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quarta-feira, 12 de março de 2014

Vida e Arte: Morador de rua, pai, avô e músico - Domingo Cultural no Espaço Cultural da Lagoa do Porangabussu

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Quem reside, estuda, trabalha ou simplesmente transita pelo Parque Araxá e adjacências certamente já viu esse homem aí da foto pelas ruas do bairro com um carrinho de mão, recolhendo lixo para reciclar e vender, bem como pedindo uns trocados às pessoas a fim de garantir a sua sobrevivência. No dia 16 do mês passado ele ia passando em frente ao Espaço Cultural da Lagoa, numa das margens da lagoa do Porangabussu, no momento em que ali estava sendo realizada uma feijoada, pediu para cantar uma música e simplesmente emocionou o público presente, cantando e tocando ao violão várias pérolas da mais legítima Música Popular Brasileira.
O JPA foi atrás da sua história e descobriu que Carlos Nascimento, que é mais conhecido como Carlão, possui um passado brilhante como músico. Já cantou e tocou com renomados artistas locais e nacionais, sendo atração em diversas casas noturnas de Fortaleza e cidades do interior, bem como em festas particulares (casamentos, aniversários e outras recepções), mas, a certa altura, resolveu largar tudo, se afastar dos parentes e amigos e viver livremente, sem compromissos com o relógio e com as contas no final do mês. Já tentou se recuperar várias vezes, sem conseguir êxito.
Carlão tem 14 filhos, alguns deles já bem encaminhados na vida, e 9 netos, e sempre recebeu apelos da família para voltar a viver normalmente. Porém, a vontade de continuar na rua tem sido mais forte. “Cara, eu fui cantar no Espaço Cultural da Lagoa justamente para ver se alguém me ajuda, porque já estou cansado de morar na rua. Tudo que eu quero é morar numa casinha simples, onde eu possa viver dignamente, onde eu possa chegar cansado, depois do trabalho, e tomar um banho, assistir uma televisão, tocar meu violão...”, afirma.
Segundo ele, depois da apresentação na feijoada, diversas pessoas o procuraram e se comprometeram a ajudá-lo a retomar a carreira artística. “Já me deram roupas, calçados, toalhas, produtos de higiene e outras coisas. O pessoal da Sound Dance já me levou até para fazer uma apresentação numa barraca de praia no Icaraí e tem outros convites pintando por aí. Agradeço a vocês, do JPA e do Projeto Bem Fazer, pela força. Estou disposto a aproveitar essas oportunidades, porque já estou cansado de sentir na pele a indiferença das pessoas em relação ao meu trabalho na rua”, acrescenta.


Fonte: http://juracymendonca.blogspot.com.br/2014/03/morador-de-rua-da-show-de-mpb-na.html 

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