“Eleições não são um meio de Verdade
Não há razão para desprezar as eleições democráticas;
deve-se apenas insistir que não existe uma indicação per se da Verdade – como
regra, elas tendem a refletir a doxa predominante determinada pela ideologia
hegemônica.
[...]
Pode haver eleições democráticas que
sancionem um evento de Verdade – uma eleição na qual, contra a inércia
cético-cínica, a maioria “desperte” momentaneamente e vote contra a opinião
ideológica dominante –, porém, o caráter bastante excepcional de um tal
surpreendente resultado eleitoral prova que as eleições como tal não são um
meio de Verdade.
[...]
Tanto Putin quanto Berlusconi governam em uma democracia que
é cada vez mais reduzida para sua casca vazia e ritualizada e, a despeito da
situação econômica que se degrada rapidamente, ambos gozam de amplo (acima de
dois terços dos votos) apoio popular.
[...]
Essa silenciosa aceitação de Berlusconi
como Destino é talvez o mais triste aspecto do seu reino: sua democracia é uma
democracia daqueles que ganharam graças à inércia, que reinam por meio da
desmoralização cínica.”
(ŽIŽEK, Slavoj. Democracia
corrompida - O potencial autêntico da democracia vem perdendo terreno hoje para
a ascensão de um novo capitalismo autoritário. In. Dossiê CULT: A
democracia e seus impasses, julho, 2012. p. 54)
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