Aposentadoria é
punição máxima; outros 4 foram removidos ou censurados.
Atualmente, há 26
processos abertos no CNJ para investigar magistrados.
Durante o ano de 2012,
sete juízes suspeitos de irregularidades como venda de sentenças e
favorecimento indevido foram aposentados compulsoriamente após processos
abertos no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), segundo balanço obtido pelo
G1.
A aposentadoria
compulsória, quando o juiz perde o cargo e continua recebendo uma parte de seu
salário, é a punição máxima permitida para magistrados na esfera administrativa.
Caso haja processo judicial, o juiz pode
ser exonerado e perder o cargo ou ter a aposentadoria cassada.
Outros dois juízes foram punidos em 2012 pelo plenário do
CNJ com remoção compulsória (quando o juiz é transferido para outro local) e
dois com censura.
Além desses 11 punidos, outros seis magistrados foram
afastados preventivamente de suas funções em 2012 em razão da abertura de
investigações após suspeitas de irregularidades – dois do Rio Grande do Norte,
dois de Tocantins, um do Piauí e um do
Ceará.
Atualmente, há 26 processos administrativos (PADs) abertos
na Corregedoria do CNJ para investigar juízes, num universo de pouco mais de 20
mil juízes no país – segundo dados da publicação "Justiça em
Números". Ao todo, entraram no
conselho 7.797 processos, relacionados a pedidos de providências, de
sindicâncias, representações, entre outros.
Para o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB), Nelson Calandra, o número de magistrados aposentados compulsoriamente é
baixo considerando a quantidade de juízes no Brasil.
"[A quantidade ]
é infinitamente pequena considerando o tamanho do Brasil, com mais de 20
milhões de casos julgados durante o ano. Não há número expressivo de
magistrados com conduta irregular, até porque a magistratura não é concebida
nem engendrada para dar errado. O concurso é
dificílimo, se exige de um juiz mais do que ficha limpa, coração para
magistratura. É muito raro termos caso de corrupção envolvendo
magistrados", disse Calandra.
Para ele, a pena de aposentadoria compulsória não é
"branda". "Para nós, juízes, a expulsão da carreira por
aposentadoria compulsória é uma etapa de outro processo, o judicial por perda
do cargo e cassação da aposentadoria. Eu acho que isso é extremamente
degradante, pena violentíssima."
Segundo o presidente da AMB, é difícil atingir o
"ideal" de "zero" magistrados envolvidos com
irregularidades. "O ideal seria que fosse zero, mas para isso teríamos que
ter anjos no lugar de juízes. Juiz é ser humano, e o ser humano sempre vai
errar."
Nelson Calandra destacou que o CNJ tem feito um bom papel,
além da atuação das corregedorias, e tem mostrado que "não há caixa
preta" no Judiciário.
Casos concretos
Entre os casos de aposentadoria compulsória está o de uma
desembargadora do Tribunal de Justiça de Tocantins, suspeita de integrar um esquema de venda de sentenças judiciais e de se
aproveitar de pagamentos de precatórios (dívidas públicas resultantes de
processos judiciais).
Outro desembargador,
Edgard Antônio Lippmann Júnior, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), também foi acusado de integrar um esquema de venda de sentenças em
2003. Segundo o CNJ, ele vendeu uma
liminar que possibilitou a reabertura de uma casa de bingo no Paraná em troca
de vantagens financeiras.
Em nota divulgada à época, o desembargador argumentou que as
acusações foram baseadas em delações premiadas e boatos e que a movimentação
financeira considerada irregular ocorreu devido a negociações imobiliárias.
No Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro, o desembargador Roberto Wider foi aposentado após
ser acusado de favorecer um lobista. Entre as irregularidades estavam a
nomeação para cartórios, sem concurso, de advogados que atuavam em escritório
do lobista, além de ter oferecido suposta blindagem a candidatos em eleições.
Wider negou todas as acusações.
No Amazonas, uma juíza de Coari foi transferida de sua vara
após ser acusada de favorecer um
ex-prefeito da cidade.
Segundo o processo, a magistrada
Ana Paula Medeiros Braga foi flagrada em escutas telefônicas feitas pela
Polícia Federal e autorizadas pela Justiça na Operação Vorax, em 2008, pedindo
favores como emprego para o namorado, passagens aéreas e até um camarote para o
carnaval do Rio de Janeiro, em troca de decisões judiciais favoráveis.
Na defesa apresentada, a magistrada negou que tenha pedido
privilégios e afirmou que as gravações indicavam apenas que ela mantinha uma
relação social com as autoridades locais.
Fonte:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/12/sete-juizes-foram-aposentados-pelo-cnj-em-2012-por-suspeita-de-fraudes.html
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