O Grupo
dos Vinte (G20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional, tem papel
importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em
todas as grandes questões econômicas internacionais. A Cúpula do G20 é a
reunião entre os chefes de Estado ou de Governo dos países membros.
É um
grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19
maiores economias do mundo mais a União Africana e União Europeia. Foi criado
em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990, que visa
favorecer a negociação internacional, integrando o princípio de um diálogo
ampliado, levando em conta o peso econômico crescente de alguns países, que,
juntos, representam 90% do PIB mundial, 80% do comércio mundial (incluindo o
comércio intra-UE) e dois terços da população mundial.
O L20
representa os interesses dos trabalhadores ao nível do G20, que reúne
representantes dos sindicatos dos países do G20 e das Federações Sindicais
Internacionais, sendo coordenado pela Confederação Sindical Internacional (CSI)
e pelo Comitê Consultivo Sindical (TUAC-CSC) da OCDE.
Desde
o início da crise financeira em 2008, o L20 tem intervindo nos processos
intergovernamentais do G20 para garantir um diálogo inclusivo e construtivo
sobre “Emprego e Crescimento”, como um dos grupos de consulta oficiais, ao lado
do grupo empresarial (Business 20), o da sociedade civil (Civil 20) e o dos
jovens (Juventude 20).
O L20
transmite mensagens-chave do movimento sindical internacional nas consultas do
Grupo de Trabalho sobre Emprego, nas reuniões dos Sherpas, dos ministros do
Trabalho e das Finanças, e nas cúpulas do G20. Os membros do L20 formulam as
suas mensagens principais através de um amplo processo de consulta e confirmam
os seus objetivos políticos durante a Cúpula do L20, por ocasião de cada
presidência do G20.
A Cúpula
L20 2024, com tema “Construir um mundo justo e um planeta sustentável através
de um Novo Contrato Social”, teve início no dia 23 julho, no Centro de Eventos
do Ceará, Fortaleza.
No início
da manhã, houve a abertura da Cúpula do L20, com a presença das Centrais
Sindicais do Brasil, da Central Sindical Internacional (CSI) e do Ministro do
Trabalho Luiz Marinho.
Pelas centrais
falaram Sérgio Nobre, Presidente CUT-Brasil, Miguel Torres, Presidente Força
Sindical, Ricardo Patah, Presidente UGT, Moacyr Auersvald, Presidente NCST, Adilson
Araújo, Presidente CTB foi representado pelos comerciários do Rio de Janeiro, Antônio
Neto, Presidente CSB, foi representado pelo presidente Manoel Pinheiro do
sindicato dos contabilistas. A nível internacional Luc Triangle, Secretário
Geral CSI, fez a manifestação dos trabalhadores organizados antes do Ministro do
Trabalho do Brasil.
O discurso
do Ministro do Trabalho e Emprego do Brasil destacou a defesa dos direitos humanos
relacionados ao trabalho, a sustentabilidade e aos cuidados relacionados com a
automação e substituição dos postos de trabalho humanos por inteligência artificial.
“O
papel do L20 no G20” foi o painel seguinte, destacando que o L20 participa nos
processos do G20 desde 2008, com influência crescente nas suas diferentes
vertentes. Para tanto houve análise dos principais resultados da participação
nos processos do G20 e como o L20 pode melhorar a sua influência no G20, com apresentação
por Harbhajan Singh Sidhu, Secretário Geral HMS, Antonio de Lisboa Amancio
Vale, Secretário de Relações Internacionais, CUT-Brasil, Tanya Van Meelis,
Chefe do Departamento de Política COSATU, Giuseppe Iuliano, Chefe do
Departamento Internacional CISL. A mesa foi moderada por Veronica Nilsson,
Secretária Geral da TUAC, que coordenou os debates abertos aos demais
participantes.
“Implementar
um novo contrato social num contexto global frágil”, foi o último tema
trabalhado pela manhã, de modo que foi destacado que o cumprimento de um Novo
Contrato Social é de vital importância para construir um mundo justo num
contexto global fragmentado e frágil. Houve o exame de estratégias para
promover um Novo Contrato Social através do G20, concentrando-se
especificamente nas áreas do emprego digno e da proteção social. O tema foi
desenvolvido por Elly Rosita Silaban, Presidente KSBSI, Kim Dong Myeong,
Presidente FKTU, Halil Çukutli, Presidente Adjunto HAK-IS, com mesa moderada
por Salvatore Marra, Chefe da Área de Políticas Europeias e Internacionais CGIL,
seguida por um debate aberto.
A
tarde foi iniciada com o painel “Como garantir o respeito aos direitos laborais
nos países do G20”, tratando sobre as violações dos direitos laborais que persistem
em vários países do G20 e os ataques aos sindicatos que têm aumentado nos
últimos anos. Ressaltou-se que o G20 deve prestar mais atenção à garantia e ao
respeito aos direitos laborais fundamentais, de modo que foram analisadas as
violações dos direitos laborais nos países do G20 e discutidas as estratégias
conjuntas para defender as normas laborais fundamentais. Os palestrantes foram Chandra
Prakash Singh, Vice-Presidente INTUC, Gerardo Martinez, Secretário de Relações
Internacionaiss CGT Argentina, Yang Kyeung-soo, Presidente KCTU, Annika
Wünsche, Chefe do Departamento de Assuntos Internacionais DGB, em mesa moderada
por por Ruwan Subasinghe, Diretor Jurídico ITF.
Em “A reforma das instituições de governança global e a arquitetura financeira internacional”, foi destacado que a reforma das instituições de governança global e da arquitetura financeira internacional é uma das prioridades da presidência brasileira do G20 e é essencial para garantir o financiamento das prioridades sindicais. Concluiu-se que a tributação justa, o alívio da dívida e o acesso ao financiamento são essenciais para garantir espaço fiscal para políticas sociais e ambientais. Para tanto, houve o exame das prioridades do L20 para uma arquitetura financeira internacional que funcione para as pessoas e para o planeta e um sistema multilateral renovado que proporcione justiça social. O tema foi apresentado por Marcio Monzane, Secretário Regional UNI Américas, Roberto Baradel, Secretário de Relações Internacionais CTA-T, Beatrice Lestic, Secretária Nacional encarregada da Política Internacional CFDT, com moderação por Hans-Erik Skjaeggerud, Presidente YS, seguindo por um debate aberto.
Foi
marcante a presença de líderes sindicais do Estado do Ceará, especialmente, os
que ocupam cargos em entidades sindicais de âmbito nacional e internacional.
Clovis Renato Costa Farias
ADVOGADO SINDICAL
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
MEMBRO DO GRUPE
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