadas.
A
desacreditada e viciada Corregedoria acabou se transformando na didática
Controladoria de Disciplina. Embora ainda não funcione dentro do ideal, é um
freio para alguns policiais (civis e militares) que costumam se acocorar na
impunidade.
E a
Controladoria poderá ser mais escola que a Academia Integrada de Segurança
Pública. Na Guarda, a cultura militar autoritária começou se formar na gestão
Juraci Magalhães Magalhães (PMDB), ganhou força na administração Luizianne Lins
(PT) e está se consolidando com Roberto Cláudio (Pros). Pata lá, se importou o
que havia de pior na PM.
Os gritos
de “é sola! é sola” de um inspetor da Guarda a seus comandados, na última
quinta-feira, durante os confrontos com estudantes e gente que nada tinha a ver
com o peixe, é sintoma da falta de traquejo desses “militares” às avessas.
Ora, se
nem as polícias conseguiram acertar a mão na formação de seus homens, o que
dizer da Guarda Municipal que sofre com uma incontinente crise de identidade? A
jornalista Sara Oliveira, lesionada, e o fotógrafo Humberto Mota, ameaçado,
experimentaram a inabilidade e a truculência de integrantes da Guarda e de
policiais do Comando Tático Motorizado (Cotam).
São
intocáveis os jornalistas? Não. São operários semelhantes aos PMs e estavam no
exercício de seus ofícios.
Quem disse
aos aos soldados e oficiais do Cotam que é proibido fotografar a PM e a Guarda
em ação contra manifestantes? O querem fazer de ilegal que não se pode
registrar?
Quem disse
aos aos militares do Cotam que se pode apontar uma arma paraum fotógrafo,
devidamente identificado,e ameaçar atirar nele?
Na última
sexta-feira um oficial do Cotam, sem identificação, mandou “tirar o palhaço” do
fotógrafo Fco Fontenele, devidamente identificado, que registrava a prisão de
estudantes no Centro de Fortaleza. Foi detido pela gola da camisa e impedido de
ficar na Pedro Pereira.
Secretário
Servilho Paiva e coronel Lauro Prado: a ordem, agora, é essa?
DEMITRI
TÚLIO é repórter especial e cronista do O POVO
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