O Congresso Nacional, tomado pelas manifestações de 17 de junho de 2013 (Foto: Mídia NINJA) |
Confira
abaixo artigo inédito enviado pelo autor para a Boitempo publicar no livro
Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil,
com previsão de lançamento para o final de julho.
Tradução
de Nathalia Gonzaga.
Em seus
textos de juventude, Marx descreveu a situação alemã como aquela em que a
solução de problemas particulares só era possível através da solução universal
(revolução global radical). Ali reside a fórmula mais resumida da diferença
entre um período reformista e um revolucionário: em um período reformista, a
revolução global continua a ser um sonho que, na melhor das hipóteses, sustenta
nossas tentativas para aprovar alterações locais – e, no pior dos casos,
impede-nos de concretizar mudanças reais –, ao passo que uma situação
revolucionária surge quando se torna claro que apenas uma mudança global
radical pode resolver os problemas particulares. Nesse sentido puramente
formal, 1990 foi um ano revolucionário: tornou-se claro que as reformas
parciais dos Estados comunistas não seriam suficientes, que era necessário uma
ruptura global radical para resolver até mesmo problemas parciais (fornecimento
adequado de alimentos etc.).
Então onde
é que estamos, hoje, em relação a essa diferença? Seriam os problemas e
protestos dos últimos anos sinais de uma crise global que está gradual e
inexoravelmente se aproximando, ou seriam estes apenas pequenos obstáculos que
podem ser contidos, se não resolvidos, por meio de intervenções precisas e
específicas? A característica mais estranha e ameaçadora sobre eles é que não
estão explodindo apenas (ou principalmente) nos pontos fracos do sistema, mas
também em lugares que eram até agora tidos como histórias de sucesso. Problemas
no Inferno parecem compreensíveis – sabemos por que as pessoas estão
protestando na Grécia ou na Espanha, mas por que é que há problemas no Paraíso,
em países prósperos ou que, ao menos, passam por um período de rápido
desenvolvimento, como a Turquia, a Suécia e o Brasil? Com uma retrospectiva,
podemos agora ver que o “problema no Paraíso” original foi a revolução de
Khomeini, no Irã, um país considerado oficialmente próspero, na via rápida da
modernização pró-ocidental, e principal aliado do Ocidente na região. Talvez
exista algo de errado com a nossa percepção de Paraíso.
Antes das
contínuas ondas de protestos, a Turquia era quente: um modelo de economia
liberal próspera combinado com um Islamismo moderado e de “rosto humano”. Apta
para a Europa, mostrou-se um contraste bem-vindo em relação a essa Grécia mais
“europeia”, presa em um antigo pântano ideológico e destinada à autodestruição
econômica. É verdade que ocorreram alguns sinais ameaçadores (a insistente
negação do holocausto armênio, a prisão e acusação de centenas de jornalistas,
a situação não resolvida dos curdos, as exigências de uma grande Turquia que
iria ressuscitar a tradição do império Osman, a imposição ocasional da
legislação religiosa etc.), mas que acabaram todos sendo considerados como
pequenas manchas que não deveriam ter sido autorizadas a borrar a imagem
internacional de um país em que, aparentemente, a última coisa que se poderia
esperar são protestos – eles simplesmente não deveriam ter acontecido.
Então o
inesperado aconteceu: explodiram os protestos da Praça Taksim, no centro de
Istambul. E hoje todo mundo já sabe que a transformação do tal do parque que
faz fronteira com a praça em um centro comercial não foi exatamente o motivo
dos protestos; um mal-estar mais profundo foi ganhando força sob a superfície.
É o mesmo com os protestos que eclodiram no Brasil em meados de junho: foram
sim desencadeados por um pequeno aumento no preço do transporte público, mas
continuaram mesmo após essa medida ser revogada. Mais uma vez, os protestos
explodiram em um país que, ao menos de acordo com os meios de comunicação,
encontrava-se no seu ápice econômico, desfrutando da alta confiança depositada
em seu futuro. Somou-se ao mistério o fato de que os protestos foram
imediatamente apoiados pela presidente Dilma Roussef, que afirmou estar
“encantada” por eles. Sendo assim, quem são os verdadeiros alvos de inquietação
dos manifestantes sobre a corrupção e desintegração dos serviços públicos?
