"A
nossa luta é pelo bem de toda a comunidade e não somente pela satisfação dos
desejos privados dos trabalhadores"
Atualmente 95% das
instituições federais de ensino superior (Ifes) brasileiras estão em greve.
Este fato que se apresenta diante de nós revela, a meu ver, alguns incômodos
coletivos. E quais são estes incômodos? Eles justificam a paralisação das
atividades universitárias em todo o País que, por sua vez, provocam prejuízos
tanto aos alunos quantos aos próprios servidores grevistas (docentes e
técnicos)? Eu digo que sim! Os prejuízos são necessários, pois o governo,
historicamente, só reconhece os indivíduos em duas situações: nas eleições e
nas greves que mancham sua imagem.
Não me parece
casual que a imensa maioria dos funcionários públicos das Ifes esteja, ao mesmo
tempo, reivindicando salários mais dignos, uma carreira profissional mais
atraente e melhores condições de trabalho.
As pautas de
reivindicação dos movimentos paredistas visam, em um futuro imediato, uma
melhor condição de existência no Interior das instituições públicas de ensino
que, sem dúvida, beneficiará diretamente servidores e alunos. A nossa luta é
pelo bem de toda a comunidade e não somente pela satisfação dos desejos
privados dos trabalhadores que exigem, dentre outras coisas, melhores salários.
Chegamos a um
momento em que decidimos traduzir o discurso que afirma o valor fundamental da
educação na história, na realização prática. É exatamente porque defendemos o
princípio do ensino gratuito e de qualidade que estamos em conflito com o
Governo Federal. Para nós, não basta ouvir da boca dos dirigentes da nação que
a educação é importante e que devemos avançar neste tema. Exigimos que a
educação pública no Brasil seja priorizada já!
No Ceará, os
docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC) que acreditam no direito de
greve enquanto o melhor recurso de luta na correlação de forças com o Governo
foram obrigados a tencionar, inclusive contra a direção de seu próprio
sindicato. Esta insistiu em uma análise de conjuntura que pareceu a muitos
docentes equivocada e distante dos interesses da maioria.
Autoritariamente,
essa mesma direção realizou várias manobras para impedir a voz e o voto das
unidades acadêmicas (Cariri e Sobral) que eram favoráveis à greve antes de 31
de maio. Uma vez deflagrada a greve, então, com a vitória da base, a tarefa
agora é implantar efetivamente o movimento paredista na UFC à revelia dos
antigrevistas sindicais. Temos que construir uma luta social que resulte na
vitória de todos que trabalham pela educação.
Ivânio Lopes de
Azevedo Júnior
Professor
de Filosofia e Música da UFC- Campus Cariri
Fonte: O Povo
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