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quarta-feira, 9 de julho de 2014

DEBATE sobre Autonomia Universitária e Paridade - PARTE 01: SINTUFCE e ADUFCE


Na manhã desta sexta-feira (17), o Comando Local de Greve dos servidores da Universidade Federal do Ceará - UFC promoveu um debate sobre Autonomia Universitária e Paridade, com a participação de representantes do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará - ADUFC, Diretório Central dos Estudantes - DCE, Federação de Sindicatos dos Trabalhadores em Universidades Brasileiras - Fasubra e do advogado Clóvis Renato, mediado pela coordenadora Geral do SINTUFCe, Telma Araújo. Cerca de 110 servidores compareceram à atividade no Pátio da Reitoria. 

O Presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. André Vasconcelos, defendeu a construção de uma nova realidade na UFC, a partir da união dos três segmentos - alunos, professores e técnico-administrativos. "Durante algum tempo, as direções sindicais (Adufc e SINTUFCe) estiveram entregues a esse projeto de privatização. Agora, temos gestões comprometidas com democratização. Precisamos avançar para um projeto de educação pública, gratuita e de qualidade", destacou.
André Vasconcelos comprometeu-se a trabalhar pela união da comunidade universitária e reforçou a importância de todos estarem empenhados nesse processo. "Precisamos convencer os professores de que isso é o melhor - nos unirmos em torno de um projeto que seja bom para a universidade. Precisamos da paridade e a Adufc está comprometida com isso", acrescentou.
Representando a Fasubra, Almiram Rodrigues, também coordenador de Comunicação e Imprensa do SINTUFCe, explicou que a autonomia que a categoria defende é a que só existirá plenamente com a democratização, com a paridade não somente na eleição para Reitor, mas também nos Conselhos, Pró-Reitorias, e cargos de direção. "A gente não quer apenas votar, queremos ser votados. Esses cargos não podem ser concorridos somente por docentes, mas também por técnicos. Essa é a luta que vem crescendo e acumulando forças. Nossa proposta é a de ocuparmos os espaços atualmente exclusivos para professores", explicou Almiram Rodrigues, destacando que muitos técnico-administrativos já possuem pós-graduação - especialização, mestrado e doutorado - em gestão, com plenas condições de contribuir na universidade em cargos, hoje, restritos a docentes.
"O Conselho Universitário, por exemplo, não tem um mínimo de democracia. Queremos participar e dividir a gestão da universidade com os docentes. Somos 3.200 técnicos na ativa na UFC e só três pessoas nos representam no Conselho Universitário. Na hora dos votos, só temos direito a espernear. Temos somente os nossos votos e dos estudantes, que geralmente estão com a gente. Não temos como fazer negociação dentro dos conselhos", protestou Almiram. 
O coordenador da Fasubra e do SINTUFCe também lamentou a existência de técnicos em cargos comissionados que enfraquecem a luta da categoria ao compactuar com o sistema desigual posto. "Nós chamamos um boicote para a eleição para Reitor e cerca de 500 companheiros, mesmo assim, votaram. Há um sentimento entre muitos desses de que estão devendo uma favor a alguém. O que esses companheiros precisam entender é que, se estão ocupando esses cargos, é porque eles têm competência", complementou.
Almiram também falou sobre as negociações junto ao governo em prol da democratização das universidades. A reivindicação apresentada é por uma alteração na legislação que trata do processo de escolha dos dirigentes das universidades, e também pela aprovação do PL 7.398/2006, que trata do Projeto Universidade Cidadã para os Trabalhadores. Segundo o coordenador, "nosso instrumento, hoje, é esse projeto de lei e a discussão junto ao Ministério da Educação dentro do GT da Democratização".
Clique aqui para acessar a cartilha distribuída aos presentes ao debate sobre o Projeto Universidade Cidadã para os Trabalhadores.
Jurídico
O advogado Clóvis Renato, assessor sindical do SINTUFCe, encorajou os servidores a rejeitarem a realidade imposta pelo modelo de administração da universidade e do governo e a abandonarem a comodidade, sob risco de perderem o que já foi conquistado. "O capitalismo nunca será compatível com a democracia. Que democracia é essa que está nos conclamando a estarmos aqui, em que uma lei de greve não é aprovada, em que a liberdade sindical não passa (no congresso), em que as manifestações são violentamente reprimidas, em que a negociação coletiva com o servidor público não acontece, em que o servidor vai para uma mesa de negociação com o governo e este diz que não pode fazer nada?", provocou.