Em suma, a
Turquia quente de repente se tornou uma fria. Então sobre o que foram realmente
os protestos? É crucial não limitá-los a uma sociedade civil secular impondo-se
contra um autoritário governo islâmico apoiado pela maioria muçulmana
silenciosa: o que complica a situação é o caráter anticapitalista dos protestos
(privatização do espaço público) – o eixo fundamental dos protestos turcos foi
a ligação entre o islamismo autoritário e a privatização do espaço público de
livre mercado. Essa ligação é justamente o que torna o caso da Turquia tão
interessante e de longo alcance: os manifestantes intuitivamente sentiam que a
liberdade de mercado e o fundamentalismo religioso não são mutuamente
exclusivos, que podem muito bem trabalhar lado a lado – um sinal claro de que o
“eterno” casamento entre a democracia e o capitalismo aproxima-se do divórcio.
Devemos
evitar o essencialismo aqui: não existe um único objetivo “real” perseguido
pelos manifestantes, algo capaz de, uma vez concretizado, reduzir a sensação
geral de mal-estar (“os protestos são realmente contra o capitalismo global,
contra o fundamentalismo religioso, em defesa das liberdades civis e da
democracia…”). O que a maioria das pessoas que participaram dos protestos
compartilha é um sentimento fluido de desconforto e descontentamento que
sustenta e une demandas particulares. Aqui, novamente, o velho lema de Hegel de
que “os segredos dos antigos egípcios eram segredos também para os próprios
egípcios” mantém-se plenamente: a luta pela interpretação dos protestos não é
apenas “epistemológica”; a luta dos jornalistas e teóricos sobre o verdadeiro
teor dos protestos é também uma luta “ontológica”, que diz respeito à coisa em
si, que ocorre no centro dos próprios protestos. Há uma batalha acontecendo
dentro dos protestos sobre o que eles representam em si: é apenas uma luta
contra a administração de uma cidade corrompida? Contra o regime islâmico
autoritário? Contra a privatização dos espaços públicos? O desfecho dessa
situação está em aberto, e será resultado do processo político atualmente em
curso.
O mesmo
vale para a dimensão espacial dos protestos. Já em 2011, quando uma onda de
manifestações estava explodindo por toda a Europa e pelo Oriente Médio, muitos
comentaristas insistiam que não deveríamos tratá-los como momentos de um mesmo
movimento de protestos globais, pois cada um deles reagia a uma situação
específica: no Egito, os manifestantes exigiam aquilo que as sociedades contra
as quais o movimento Occupy protestava já tinham (a liberdade e a democracia);
até mesmo nos países muçulmanos, a Primavera Árabe no Egito e a Revolução Verde
no Irã eram fundamentalmente diferentes: enquanto o primeiro dirigia-se contra
um autoritário regime pró-ocidental e corrupto, o segundo condenava o
autoritarismo islâmico). É fácil observar como essa particularização de
protestos ajuda os defensores da ordem mundial existente: não há nenhuma ameaça
contra a ordem global como tal, e sim problemas locais específicos.
Aqui, no
entanto, deve-se ressuscitar o bom e velho conceito marxista de totalidade –
neste caso, da totalidade do capitalismo global. O capitalismo global é um
processo complexo que afeta diversos países de maneiras variadas, e o que
unifica tantos protestos em sua multiplicidade é que são todos reações contra
as múltiplas facetas da globalização capitalista. A tendência geral do
capitalismo global atual é direcionada à expansão do reino do mercado,
combinada ao enclausuramento do espaço público, à diminuição de serviços
públicos (saúde, educação, cultura) e ao aumento do funcionamento autoritário
do poder político. É dentro desse contexto que os gregos protestam contra o reinado
do capital financeiro internacional e contra seu próprio Estado clientelista,
ineficiente e corrupto, cada vez menos capaz de fornecer serviços sociais
básicos; que os turcos protestam contra a comercialização dos espaços públicos
e o autoritarismo religioso; que os egípcios protestaram contra o regime
autoritário corrupto apoiado pelas potências ocidentais; que os iranianos
protestaram contra o fundamentalismo religioso corrupto e ineficiente etc.
