Total de visualizações de página

Clique na imagem e se transforme

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O conflito entre Israel e a Palestina (António Luvualu de Carvalho)

Quem tem razão no conflito israelo-árabe? Esta é com certeza uma das poucas questões no mundo que têm várias respostas em função do lado que se questiona, várias interpretações em função do ponto de vista que se pretende, várias condicionantes em função dos alinhamentos, dos lobbings e das convicções políticas, múltiplas vertentes em função do posicionamento geostratégico do actual Estado de Israel que faz fronteira com o Líbano ao Norte, com a Síria a Nordeste, com a Jordânia e a Cisjordânia a Leste, com o Egipto e a Faixa de Gaza a Sudoeste, e com o Golfo de Aqaba, no Mar Vermelho, a sul.
Esta questão geoestratégica das fronteiras de Israel que em tempos não muito longínquos (até à queda do muro de Berlim, a 9 de Novembro de 1989, e do enfraquecimento do comunismo) marcou também uma divisão entre o capitalismo e o socialismo, nos dias de hoje continua a gerar um efeito quase semelhante já que ainda vão existindo muitas fricções entre os vários países do Médio Oriente, agregando-se também a questão do alinhamento ou pró Estados Unidos da América (EUA) ou pró Federação Russa. 

O caso mais recente e que costuma até mesmo ser referenciado como paradigmático é o da guerra civil na Síria.

Agregado a estes factores todos e muitos outros não menos importantes aqui não referenciados, está a questão religiosa, na medida em que existe uma grande fricção entre os países árabes e Israel que é por definição um Estado Judeu e Democrático. Algumas questões envolvendo extremistas de parte a parte, tanto dos países árabes que “não aceitam” a existência do Estado israelita naquela região do planeta terra como também alguns extremistas do lado israelita, em muitos episódios desta contenda, já fizeram “estalar o verniz”. Entre todos estes elementos férteis para vários desenvolvimentos, a única certeza é de que a guerra tem causado muita dor e sofrimento de parte a parte com as populações tanto israelitas como palestinas, quer mesmo até de outros países vizinhos, a sofrerem na pele os horrores deste conflito muitas vezes silencioso mas deveras devastador.
Neste preciso momento, o mundo está todo em suspense sobre o que de facto poderá acontecer naquela parte do globo. Nas últimas semanas, os esforços para a paz pareciam estar a dar frutos com a visita do Papa Francisco a Israel e aos territórios palestinianos, culminando este acto com uma visita dos estadistas israelita e palestiniano ao Vaticano para que com o Santo Padre rezassem pela paz.
Parecia tudo encaminhar-se para a solidificação da paz até que, na semana passada, três adolescentes israelitas inocentes - Eyal Yifrach, Gilad Shaer e Naftali Frankel - foram sequestrados enquanto caminhavam a pediam boleia para casa. Os jovens foram encontrados sem vida na Cisjordânia, causando uma comoção geral na sociedade israelita e não só. Este acto foi imediatamente imputado a radicais palestinianos, mais propriamente ao Hamas, e o governo israelita efectuou vários bombardeamentos selectivos à Faixa de Gaza, um pequeno território palestino de 41 quilómetros de comprimento e uma largura que vai entre os 6 aos 12 quilómetros e que é, na verdade, uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Médio Oriente, que faz fronteira com o Egipto a Sudoeste (11 quilómetros) e com Israel a Leste e no Norte (51 quilómetros).
A faixa de Gaza está a ser governada desde as eleições parlamentares de Julho de 2006 na Palestina e após a batalha de Gaza pelo Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que é considerado pelos EUA, Israel e pela União Europeia uma organização terrorista, enquanto outras potências como o Reino Unido da Grã-Bretanha ou a Austrália consideram  terrorista apenas o seu “braço” armado, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam.
O Estado israelita geralmente bombardeia a Faixa de Gaza em resposta aos mísseis Al Kasam (rockets de fabrico caseiro) lançados para território israelita ou ainda os mísseis Fajr 5, que perigam a vida de cidadãos inocentes quando chegam as cidades israelitas ou aos colonatos. Também, é bem verdade que muitos destes mísseis são destruídos pelo sistema de defesa antiaéreo israelita designado de Cúpula de Ferro ou “Iron Dome” mas, quando são lançados, causam o pânico na população civil. Voltando à questão da actual tensão, em resposta ao assassinato dos três jovens indefesos, radicais israelitas raptaram e queimaram vivo o jovem palestiniano Mohammed Abu Khder, causando um grande sentimento de revolta na Palestina, aumentando o número de rockets lançados para Israel, bem como mereceu também uma condenação por parte das autoridades israelitas. Estes dois episódios, aliados ao espancamento por parte de forças policiais israelitas de um jovem palestino-norte-americano, levaram ao recrudescimento da escalada de violência e neste preciso momento, para além dos vários bombardeamentos feitos por Israel, todos os cenários são apontados como possíveis. Para aumentar o nível de alarme, o gabinete de segurança israelita, dirigido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, autorizou a convocação de 40 mil militares na reserva na eventualidade de uma ofensiva terrestre.
Perante estes factos e depois de termos mencionado no início algumas hipóteses deste longo conflito, o mundo assiste “silencioso” a mais este capítulo que se vem juntar a uma longa história de contenda entre dois povos, aonde lamenta-se - e de que maneira! - a perda de vidas humanas de parte a parte.
António Luvualu de Carvalho | Docente universitário
Fotos: https://www.facebook.com/sawtelghad/photos/pcb.721691194555374/721690981222062/?type=1&theater

Fonte: http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/o_confito_entre_israel_e_a_palestina

Nenhum comentário: