"A
preocupação e o desafio agora são com a capacitação
e melhorias nas condições de trabalho", diz Manoel Dias
Rio - O Ministério do Trabalho e Emprego passou praticamente o primeiro mandato da
presidenta Dilma Rousseff incólume, já que o país, no período, manteve as taxas
de desemprego nos menores patamares dos últimos anos. Porém, a pasta começou 2015 com o desafio de convencer as centrais sindicais
de que as medidas provisórias (MP 664 e 665) são decisões necessárias e
impopulares e não subtração de direitos trabalhistas. E um dos incumbidos da missão é o ministro
Manoel Dias, que está a frente da pasta desde março de <CW-14>2013.
Segundo ele, as alterações no seguro-desemprego e abono salarial, por exemplo,
são para corrigir distorções na concessão dos direitos.
O DIA: — A
presidenta Dilma Rousseff disse, em campanha, que não cortaria direitos
trabalhistas “nem que a vaca tossisse”. No entanto, alterações nas regras do
seguro-desemprego, por exemplo, triplicou o período de trabalho exigido para
que o trabalhador solicite, pela primeira vez, o benefício (de seis para 18
meses). A vaca tossiu?
MANOEL DIAS:
— Quais direitos trabalhistas foram tirados? A “vaca não tossiu.” Foram
alterações apenas normativas. A presidenta Dilma e o Partido dos Trabalhadores
(PT) merecem fé por que já são 12 anos de política pública de geração de
emprego e de valorização salarial. Ações precisam ser feitas pela saúde do
Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT). Não podemos, amanhã, prejudicar o
trabalhador. Depois de 10, 15, 20 anos de trabalho, ele ficar sem o fundo
justamente na hora em que mais precisa.
As centrais
sindicais querem negociar uma redução de 18 meses para 12 meses o período de
trabalho exigido para que o trabalhador solicite pela primeira vez o
seguro-desemprego. Essa proposta tem chance de ser aceita pelo governo?
Vamos
verificar se o que será proposto tem condições de ser implementado. Nós estamos
em negociações com as centrais sindicais. Estivemos, há 15 dias, em São Paulo,
apresentando as propostas do governo. Nesse meio tempo ocorreram outras
reuniões dos órgãos técnicos. O assunto também será discutido no Congresso
(Nacional) antes de virar lei.
Em um ano de
possível recessão e, consequente, aumento do desemprego, esses ajustes não irão
prejudicar uma fatia considerável de trabalhadores?
É uma
presunção que não tem respaldo com a realidade. Nós tivemos em dezembro (2014)
o menor índice de desemprego da história. Novos postos de trabalho continuam
sendo criados. Estamos em pleno emprego. Nós geramos mais 400 mil empregos. As
politicas públicas do governo federal como o Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa
Família e as obras do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) são
investimentos que garantem um número alto de pessoas empregadas. A preocupação
e o desafio agora são com a capacitação e melhorias nas condições de trabalho.
O projeto
Aprendiz Empreendedor foi aprovado recentemente. Qual será o benefício para o
jovem?
Foi aberta a
possibilidade de o jovem aprendiz passar ingressar agora nas micros e pequenas
empresas. Antes o programa era só implementado nas grandes empresas. Queremos
também que o serviço público adote a política de contratar aprendizes. Há uma
estatística mostrando que 82% dos jovens aprendizes permanecem no local de
trabalho. É um dado importante. Estamos no pleno emprego, mas ainda há um alto
índice de jovens desempregados. E não é só dar emprego. Temos que
qualificá-los, capacitá-los.
Como o
senhor avalia o escândalo de corrupção da Petrobras?
Acho que é a
corrupção da Petrobras é didática. Pela primeira vez (no Brasil) se prende
corruptor. Só se prendia bagrinho (peixe pequeno) e agora prenderam ladrão
rico. A presidenta (Dilma Rousseff) está determinada a ir fundo nesta
investigação (Lava Jato, da Polícia Federal). Não podemos prejudicar o país. As
empresas têm obras importantes em andamento, mas temos que punir os culpados.
Por que não há corrupto sem corruptor. Que isso sirva de exemplo e que o
Brasil, com isso, melhore seu combate à corrupção. É preciso mostrar ao mundo
que somos um país sério.
Já ocorre
demissões com o escândalo na estatal. Há o risco de gerar desemprego em massa
no setor de petróleo e gás?
A Petrobras
investe R$ 50 bilhões por ano. Afinal ela tem que operar equipamentos e comandar
a exploração dos poços de petróleo. Principalmente agora com a descoberta do
pré-sal. Isso tudo vai passar. E hoje não há o que se preocupar com desemprego,
por que estamos em pleno emprego.
Fonte: http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2015-02-09/os-direitos-continuam-e-a-vaca-nao-tossiu-garante-ministro-do-trabalho.html
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