Francisco Peixoto Lins
Infância e juventude
Seus pais foram Miguel Peixoto
Lins e Joana Alves Peixoto. Embora nascido em 1905, para efeito do Registro
Civil e, destarte, para todos os efeitos, seu nascimento se deu em igual data
do ano de 1907.
Tendo perdido a sua mãe em tenra
idade, passou a sua infância em Fortaleza, cercado pelo afeto dos tios. Iniciou
a sua educação em um seminário, iniciando-se nessa etapa da vida sérias dúvidas
sobre a existência de Deus, diante de temas tão distintos como o das diferenças
sociais marcantes na Região Nordeste do Brasil, e do nascimento de seres
anormais.
Aos catorze anos de idade deixou
o seu estado natal em busca da Amazônia, à época um Eldorado para um
nordestino. Durante dois anos trabalhou na extração de borracha nos seringais
amazonenses, enfrentando, além da solidão, os perigos da região e a exiguidade
de recursos da época.
A prática mediúnica
Em 1926 veio para o Rio de
Janeiro, então capital da República, tendo se alistado no Exército Brasileiro,
vindo a servir na Fortaleza de Santa Cruz da Barra.
Posteriormente, foi transferido
para Macaé, no litoral do estado. Foi naquela cidade que se iniciou a sua
prática na Doutrina Espírita, vindo a fundar, com um grupo de amigos, o Grupo
Espírita Pedro. Também em Macaé, em 1933, veio a constituir família, desposando
Benedita Vieira Peixoto, carinhosamente apelidada de "Baby".
Em sua carreira como militar foi
por diversas vezes transferido. Para onde quer que fosse, fixava residência com
a família e ali fundava um posto de receituário homeopata. Assim se deu em Imbituba,
Rio de Janeiro, Santos e Campos dos Goitacazes.
O Grupo Espírita André Luiz
Em 1945 foi transferido de
Imbituba para o Rio de Janeiro, onde serviu na Fortaleza de São João. Nesta
cidade reencontrou-se com antigos amigos, entre os quais Antônio Alves Ferreira,
velho confrade do Grupo Espírita Pedro, em Macaé, nessa época residindo no Rio.
Das reuniões semanais na residência desse confrade nasceu um culto doméstico
que, em poucos meses, se transformou no Grupo Espírita André Luiz, cuja sede
provisória era, então, no escritório de representações do confrade Jaques
Aboab, à Rua Moncorvo Filho, 27, sobrado.
No Grupo Espírita André Luiz
Peixotinho prestou os seus serviços mediúnicos. Nessa fase, enquanto residiu no
Rio de Janeiro, reunia os amigos em sua residência, todos os domingos.
Da cidade do Rio de Janeiro
Peixotinho foi transferido para a de Santos em 1948, onde passou a frequentar o
Centro Espírita Ismênia de Jesus. Naquele ano, antes de mudar-se para Santos,
ocorreu o seu encontro com Francisco Cândido Xavier, o primeiro de muitos
outros que se sucederiam. Em Pedro Leopoldo, juntamente com Chico Xavier,
ocorreram várias reuniões de materialização e de tratamento.
Grande número das sessões no
Grupo André Luiz e em Pedro Leopoldo encontram-se narradas por Rafael A.
Ranieri em "Materializações Luminosas" (1973).
O Grupo Espírita Aracy
Transferido para Campos em fins
de 1949, iniciou seus serviços no Grupo Espírita Joana D'Arc. Pouco depois,
diante do crescimento da frequência ao culto doméstico que fazia com os seus
familiares e amigos, nasceu o Grupo Espírita Aracy, sua guia espiritual e que,
na última encarnação, fora sua filha. Ao Grupo Aracy Peixotinho dedicou os seus
últimos anos de vida terrena.
Aspectos da personalidade
Apesar de sua eficiência no receituário
mediúnico, foi portador de asma, e compreendia ser essa a sua provação terrena.
Apesar dos sofrimentos, era alegre e brincalhão, e por muitos considerado uma
criança grande.
Como médium nunca cobrou por seus
dotes mediúnicos. Viveu pobre e exclusivamente dos seus vencimentos de oficial
da reserva do Exército, reformado que foi no posto de capitão.
Manteve sempre grande zelo pelos
princípios esposados por Allan Kardec, em todos os Grupos ou Centros por ele
fundados.
Dedicou-se ao tratamento de casos
de obsessão, chegando mesmo a, por várias vezes, levar doentes ao próprio lar,
onde os hospedava junto de sua família. Passou por testemunhos sérios e sofreu
ingratidões que soube perdoar, não desanimando nunca de servir.
Desencarnou às seis horas da
manhã do dia 16 de junho de 1966, em Campos, cercado pela família, deixando
viúva e nove filhos.
Curiosidades
Divaldo Pereira Franco narra, em
uma de suas palestras, que Peixotinho sofrendo certa vez de úlcera gástrica,
todas as medicações prescritas para esse tratamento agravavam os sintomas da
asma, de que também padecia. Como misericórdia, o plano espiritual, através de
seu mentor, revelou-lhe que lhe seria dado uma "anistia temporária"
de sua asma, para assim ele poder tratar a úlcera. Narra Divaldo que assim que
o médico anunciou a cura da úlcera, ele respondeu já em crise: gra- hum ças-
hum a Deus! (voltara a asma)
De acordo com Divaldo essa asma
do médium era fruto de uma reencarnação como corsário, em que ele matava as
vítimas sufocando-as em pele molhada de animal ao sol, matando-as por asfixia.
Bibliografia
RANIERI, Rafael A..
Materializações Luminosas. São Paulo: FEESP, 1973.
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