A
reforma trabalhista, orquestrada pelo Congresso Nacional, é apontada como a
saída para a crise econômica que o Brasil enfrenta. Para os defensores da
reforma, é preciso mudar a legislação em vigor para permitir a terceirização
ampla, o negociado sobre o legislado, a flexibilização das relações entre
empregados e empregadores, a redução dos encargos sociais.
São
mais de 50 Projetos de Lei (PLs) tramitando no Legislativo Federal, que
atingirão em cheio o trabalhador. Nenhum é para melhorar a condição do
empregado. Tem projeto que, se aprovado, proibirá o trabalhador de reclamar na
Justiça do Trabalho os direitos não pagos pelo patrão. Tem outro que busca
acabar com a indenização do FGTS. Tem PL que acaba com as horas in itinere (de
deslocamento até o trabalho e retorno), que põe fim à caracterização do
acidente de trajeto, que susta as principais Normas Regulamentadoras sobre
periculosidade e insalubridade, que modifica a execução do Processo do Trabalho
para impossibilitar que o sócio da empresa responda diretamente com seus bens
pelas dívidas trabalhistas, que amplia os casos de dispensa de servidores
públicos etc.
Uma das
mais danosas propostas de reforma é a que prevê a prevalência do negociado
sobre o legislado, pois possibilitará o afastamento completo de qualquer lei
protetiva do trabalho. Bastará o empregador negociar diretamente com o
empregado, sem a presença, sequer, de sua entidade sindical. Não é difícil
imaginar que, num quadro de desemprego, os trabalhadores se sujeitarão às imposições,
até como condição para ser contratados ou para permanecerem no emprego. A
renúncia a direitos – como horas extras, férias, igualdade salarial,
irredutibilidade salarial, limite de jornada etc.– será evidente e fará parte
das exigências patronais. E sem poder reclamar na Justiça do Trabalho o
trabalhador ficará completamente desamparado, sem poder se defender.
Professores
de Direito do Trabalho no Ceará promoverão amanhã, dia 16, em Fortaleza, uma
profunda discussão sobre esta iminente tentativa de reforma da legislação
trabalhista. O objetivo é compreender melhor o quadro e discutir tais propostas
com os universitários, que sofrerão, juntamente com os familiares, as
consequências do porvir. É preciso, também, que a sociedade (advogados, empresários
e trabalhadores) se envolva e se inteire sobre tais propostas, pois afetarão a
todos.
Gérson
Marques
gerson.marques@mpt.mp.br
Professor
da UFC e procurador no Ministério Público do Trabalho
Fonte:
http://www20.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2016/11/15/noticiasjornalopiniao,3669556/reforma-trabalhista.shtml
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