“No século
XXI tem-se, em curso, o que se denomina de PRECARIEDADE ESTRUTURAL DO TRABALHO,
em estreita vinculação com a “tecnologização da ciência”. Hoje, sem paralelos
em toda a era moderna, acirra-se a contradição circunscrita por Marx, nos
Grundrisse em 1857-1858: a crescente substituição do “trabalho vivo” de homens
e mulheres pelo “trabalho morto”, objetivado nas máquinas. O sistema do
capital, ao apropriar-se das conquistas do extremo desenvolvimento tecnológico,
efetiva um revolucionamento da própria relação homem-máquina, homem-técnica,
constituindo o que Giovanni Alves nomeia de MAQUINOFATURA, fazendo emergir o
“homo tecnologicus”, a encarnar a “ciberhominização”: No plano virtual,
repõe-se, contraditoriamente, a relação homem-técnica: a máquina como
instrumento e o homem como vigia da máquina... De fato, com a mediação da
ciência e da tecnologia, o sistema do capital vai prescindindo da presença
física e do próprio “saber” e do próprio “fazer” do trabalhador, com o predomínio
das chamadas “máquinas inteligentes”, nos circuitos cibernético-informacionais,
incorporadas a redes digitais. Gesta-se, assim, o crescimento e a AMPLIAÇÃO DA
PRECARIEDADE LABORAL, materializada no desemprego e nos múltiplos processos de
precarização, a alastrar-se no conjunto da classe trabalhadora, em seus
distintos segmentos e diferentes categorias profissionais.
É preciso
enfatizar que esta precarização laboral ampliada adentra os diferentes domínios
da vida, capturando a própria subjetividade dos homens e mulheres
trabalhadores(as), nesta nova ordem do capital. Assim, a precarização do
trabalho que ocorre, hoje, no século XXI, sob o capitalismo global, seria não
apenas “precarização do trabalho”, no sentido da força-de-trabalho como mercadoria,
mas seria também a “precarização do homem-que-trabalha”, no sentido de
precarização existencial, perpassando a relação trabalho-vida.
De fato,
no seio da maquinofatura, o capitalismo mantêm sob tensão o homem e a mulher
trabalhadores, em sua integralidade. Concretamente, homens trabalhadores e
mulheres trabalhadoras vivenciam a precarização laboral e a precarização da
própria existência, comprometendo a saúde, a perspectiva de vida e a inserção
na totalidade das relações sociais. O sofrimento no trabalho, sob múltiplas
formas, levam ao adoecimento físico e mental, com doenças características da
epidemiologia laboral.
[...]
[...]
Assim,
esta condição de proletariedade expande-se na vida social contemporânea,
atingindo diferentes segmentos das classes trabalhadores, inclusive os que
possuem níveis elevados de escolarização. Logo, a segmentos da chamada classe
média são também incluídos nestes percursos de precarização de condições de
trabalho e vida, sobremodo nos circuitos da crise estrutural do capital, em
seus permanentes deslocamentos...”
Fonte:
http://vidaarteedireitonoticias.blogspot.com.br/2014/03/a-vida-social-em-tempos-contemporaneos.html
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