Trabalhadores
protestaram contra série de demissões na montadora.
Presidente
da Anfavea diz que desligamentos no setor são 'pontuais'.
Terminou por
volta das 5h30 desta quinta-feira (8) a paralisação de 24 horas dos
funcionários da fábrica de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz em São Bernardo
do Campo (SP). A greve foi um ato em
solidariedade aos 160 trabalhadores demitidos pela empresa em dezembro, após o
fim do período de suspensão de contrato, o chamado layoff.
De acordo
com o sindicato, a paralisação teve
adesão superior a 90%, paralisando a produção. Uma nova assembleia está
prevista para hoje.
Além dos demitidos, cerca de 100 colaboradores
aderiram a um PDV, plano de demissão voluntária. Outra medida tomada pela
montadora foi de prorrogar a suspensão
do contrato de outros 750 funcionários até 30 de abril. Eles terão todos os
custos assumidos pela empresa.
O sindicato
diz ainda que, havia acordado com a Mercedes, em novembro, que a montadora prorrogaria o layoff de todos
os 1.015 trabalhadores por mais cinco meses, até abril. Porém, 244 deles
ficaram de fora. A entidade afirmou que parte dos funcionários aderiram ao
PDV, porém, não sabe quantificar.
Demissão por
telegrama
Darlene
Burgo, de 44 anos, diz que foi uma das demitidas na fábrica da Mercedes no ABC
paulista. Ela trabalhava há 10 anos no
cargo de montadora, na área de motores, mas exercia função administrativa.
"Por isso me colocaram no layoff (que terminou em novembro). Eu tinha uma
função na carteira e exercia outra", diz.
Ao término
do período de suspensão de contrato, no fim de novembro, Darlene afirma que
recebeu um telegrama pedindo que procurasse o RH da montadora.
Darlene é
formada em administração de empresas e tem pós-graduação em qualidade e
produtividade. "Um montador da Mercedes não ganha pouco. A minha renda
pesa, tenho um filho de 5 anos. Eu sendo mulher, com a idade que eu tenho, onde
vou arrumar outro emprego agora?", questiona.
Volkswagen
Outra
fábrica localizada em São Bernardo do Campo, a da Volkswagen continua com a
produção parada. A greve teve início na terça-feira (6), após o anúncio da
demissão de 800 funcionários, e afeta todos os turnos da planta. Na
quarta-feira (7), houve um princípio de confusão em uma das portarias da
fábrica.
Em nota, a
marca afirmou que “trata-se de fato isolado ocorrido na Ala 17, onde
representantes do sindicato tentavam acessar a força as áreas de
desenvolvimento de produto, local de acesso restrito em razão da
confidencialidade, para a retirada de empregados que não aderiram ao movimento
grevista”.
Cerca de 7
mil colaboradores estão de braços cruzados. O sindicato diz que a adesão na
Volks também é superior a 90%, e que apenas áreas como engenharia e
administração funcionam. Uma assembleia está marca para as 14h desta
quinta-feira para passar informações aos trabalhadores, mas a greve deve
continuar. O sindicato afirma que só irá negociar se o número de demissões for
reduzido.
Outro lado
As duas montadoras afirmam que a demissão de
funcionários foi necessária para adequar a produção à realidade do mercado, que
apresentou queda nas vendas em 2014. Já Luiz Moan, presidente da Anfavea, a associação
das montadoras, disse que as demissões são "pontuais".
“Falando da
Mercedes, eu tive já a garantia de que qualquer movimento doravante será feito
mediante negociação com o sindicato [dos metalúrgicos]. Sobre a Volkswagen, não
há hipótese de demissão neste mês de janeiro, portanto há um tempo adequado de
negociações entre as partes”, disse Moan, que participa nesta quarta da
cerimônia de posse do novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Armando Monteiro.
Já o ministro do Desenvolvimento, Comércio e
Exterior, Armando Monteiro, afirmou que o governo acompanha o assunto, mas “não
há nada que justifique uma intervenção”.
A Volkswagen
afirma que houve queda de 15% na fabricação de veículos no ano que passou.
"Há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que foi estabelecido em
premissas de mercado e vendas que infelizmente não se confirmaram. Quando o
acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria
automobilística atingisse a marca de praticamente 4 milhões de unidades em
2014. O que ocorreu de fato foi uma retração para 3,3 milhões", explicou a
montadora, em nota.
A Mercedes-Benz, também em nota, disse que
"durante todo o ano de 2014, a Mercedes-Benz do Brasil utilizou todas as
ferramentas legais e negociadas de flexibilização para preservar a sua força de
trabalho." A montadora ainda reiterou o compromisso de investir R$ 730
milhões nas fábricas de São Bernardo e Juiz de Fora (MG), entre 2015-2018,
"com o objetivo de assegurar a competitividade da empresa no setor de
veículos comerciais."
Queda nas
vendas
Tanto o
mercado de carros, como o de comerciais apresentou queda nas vendas em 2014.
Entre os veículos de passeio e comerciais leves, houve redução de 6,9%,
enquanto caminhões e ônibus tiveram queda de 11,6%, de acordo com dados da
Fenabrave, a associação das concessionárias.
A queda
anual é a segunda consecutiva. Ao todo, foram emplacados 3.497.811 de veículos.
Em tom pessimista, o a Fenabrave projeta nova queda para 2015, de 0,53%.
Fonte:
http://g1.globo.com/carros/noticia/2015/01/funcionarios-da-mercedes-encerram-greve-no-abc-volks-continua.html
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