A Universidade de Paris (em francês: Université de Paris) é uma das mais
antigas instituições de ensino superior da Europa, e localiza-se na França. Já
não existe como uma única universidade, uma vez que, em 1970, foi dividida em
treze universidades independentes umas das outras.
História
Primórdios
Foi fundada aproximadamente no ano de 1170, a partir da escola da
catedral de Notre-Dame. Era comum haver escolas junto às catedrais na França na
época. O bispo era quem nomeava os professores e controlava o ensino por meio
de seu Chanceler ou Secretário Geral do Bispado.
Quando o sempre crescente número de estudantes fez com que a escola de
Notre-Dame se tornasse insuficiente para abrigá-los, os professores
particulares foram autorizados a abrir escolas ao redor da catedral. Estes
mestres, para defender seus interesses e suas idéias, se reuniram e se
associaram formando a sua "corporação", uma "Universitas",
um modo de união à semelhança dos modernos sindicatos. Assim surgiu, por volta
de 1170, a Universidade de Paris.
Cada mestre, ou grupo de mestres, tinha sua própria escola; quando a
corporação tinha que deliberar sobre algum assunto de interesse comum, eles em
geral se reuniam em uma ou outra igreja. A organização dessas reuniões bem como
a representação dos mestres perante a Igreja e o governo fez surgir o posto e a
figura do Reitor. Os assuntos e as disciplinas e as necessidades práticas
comuns a várias escolas terminaram por promover o agrupamento em escolas
maiores, as faculdades.
Século XI
No início do século XI, Abelardo, um dos grandes intelectuais da Idade
Média, veio ensinar em Paris e sua fama atraiu milhares de estudantes para a
Universidade, vindos de todos os países do mundo cristão. As escolas se
expandiram para a outra margem do rio Sena, no monte Sainte Geniève, onde
Abelardo ensinou. Lá se encontra ainda a famosa rue du Fouarre, no quartier
Latin, onde os mestres da Faculdade das Artes tinham suas escolas; mais adiante
encontra-se a igreja de Saint-Julien-le-Pauvre, onde muitas vezes se reuniu a velha
corporação ou "Universidade" dos professores.
Com o apoio papal, a Universidade de Paris tornou-se o grande centro
transalpino de ensino teológico. Durante os anos 1220, as ordens mendicantes
Dominicana e Franciscana dominaram o ensino na Universidade que, ao final do
século XIII e durante o século XIV foi o maior centro de ensino de toda a
cristandade, particularmente em Teologia. Entre seus professores mais famosos
contam-se, além de Abelardo, Alexander de Hales, São Boaventura, Santo Alberto
Magno, e São Tomás de Aquino. A universidade ficou dividida em quatro
faculdades: três "superiores" compreendendo a de Teologia, a de
Direito Canônico, e a de Medicina, e uma "inferior", a Faculdade de
Artes.
Século XVIII
No decurso dos séculos XVI e XVII a universidade de Paris tornou-se um
conglomerado de colégios, à semelhança das universidades inglesas. Os colégios
foram inicialmente pensionatos de estudantes, aos quais se acrescentaram depois
salas de aula onde os mestres vinham ensinar. Esta é a época em que os Jesuítas
foram autorizados a abrir seus Colégios. Os padres da Companhia de Jesus,
atraíram muitos jovens para os seus colégios, conhecidos pela alta qualidade do
ensino.
Com a Revolução Francesa (1789-1799|99) a universidade foi proibida de
funcionar. Todas as universidades francesas foram fechadas pela Lei Le
Chapelier, bem como todas as demais corporações de ofício. Mais tarde, Napoleão
reabriu a universidade, organizando-a em toda a França de acordo com um modelo
centralizado.
Século XX
Os principais prédios da universidade, apesar de não serem contíguos,
têm por centro o edifício da Sorbonne. Esta, originária de uma escola fundada
pelo teólogo Robert de Sorbón ao redor de 1257, foi o mais famoso colégio de Paris.
Sua proximidade da faculdade de estudos teológicos, e o uso do seu auditório
para grandes debates, fez o nome Sorbonne tornar-se a designação popular para a
faculdade de teologia de Paris.
Sua localização atual, no Boulevard Saint-Michel, data de 1627 quando
Richelieu a reconstruiu a suas custas. Desde o século XVI, por ser a faculdade
mais importante, a Sorbonne acabou por ser considerada como o núcleo principal
da Universidade. Sorbonne e Universidade de Paris passaram a ser sinônimos.
Porém, os edifícios antigos da Sorbonne foram demolidos, com exceção da igreja
erguida por Richelieu e onde está seu túmulo, a qual foi incorporada à
construção nova, que forma um retângulo de 21 000 metros quadrados, três vezes
maior que a Sorbonne erguida pelo Cardeal. Alberga a faculdade de letras, a
administração do distrito educacional com centro em Paris e os serviços
administrativos da Universidade: gabinete do reitor, escritórios, o salão do
conselho e o grande anfiteatro para três mil pessoas.
Nos anos de 1960 a universidade de Paris, mediante uma política de
tolerância acadêmica capaz de atrair o ingresso maciço de jovens estrangeiros
vindos de países economicamente subdesenvolvidos, tornou-se um centro mundial
de difusão do socialismo, do marxismo, do comunismo, do anarquismo e do
antiamericanismo, superando neste afã a própria Universidade Patrice Lumumba,
que fora criada especificamente para esse fim em Moscou, no início da mesma
década. Resultou à própria França sofrer as consequências dessa política, quando
suas estruturas se viram ameaçadas pelo levante estudantil de maio de 1968, que
também desencadeou uma onda de rebeldia estudantil ao redor do mundo. Nessa
fase, o número de estudantes da Universidade havia subido a mais de 115.000.
Após a crise, o governo de direita procedeu a uma reforma geral profunda
na organização do ensino superior francês, através do Ato de reforma da
educação superior, do mesmo ano de 1968. Com base nesse ato, a partir de 1970 a
Universidade de Paris foi dividida em 13 universidades autônomas e financiadas
pelo Estado, localizadas principalmente em Paris (Paris I a XIII).
Universidades sucessoras
As atuais treze universidades sucessoras da Universidade de Paris são:
Panthéon-Sorbonne — Economia, Direito, História, Línguas Modernas e
Artes;
Panthéon-Assas — Direito, Tecnologia e Ciências Econômicas;
Sorbonne Nouvelle — Comunicação Social, Artes Cênicas, Línguas e
Civilizações inglesas, latino-americanas e sul-asiáticas;
Paris-Sorbonne — Artes e Arqueologia,Filosofia, História, Língua e
Literatura Latina, Musicologia e Humanidades Aplicadas;
René Descartes — Farmácia, Ciências Biológicas e Medicina;
Pierre & Marie Curie — Medicina, Matemática, Física e Geociências;
Denis Diderot — Medicina, Ciências Físicas e Biológicas, Inglês e Estudos
do Extremo Oriente;
Vincennes - Saint-Denis — Línguas Anglo-Americanas, Literatura e
Civilização Francesa, Inglesa e Alemã, Sociologia, Artes, Economia e Política
(em Saint-Denis);
Dauphine — Comércio e Economia Aplicada, Informação Comercial e Matemática;
Paris Ouest Nanterre - la Défense — Economia, História, Sociologia e
Letras (em Nanterre);
Paris-Sud — Matemática, Física, Química e Medicina (em Sceaux);
Val-de-Marne — Medicina, Direito e Letras (em Val-de-Marne);
Paris-Nord — Tecnologia, Letras e Humanidades (em Saint-Denis).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Paris
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