A ecologia dos saberes é um conjunto de epistemologias que partem
da possibilidade da diversidade e da globalização contra-hegemônica e pretendem
contribuir para as credibilizar e fortalecer. Assentam em dois pressupostos: 1)
não há epistemologias neutras e as que clama sê-lo são as menos neutras; 2) a
reflexão epistemológica deve incidir não nos conhecimentos em abstracto, mas
nas práticas de conhecimento e seus impactos noutras práticas sociais. Quando
falo de ecologia de saberes, entenda-o como ecologia de prática de saberes.
[...]
O contexto cultural em que se situa a ecologia de saberes é
ambíguo. Por um lado, o reconhecimento da diversidade sócio-cultural do mundo
favorece o reconhecimento da diversidade epistemológica de saberes do mundo.
Por outro lado, se todas as epistemologias partilham as premissas culturais do
seu tempo, talvez uma das mais consolidadas no nosso tempo seja a crença da
ciência como única forma de conhecimento válido e rigoroso.
(SANTOS, Boaventura de Sousa. A
gramática do tempo: para uma nova cultura política.
São Paulo: Cortez, 2006)
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