Crise
financeira da Universidade de São Paulo fez reitor cortar gastos.
Após mais
de 100 dias de greve, continua o impasse entre reitoria e sindicato.
A greve de
funcionários e professores da Universidade de São Paulo (USP) já dura mais de
100 dias. A reitoria abandonou a proposta inicial de reajuste zero e ofereceu
5,2%, mas o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) considerou a oferta
insuficiente. E o impasse continua.
Entenda o
que emperra o acordo e quais são os próximos passos da negociação:
O que
pedem os funcionários para voltar a trabalhar?
Exigem que
o aumento salarial seja retroativo à
data-base da categoria, que é maio. Os servidores já concordaram que esse pagamento seja feito em forma de abono salarial,
conforme proposta do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP). Considerando a soma dos meses, eles teriam
acréscimo de 28,6% ao salário em um único mês. Nos seguintes, receberiam o reajuste como foi oferecido pela
universidade. Agora, aguardam
decisão da USP sobre a proposta para encerrar a greve. Eles querem ainda que os
dias de paralisação não sejam repostos.
Qual é a
posição da USP?
O reajuste de 5,2% a funcionários e
professores foi aprovado pela universidade em 2 de setembro. A proposta é pagar
metade dele em outubro e a outra em janeiro de 2015. A reitoria ainda não se
posicionou sobre a proposta do TRT-SP de abono salarial de 28,6%. Em audiência
realizada em 10 de setembro, advogados da USP disseram que o reitor chamou o
conselho universitário para decidir sobre isso.
Quais são
as próximas etapas de negociação?
O conselho
universitário só vai se reunir no dia 16 de setembro, e a próxima audiência no
TRT-SP é no dia 17. A greve só deve terminar depois de vencidas essas etapas.
Como e
quando começou a greve?
A
paralisação dos funcionários da universidade começou em 27 de maio após o
Conselho de Reitores das Universidades Estaduais (Cruesp) anunciar que não
reajustaria os salários dos funcionários e professores em 2014. No caso da USP,
foi usado o argumento de que a folha de pagamento representa 105% do orçamento
da instituição.
Quem
aderiu?
Segundo
Magno de Carvalho, do Sintusp, 80% dos funcionários paralisam as atividades. Em
algumas unidades, como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), o primeiro semestre
letivo, na prática, ainda não foi concluído.
Em outras,
como na Escola Politécnica (Poli) e na Faculdade de Economia, Administração e
Ciências Contábeis (FEA), as aulas continuaram normalmente. Há ainda um grupo
de unidades que trocaram as aulas por palestras e debates sobre a crise. É o
caso do Instituto de Biociências (IB) e do Instituto de Matemática e
Estatística (IME).
Por que a
paralisação dura tanto tempo?
O Cruesp e
o Fórum das Seis (que reúne os sindicatos das três universidades paulistas)
tentaram se reunir e debater a exigência de reajuste salarial em três
oportunidades desde o início da greve. A reunião de 13 de junho foi cancelada,
e nas dos dias 3 de julho e 16 de julho a questão não foi discutida.
Por que a
USP está em crise?
Segundo o
reitor Marco Antônio Zago, o principal motivo da crise financeira da USP é que
a instituição saiu, em 2011, de uma relação que estava próxima de 80% para
gastos com pessoal e 20% para investimentos e outros custeios, para uma relação
que ultrapassou a casa dos 100% para pessoal no ano de 2013.
A partir
daí, qualquer outro gasto passou a ser feito utilizando a reserva da
universidade. De acordo com Zago, a reserva de R$ 3,61 bilhões que a USP
possuía em junho de 2012 caiu para R$ 2,31 bilhões no mês de abril deste ano. A
perda foi de R$ 1,3 bilhão em quase dois anos.
A
Associação de Docentes da USP (Adusp) diz que os gastos principais de
"toda universidade pública de qualidade" são principalmente com a
folha de pagamento para professores e funcionários técnico-administrativos. A
Adusp afirma ainda que houve "enorme" expansão dos serviços
oferecidos pelas universidades, inclusive a USP, sem aumento no volume de
recursos recebidos.
Desde o
começo da greve, os professores da associação dizem que a universidade tem
condições de aumentar os salários e que o orçamento de 2014, elaborado pela
atual gestão, inclui uma rubrica dedicada a isso.
Foram
apresentadas soluções?
Em abril,
o reitor suspendeu todas as novas contratações de pessoal e as novas
construções, independente de prioridade ou interesse acadêmico. Em maio,
decidiu congelar o salário dos servidores.
Em julho,
decidiu fechar escritórios mantidos pela USP em outros países. Em agosto,
apresentou o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), com teto de
até R$ 400 milhões e voltado para 2.800 funcionários. Além disso, quer passar o
controle dos hospitais Universitário da Cidade Universitária e de Reabilitação
de Anomalias Craniofaciais (HRAC), que fica no campus de Bauru, para a
Secretaria de Saúde.
Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/09/entenda-negociacao-para-o-fim-da-greve-na-usp.html
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