Intrigas,
conchavos, reviravoltas, surpresas de última hora. Guerras de vida e de morte,
eleição é coisa para quem tem nervos de aço. Chico Santa Rita, publicitário,
jornalista e estrategista em marketing político, já esteve no olho do furacão
de muitas destas lutas pelo voto do eleitor brasileiro e conhece os segredos e
os bastidores de algumas das mais polêmicas e emocionantes eleições da história
da redemocratização no Brasil.
De dentro
para fora, as histórias destas eleições são agora mostradas em "Batalhas
Eleitorais: 25 anos de Marketing Político". Das cem campanhas eleitorais
de que Chico Santa Rita participou, algumas ele considera históricas. Por
exemplo, a que elegeu Fernando Collor presidente em 1989 e a que levou o povo
brasileiro a escolher a forma e o sistema de governo para o país - se a
república ou a monarquia, se presidencialista ou parlamentarista.
Na
campanha de Fernando Collor, o marqueteiro chegou no meio de um quiproquó entre
os membros da equipe, justo no momento da batalha final contra o outro
candidato que crescia nas pesquisas, Lula. Nas
páginas do livro, o desespero de um nervoso e agitado Collor, "com medo de
morrer na praia" e a solução "salvadora" que cai nas mãos da
equipe em forma de uma gravação. Na fita, uma ex-namorada de Lula confirmava o
que já havia dito para o "Jornal do Brasil" oito meses atrás. Mas na
televisão, o depoimento tinha força de uma bomba.
A operação para parar de vez a sangria de
votos para Lula deu certo e causou uma polêmica nacional. Chico Santa Rita
lembra ainda das acusações de favorecimento para ajudar Collor por parte do
"Jornal Nacional". Segundo o marqueteiro, Alberico Sousa Cruz, o diretor dos telejornais da Central Globo de
Jornalismo e Collor falavam-se com frequência e, na intimidade da campanha,
Alberico era citado "como uma pessoa disposta a ajudar". Por estas e
outras, Chico Santa Rita perdeu o gosto e deixou a campanha.
Em 2000,
na eleição para a Prefeitura de São Paulo, Santa Rita tem novo convite para
dirigir a comunicação do candidato ex-presidente do Brasil. "Quem conhece
Collor não trabalha para Collor", respondeu o marqueteiro.
As lições
tiradas de muitos destes episódios vêm juntar mais uma pedra para a
consolidação de uma atividade, o marketing político, que no Brasil é ainda
muito nova. Uma história que começa no fim da década de 70, quando os políticos
puderam pedir votos livremente nas ruas, mas que tem, sem dúvida, gerado
paixões e dado muito o que falar ao longo dos anos.
*"Batalhas
Eleitorais"
Autor:
Chico Santa Rita
Editora:
Geração Editorial
Páginas:
260
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/805991-marqueteiro-revela-bastidores-das-relacoes-entre-politica-e-midia.shtml
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