As mudanças climáticas podem aumentar a
frequência e a intensidade de fenômenos naturais extremos em todos as regiões
do globo. Inclusive, no Ceará
Tufões nas
Filipinas, tornados nos Estados
Unidos, chuvas na Índia e terremotos na China. O ano de 2013 ainda nem chegou ao fim e já soma milhares de mortos e feridos e um número
incontável de desabrigados vítimas de desastres naturais. Para especialistas,
ainda é cedo para afirmar se os recentes
fenômenos naturais extremos são resultado direto do aquecimento global. É
certo, no entanto, que as mudanças climáticas deverão aumentar a força com que
a mãe natureza reage sobre a Terra. E, na rota das catástrofes mundiais,
podemos não estar tão a salvo quanto imaginamos.
“É um mito dizer que o Brasil não tem risco de
ocorrência de um grande desastre
natural. Basta citar o caso do Rio de Janeiro, em 2011, com mais de mil mortos.
Isso é um desastre de uma magnitude muito grande”, comenta Carlos Frederico
Angelis, pesquisador do Centro Nacional
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O órgão, criado em
2011, monitora situações de risco em 821 municípios. De acordo com o
pesquisador, todos os anos, desastres de grande porte são registrados pelo
Cemaden. A má notícia é que, segundo
Angelis, eles tendem a aumentar.
Entre os
anos de 1991 e 2000, o registro da
ocorrência de desastres naturais subiu 268% no Brasil, de acordo com o Atlas
Brasileiro de Desastres Naturais, lançado em 2012 pela Secretaria Nacional de
Defesa Civil. No último ano, segundo o Anuário Brasileiro de Desastres Naturais
2012, produzido pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
(Cenad), foram relatados, em todo o País, 376 desastres naturais. Os fenômenos
causaram 96 óbitos e afetaram 16,9 milhões de pessoas.
Mudanças
climáticas
“As
estatísticas já mostram que o número de desastres tem aumentado e, pior, a sua
magnitude também”, aponta o pesquisador. No Brasil, segundo Angelis, as
principais catástrofes naturais envolvem deslizamentos de terra, enchentes e a
seca. Todos, explica o pesquisador, correm o risco de serem agravados por
fatores naturais e humanos. Os
primeiros, responsáveis pelo aumento das temperaturas; os últimos, pela
ampliação de habitações em áreas de risco.
“Quando aumentamos a temperatura, aumentamos
a quantidade de água na atmosfera e, quando chove, por exemplo, chove mais. Por
outro lado, em lugares secos, o aumento da temperatura provoca mais evaporação
e pode agravar a seca. Além disso, existe o fator indiscutível da
vulnerabilidade da população”, completa Regina Rodrigues, pesquisadora da
Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima).
Um exemplo
é o temporal que atingiu, há uma semana,
a cidade de Lajedinho, a cerca de 355 quilômetros de Salvador, na região da
Chapada Diamantina. O nível de água
chegou a dois metros e deixou pelo menos 11 mortos e seis pessoas desaparecidas
até o fechamento deste caderno. Cerca
de 200 pessoas, incluindo o prefeito da cidade, ficaram desabrigadas,
conforme a Defesa Civil.
De acordo
com Regina, a previsão de eventos
climáticos extremos ainda é um desafio para a ciência. “A experiência caótica é
intrínseca a esses eventos. Eles podem se formar rapidamente e prever a hora e
lugar exatos é muito difícil”, comenta.
Fonte: O
Povo
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