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domingo, 19 de janeiro de 2014

A pretensa homogeneidade cultural do proletariado emergente está também comprometida (Hardman)

“[...] Conforme já enfatizaram Hoggart e Hobsbawn, os padrões culturais e estéticos das classes dominantes penetraram a cultura das classes subalternas, a começar da passagem da tradição oral para a linguagem escrita, num processo contraditório vinculado aos modos de busca e conquista de respectability.
[...]
De outra parte, a pretensa homogeneidade cultural do proletariado emergente está também comprometida em razão de outros fatores históricos, entre os quais podem ser lembrados: as diferenças nacionais entre trabalhadores imigrantes de origens diversas; a reciclagem de hábitos da vida rural numa paisagem urbana cambiante e marcada pelos novos ritmos da fábrica; as enormes variações culturais de ordem regional e/ou local [...]; as formas heterogêneas do processo de trabalho industrial, incluindo desde as unidades semi-artesanais e manufatureiras até a grande indústria mecanizada; as concepções político-culturais divergentes entre as várias tendências que atuam no movimento operário (por exemplo, anarcocoletivistas, anarcosindicalistas, social-democratas, comunistas, sindicalismo “amarelo”, círculos católicos, independentes etc.).
[...] Não há, pois, como separar rigidamente os planos da “política” e da “cultura”. Anarcosindicalistas, socialistas ou sindicalismo reformista, cada uma destas correntes constrói uma imagem particular da classe operária e tais concepções não são estranhas às práticas culturais efetivas, mas as informam e lhes oferecem “estilos” variados.”


(HARDMAN, Francisco Foot. Nem pátria, nem patrão! p. 238-241)

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