O que une
esses protestos é o fato de que nenhum deles pode ser reduzido a uma única
questão, pois todos lidam com uma combinação específica de (pelo menos) duas
questões: uma econômica, de maior ou menor radicalidade (de temáticas que
variam de corrupção e ineficiência até outras francamente anticapitalistas), e
outra político-ideológica (que inclui desde demandas pela democracia até
exigências para a superação da democracia multipartidária usual). E será que o
mesmo já não se aplica ao Occupy Wall Street? Sob a profusão de (por vezes,
confusas) declarações, o movimento Occupy sugere duas ideias básicas: i) o
descontentamento com o capitalismo como sistema – o problema é o sistema
capitalista em si, não a sua corrupção em particular –; e ii) a consciência de
que a forma institucionalizada de democracia multipartidária representativa não
é suficiente para combater os excessos capitalistas, ou seja, que a democracia
tem de ser reinventada.
Isto, é
claro, não significa que, uma vez que a verdadeira causa dos protestos é o
capitalismo global, a única solução seja sobrepor-se diretamente a ele. A
alternativa de negociação pragmática com problemas particulares, esperando por
uma transformação radical, é falsa, pois ignora o fato de que o capitalismo
global é necessariamente inconsistente: a liberdade de mercado anda de mãos
dadas com o fato de os Estados Unidos apoiarem seus próprios agricultores com
subsídios; pregar democracia anda de mãos dadas com o apoio à Arábia Saudita.
Tal inconsistência, essa necessidade de quebrar suas próprias regras, abre um
espaço para intervenções políticas: quando o capitalista global é forçado a
violar suas próprias regras, abre-se uma oportunidade para insistir que essas
mesmas regras sejam obedecidas. Isto é, exigir coerência e consistência em
pontos estrategicamente selecionados nos quais o sistema não consegue se manter
coerente e consistente é uma forma de pressionar o sistema como um todo. Em outras palavras, a arte da
política reside em insistir em uma determinada demanda que, embora completamente
“realista”, perturba o cerne da ideologia hegemônica e implica uma mudança
muito mais radical, ou seja, que embora definitivamente viável e legítima, é de
fato impossível. Era este o caso do projeto de saúde universal de Obama, razão
pela qual as reações contrárias foram tão violentas .
Um
movimento político nasce de alguma ideia positiva em prol da qual ele se
esforça, mas ao longo de seu prórprio curso essa ideia passa por uma
transformação profunda (não apenas uma acomodação tática, mas uma redefinição
essencial), porque a ideia em si é comprometida no processo, (sobre)determinada
em sua materialização [1]. Tomemos como
exemplo uma revolta motivada por um pedido de justiça: uma vez que as pessoas
tornam-se de fato envolvidas, pecebem que é necessário muito mais para que seja
feita a verdadeira justiça do que apenas as limitadas solicitações com que
começaram (revogação de algumas leis etc.). O problema, portanto, é: o que
exatamente seria esse “muito mais”? A ideia liberal-pragmática é que os
problemas podem ser resolvidos gradualmente, um por um (“as pessoas estão
morrendo agora em Ruanda, então esqueçamos sobre a luta anti-imperialista e
vamos apenas evitar esse massacre”, ou “temos de lutar contra a pobreza e o
racismo aqui e agora, sem esperar o colapso da ordem capitalista global”).
Recentemente, John Caputo escreveu:
“Eu ficaria imensamente feliz caso os políticos de extrema esquerda dos Estados Unidos fossem capazes de reformar o sistema, oferecendo serviços de saúde universal, efetivamente redistribuindo a riqueza de forma equitativa e com um código tributário revisado, efetivamente restringindo o financiamento de campanha, garantindo os direitos de todos os eleitores, tratando trabalhadores migrantes humanamente, efetuando uma política externa multilateral que integrasse o poder norte-americano no seio da comunidade internacional etc., ou seja, intervir sobre o capitalismo por meio de reformas sérias e de longo alcance. [...] Se depois de tudo isso, [Alain] Badiou e Zizek se queixassem de que um monstro chamado Capital ainda nos persegue, eu tenderia a cumprimentar esse monstro com um bocejo.” [2]
O problema
aqui não é a conclusão de Caputo de que, se pudéssemos conseguir tudo isso
dentro do capitalismo, não teríamos porque não permanecer onde estamos. O
problema é a premissa subjacente de que seja possível obter tudo isso dentro do
capitalismo global em sua forma atual. E se os problemas de funcionamento do
capitalismo enumerados por Caputo não são apenas distúrbios acidentais, mas
estruturalmente necessários? E se o sonho de Caputo for um sonho de
universalidade (a ordem capitalista universal), sem sintomas, sem os pontos
críticos nos quais sua “verdade reprimida” mostra a própria cara?