Segundo o advogado, estabeleceu-se uma visão hegemônica, em que acredita-se que só quem sabe o certo a ser feito é quem está no poder. "Mas, na verdade, quem entende da própria realidade e das soluções necessárias é o trabalhador, que está na luta e vivenciando. Pergunte o que é a insalubridade para quem trabalha com pessoas doentes e perto de equipamentos radioativos! Vocês são doutores na área de vocês, porque ninguém vai entender melhor do que vocês o que é vivenciado em suas funções e setores. O certo não é, necessariamente, o que está na lei. A lei veio da luta de vocês", destacou Clóvis Renato. 
"Minha maior intenção é vencer essa indolência. Tem cara que não tá nem aí - para ele, nem fede, nem cheira. Temos que trazer esse povo pra luta. Como dizia Raul Seixas, um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só (...e o sonho que se sonha junto é realidade)! Temos que botar na cabeça que temos que contribuir nesse processo. Temos que mudar as concepções, abandonar a indolência e chegar para a luta. Quanta coisa há para lutar!", destacou Clóvis. 
"Por que a lógica é essa e a gente não faz esse questionamento? Há uma crise e o corte vem primeiro para a educação. Na hora da crise, começam logo cortando os direitos dos trabalhadores. Enquanto vocês próprios não entenderem o valor que vocês têm, vocês não terão valor, não vão se unir e não vão evitar que se perca o que já foi conquistado. Somos capazes de lutar por democracia em todos os setores e não devemos aceitar nenhuma postura autoritária em nenhum lugar", concluiu
Estudantes
Falando em nome do DCE, o estudante Jackson finalizou as falas dos integrantes da mesa. O aluno da Faculdade de Economia da UFC lamentou que "ao passo em que a universidade se expande, mais ela vai sendo tirada da sociedade e dos trabalhadores". Para ele, "há uma burguesia que opera de forma macro e também na universidade afetando a democracia. Há um coronelismo exercido pelo Reitor e pró-reitores que impõem o que querem nesse feudo, que é a universidade. Só está na direção quem fecha com a política do governo".
O estudante conclamou os servidores a exigir que isso mude na universidade. "Eles querem mostrar que somos fracos e que não podemos fazer nada. Quebram a unidade dos servidores públicos oferecendo bolsas de estudos para que o estudante ocupe um cargo de servidor. Além disso, fazem isso quando exploram os terceirizados. Estão precarizando e enfraquecendo a classe. E esse é o momento de puxar debates e acabar com o marasmo na universidade. Temos que quebrar coletivamente com essa barreira".
E complementou: "os estudantes e técnicos não têm demandas específicas? O Reitor só governa para professores? Sem o voto paritário o Reitor faz o que ele quiser. O discurso é o de que o sistema público é corrupto e que os professores e técnicos não querem trabalhar. Mas, como terão motivação para trabalhar sem uma estrutura decente? Falta até papel e pincel! Precarizam, privatizam e tiram da população e dos trabalhadores a educação pública e de qualidade. O governo quer colocar o professor contra o técnico e dividir a categoria. O governo Dilma não é dos trabalhadores e está pegando pesado fingindo ser. O DCE está apoiando essa luta e construindo a conscientização dos estudantes contra essa realidade que encontramos na universidade".
Após as falas, foi aberto o espaço para as perguntas e considerações dos servidores aos componentes da mesa. A servidora Rejane, lotada na Pró-Reitoria de Extensão, pediu que esse tema seja discutido mais vezes e elogiou a iniciativa. "Estou nessa greve pelas eleições paritárias; e a unidade, nesse momento é fundamental. O sistema 70-15-15 é uma palhaçada! Sem paridade, não há poder de decisão. O Reitor já se posicionou e é hora de aproveitarmos essa unidade e fazermos o documento a ser entregue ao Reitor em defesa da democracia", defendeu.
A servidora Ana Maria, lotada na Pró-Reitoria de Graduação, propôs um seminário para que todos possam compreender bem o que é a paridade e a importância dessa mudança. "Segundo pesquisa da Universidade de Brasília, de 2012, 37 universidades já optaram pela paridade. A lei não pode ser utilizada como argumento, visto que tantas universidades não a utilizam", explicou, defendendo a autonomia também na UFC.
A programação da greve da próxima semana já está disponível. Confira, agende-se e compareça. Inicie a mudança a partir de você! A vitória será de todos!

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