Para evitar novos
desentendimentos no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as centrais
sindicais pretendem apresentar ao ministro Brizola Neto (PDT), empossado ontem, a proposta de
tirar da Secretaria de Relações do Trabalho a homologação de novos sindicatos.
As centrais reclamam, a CUT mais explicitamente, que havia
favorecimento para a criação de sindicatos da Força Sindical,
entidade ligada ao PDT do atual ministro e de seu antecessor, Carlos Lupi.
Na proposta das
centrais, o registro dos novos sindicatos seria feito pelo Conselho de Relações
do Trabalho, órgão com representantes do ministério e das centrais.
"Queremos subsidiar o ministério, através do conselho, para que os
sindicatos que não tenham representatividade ou que forem criados com objetivos
financeiros não sejam homologados", afirmou o presidente da União Geral
dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Os sindicatos
recebem 60% do imposto sindical - equivalente a um dia de trabalho por ano -
pago pelos trabalhadores da categoria, filiados ou não.
A mudança já foi
discutida com o presidente da Força, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), e é consenso entre as
centrais, segundo os sindicalistas. "O conselho já tem participação ativa
na aferição de representatividade das centrais. Nossa ideia integrá-lo ao
registro para dar mais transparência ao processo", disse o presidente da
Central de Trabalhadores do Brasil (CTB),Wagner Gomes.
Gomes defende, porém, a manutenção da atual secretária
de Relações do Trabalho, Zilmara Alencar,
que "fez um bom trabalho. "O problema é que o ministério foi jogado
às traças, está sem estrutura, sem funcionários para fiscalizar", disse. Zilmara está no cargo desde 2010, quando o então
titular, o ex-presidente da Força Antônio Medeiros,
saiu para concorrer a deputado federal pelo PDT de São Paulo.
O secretário de
Organização e Política Sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jacy Afonso, diz que a central não pedirá a troca
da secretária, mas cobra mudanças na gestão. "Há um mal funcionamento. O
que queremos é valorizar a Secretaria de Relações Institucionais, que precisa
ter outras funções além de carimbar a criação de sindicatos", comentou.
Afonso afirmou que não sabe de um acordo para
dar mais poder ao conselho e que já estava na pauta da próxima reunião, no dia
22 de maio, a discussão de diretrizes para o registro de novos sindicatos.
"O Ministério do Trabalho suspendeu há dois meses a homologação de
entidades dos servidores públicos e rurais devido a conflito com outros
ministérios", explicou.
Desde a nomeação
do ex-ministro Carlos Lupi em 2007, há uma briga entre Força
Sindical e CUT, que controlava o ministério antes da escolha do pedetista.
Ligada ao PT, a CUT acusa Lupi de favorecer a central de seu partido.
A nova disputa
fica por conta da secretaria-executiva. Quando dirigentes da Força se reuniram
com da CUT para buscar apoio à nomeação de Brizola Neto,
foi ventilada a possibilidade de colocar um cutista no cargo para mostrar que o
ministério "é republicano". Porém, o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz que a nomeação não está garantida e
que ainda precisa ser discutida com o novo ministro.
Mesmo assim, o
acordo já incomodou as demais centrais, que também querem participar da
composição do ministério.
A
reportagem é de Raphael Di Cunto e publicada pelo jornal Valor,
04-05-2012
Um comentário:
Interessante destacar a Convenção 98/1949 da OIT (Relativa ao Direito de Organização e de Negociação Coletiva):
Art. 2 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e administração.
Clovis Renato Costa Farias
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