Os
protestos e revoltas atuais são sustentados pela sobreposição de diferentes
níveis, e é esta combinação de propostas que representa sua força: eles lutam
pela democracia (“normal”, parlamentar) contra regimes autoritários; contra o
racismo e o sexismo, especialmente contra o ódio dirigido a imigrantes e
refugiados; pelo estado de bem-estar social contra o neoliberalismo; contra a
corrupção na política e na economia (empresas que poluem o meio ambiente etc.);
por novas formas de democracia que avancem além dos rituais multipartidários
(participação etc.); e, finalmente, questionando o sistema capitalista mundial
como tal e tentando manter viva a ideia de uma sociedade não capitalista. Duas
armadilhas existem aí, a serem evitadas: o falso radicalismo (“o que realmente
importa é a abolição do capitalismo liberal-parlamentar, todas as outras lutas
são secundárias”) e o falso gradualismo (“no momento, temos de lutar contra a
ditadura militar e por uma democracia básica; todos os sonhos socialistas devem
ser postos de lado por enquanto”). A situação é, portanto, devidamente
sobredeterminada, e devemos inquestionavelmente mobilizar aqui as velhas
distinções maoístas entre a contradição principal e as contradições secundárias
– isto é, os antagonismos –, entre os que mais interessam no fim e os que
dominam hoje. Por exemplo, há situações concretas em que insistir sobre o
antagonismo principal significa perder a oportunidade e, portanto, desferir um
golpe à própria luta capital.
Somente a
política que leva plenamente em conta a complexidade da sobredeterminação
merece o nome de estratégia política. Quando temos de lidar com uma luta
específica, a questão chave é: como nosso engajamento (ou a falta dele) nesta
luta afetará as outras? A regra geral é que quando uma revolta começa contra um
regime semidemocrático opressivo (como foi o caso do Oriente Médio em 2011), é
fácil mobilizar grandes multidões com palavras de ordem que facilmente agradam
(“pela democracia”, “contra a corrupção” etc.). Mas então aproximamo-nos gradualmente
de escolhas mais difíceis: quando a nossa revolta é vitoriosa em seu objetivo
direto, percebemos que o que realmente nos incomodou (a nosso falta de
liberdade, a humilhação, a corrupção social, a falta de perspectiva de uma vida
decente) toma uma nova forma e precisamos então admitir que há uma falha em
nosso objetivo em si (por exemplo, de que a democracia “normal” também pode ser
uma forma de falta de liberdade), ou que devemos exigir mais do que apenas a
democracia política – pois a vida social e a economia também devem ser
democratizadas. Em suma, o que à primeira vista tomamos como um fracasso que só
atingia um princípio nobre (a liberdade democrática) é afinal percebido como
fracasso inerente ao próprio princípio. Essa descoberta – de que o princípio
pelo qual lutamos pode ser inerentemente viciado – é um grande passo de
pedagogia política.
A
ideologia dominante mobiliza aqui todo o seu arsenal para nos impedir de chegar
a essa conclusão radical. Seus representantes nos dizem que a liberdade democrática
traz consigo sua própria responsabilidade e que esta tem um preço – logo, que é
um sinal de imaturidade esperar tanto assim da democracia. Dessa forma, nos
culpam por nosso fracasso: segundo eles, em uma sociedade livre somos todos
capitalistas investindo na própria vida, quando decidimos, por exemplo, nos
focar mais em nossa educação do que em diversão para que sejamos bem sucedidos.
