Meio de transporte alternativo
parece ser a solução para os problemas crônicos do espaço público e congestionamento
A bicicleta é um de nossos
primeiros sonhos, símbolo de liberdade e instrumento de emancipação. Com ela as
crianças pela primeira vez percorrem distâncias mais longas movidas por sua
própria força, independente de seus pais. Durante os últimos anos do século
XIX, pedalar era diversão para os nobres. Com a crescente industrialização, as
magrelas tornaram-se o principal veículo das classes operárias. Hoje a
bicicleta recebe diferentes tratamentos ao redor do mundo. A atual busca por qualidade
de vida é responsável por colocar esse veículo tão simples como elemento
renovador. Uma esperança na re-humanização das cidades e na recuperação do meio
ambiente urbano.
A população urbana já
representa mais da metade do total mundial. Vivem em um ambiente hostil ao ser
humano, em meio a poluição atmosférica e sonora, acidentes de trânsito,
engarrafamentos constantes. Uma vida agitada que leva a um aumento dos pequenos
conflitos sociais e principalmente do estresse. A bicicleta apresenta uma série
de soluções para tais adversidades. Nos moldes conduzidos durante o século XX,
a urbanização teve conseqüências danosas. Em nome da prioridade de circulação
dada aos automóveis as cidades hoje têm problemas crônicos em seu espaço
público.
A bicicleta aparece como uma
luz para a fluidez do trânsito, não conhece engarrafamentos, desliza por eles
devagar e sempre. Apesar disso, motoristas estressados ainda perdem horas de
suas vidas em veículos velozes, mas que não são capazes de manter médias de
velocidade maiores do que carruagens movidas a cavalo ou uma simples bicicleta.
A bicicleta ocupa pouquíssimo espaço para estacionar e exige infra-estrutura de
baixo custo. É boa para o administrador público pela diminuição de custos
globais, da saúde à manutenção viária. Já o cidadão se beneficia por viver em
uma cidade com espaços públicos de qualidade. As consequências podem ser
atingidas tanto em cidades grandes e saturadas como Rio de Janeiro e São Paulo
ou nas médias e pequenas aonde a ocupação urbana ainda não se tornou tão
caótica.
O principal benefício
individual é que enquanto se desloca de bicicleta pela cidade o cidadão exerce
uma atividade física que faz bem a sua saúde, tornando-o mais disposto, bem
humorado e fisicamente em forma. A bicicleta consome pouquíssima energia não
gera gases poluentes ou geradores do efeito estufa, faz pouquíssimo ruído e seu
impacto por onde passa praticamente inexiste. Ela ajuda a manter a cidade limpa
e com um trânsito livre promovendo assim uma melhora a qualidade de vida para todos.
É também amiga do meio ambiente e se integra a ele harmonicamente como a
máquina mais eficaz inventada pelo ser humano para transformar energia em
movimento.
A bicicleta é econômica, o
cidadão economiza em transporte, estacionamento, bem como no preço do veículo e
sua manutenção. Gera também emprego e renda para a economia local e nacional.
No Brasil hoje são fabricadas e vendidas 5 milhões de bicicletas por ano. Somos
portanto auto-suficientes. Um ciclista é capaz de percorrer 7 quilômetros em 30
minutos. Para pequenas e médias distâncias são quase sempre mais velozes que
qualquer outro meio de transporte. Por não serem sujeitas a engarrafamentos, os
tempos de viagem são sempre os mesmos. Além disso são excelentes alimentadoras
do transporte público e ambos integrados fazem um sistema de transporte quase
perfeito para o ambiente urbano.
Promover a bicicleta é também
promover a democracia e a igualdade social. Uma cidade com um bom planejamento
cicloviário garante a qualquer cidadão em uma simples bicicleta os mesmos
direitos de ir e vir que aqueles que circulam em carros luxuosos. Por esses e
outros motivos ela é um dos muitos canais para se resolver o problema da
imobilidade urbana e do sedentarismo. No entanto ela é acima de tudo um
símbolo. Uma invenção que se equilibra em movimento, torna mais saudável quem
pedala sem poluir o ar que respiramos, pode ser usada por ricos e pobres,
crianças e idosos. Promove ainda a integração dos espaços públicos e favorece a
aproximação entre as pessoas.
Fonte: André Trigueiro*, Mundo
Sustentável.Fotos: Clovis Renato Costa Farias
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