Em sentido político mais direto, os Estados Unidos perseguem coerentemente uma
estratégia de controle de danos em sua política externa, por meio da
recanalização de levantes populares para formas capitalistas-parlamentares
aceitáveis: foi o bem sucedido caso da África do Sul, após a queda do regime do
apartheid; nas Filipinas, depois da queda de Marcos; na Indonésia, após Suharto
etc. É aqui que a política propriamente dita começa: a questão é como seguir
adiante depois de finda essa primeira e entusiasmada etapa, como dar o próximo
passo sem sucumbir à catástrofe da tentação “totalitária” – como ir além de
Mandela sem se tornar Mugabe?
Então, o
que significaria isso em um caso concreto? Vamos voltar aos protestos de dois
países vizinhos, Grécia e Turquia. Numa primeira abordagem, eles podem parecer
totalmente diferentes: a Grécia está enroscada nas políticas ruinosas da
austeridade, enquanto a Turquia goza de um boom econômico e está emergindo como
uma nova superpotência regional. Mas se, no entanto, cada Turquia gera e contém
sua própria Grécia, suas próprias ilhas de miséria? Em uma de suas Elegias de
Hollywood, Brecht escreveu sobre essa aldeia (como ele a chama):
A aldeia de Hollywood foi planejada de acordo com a noçãoQue as pessoas desse lugar fazem do Céu. Nesse lugarElas chegaram à conclusão de que Deus,Necessitando de um Céu e de um Inferno, não precisouPlanejar dois estabelecimentos, masApenas um: o Céu. Que esse,Para os pobres e infortunados, funcionaComo Inferno. [3]
Será que o
mesmo não se aplica à aldeia global de hoje, como os casos exemplares do Qatar
ou de Dubai, onde há glamour para os ricos e quase escravidão para os
trabalhadores imigrantes? Não é de se admirar, então, que um olhar mais atento
revele a semelhança subjacente entre a Turquia e a Grécia: privatizações,
fechamento de espaços públicos, o desmantelamento dos serviços sociais, a ascensão
da política autoritária (basta comparar a ameaça do fechamento da TV pública na
Grécia com os sinais de censura na Turquia). Nesse nível elementar, os
manifestantes gregos e turcos estão engajados na mesma luta. O verdadeiro
evento teria sido então para coordenar ambas, para rejeitar as tentações
“patrióticas”, recusar-se a se preocupar com as preocupações de outros (isto é,
deixar de enxergar a Grécia e a Turquia como inimigos históricos) e organizar
manifestações comuns de solidariedade.
Talvez o próprio
futuro dos protestos em curso dependa da capacidade de se organizar essa
solidariedade global.
[1] Em seu famoso Prefácio à Contribuição à
crítica da economia política (São Paulo, Expressão Popular, 2012), Marx
escreveu que, em seu pior modo evolutivo, a humanidade só apresenta a si mesma
tarefas que ela é capaz de resolver. Somos tentados a inverter essa declaração
e afirmar que a humanidade só apresenta para si tarefas que não pode resolver,
desencadeando, assim, um processo imprevisível no decurso do qual a própria
tarefa (objetivo) é redefinida.
[2] John Caputo
e Gianni Vattimo, After the Death of God (Nova York, Columbia University Press,
2007), p. 124-5.
[3] Compostas por Bertold Brecht em 1942, as
elegias podem ser ouvidas no álbum Supply and Demand, do músico alemão Dagmar
Krause, gravado pela Hannibal Records em 1986. Fazem parte de um total de
dezesseis canções, compostas por Kurt Weill e Hanns Eisler, e interpretadas por
Krause.
***
Este texto
de Slavoj Žižek será um dos capítulos do livro de intervenção Cidades Rebeldes:
passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil, organizado pela
Boitempo. Com textos de David Harvey, Mike Davis, Ruy Braga, Ermínia Maricato,
Carlos Vainer, Lincoln Secco, Silvia Viana, João Alexandre Peschanski, Raquel
Rolnik, Pedro Rocha de Oliveira, Felipe Brito e Paulo Arantes, entre outros. O
livro está previsto para o final deste mês de julho.
Publicado
em 05/07/2013
Por Slavoj
Žižek.
Fonte: http://blogdaboitempo.com.br/2013/07/05/problemas-no-paraiso-artigo-de-slavoj-zizek-sobre-as-manifestacoes-que-tomaram-as-ruas-do-brasil/
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