Dez das 14
pessoas presas, durante a Operação Fidúcia, realizada pela Polícia Federal
(PF), na última terça-feira já foram liberadas. Durante o dia de ontem, quatro
suspeitos de uma fraude milionária contra a Caixa Econômica Federal (CEF)
deixaram as carceragens da Polícia Civil, onde estavam sendo custodiados e uma
foi liberada no Rio Grande do Norte, onde havia sido detida. Três pessoas não
foram localizadas durante a ação e continuam sendo procuradas.
Ana Márcia Cavalcante
Nunes, gerente geral de agência, foi a primeira a sair da prisão, ontem. Ela
estava em um xadrez do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (DIP), na
Delegacia Geral da Polícia Civil, e foi liberada por volta do meio-dia. Por
volta das 14h, Francisco Evandro Cavalcante Marinho, que também é gerente geral
de agência, deixou a Delegacia de Capturas e Polinter (Decap).
Durante a
noite, Geovane Silva Oliveira Filho, que seria intermediador do esquema,
conforme a PF; e Joacy Nogueira de Oliveira, gerente de atendimento de Pessoa
Jurídica da CEF, foram liberados. Um oficial de Justiça levou à Decap os
alvarás de soltura expedidos pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região,
por volta das 19h.
Geovane
Filho era aguardado por familiares na porta da Delegacia. Acompanhado por um
advogado, ele disse que "não iria se esconder, porque não devia
nada". "Não tenho nada a ver com isso tudo", declarou. Dez
suspeitos presos por força de mandados de prisão temporária já foram liberados.
As quatro pessoas que foram presas preventivamente continuam reclusas. Elas são
Ricardo Alves Carneiro, Diego Pinheiro Carneiro, José Hybernon Cysne Neto e
Israel Batista Ribeiro Júnior.
O advogado
Paulo Quezado, que representa Ana Márcia Nunes, disse que respeita a condição
sigilosa do processo e não irá se pronunciar sobre a cliente. "O juízo
determinou segredo de Justiça e eu respeito isto. Prefiro não me
manifestar".
Já o
advogado Nestor Santiago, que está à frente da defesa de Evandro Marinho e
Joacy Oliveira, disse não existir mais a necessidade da Polícia manter seus
clientes presos, já que eles já foram ouvidos e tiveram seus bens, que eram
alvo do mandado de busca e apreensão, recolhidos. "Não havia mais
necessidade da prisão e a Justiça entendeu", disse Nestor Santiago.
David
Athilla Andrade Bandeira Barreto, gerente da CEF, preso no Rio Grande do Norte,
também foi liberado ontem.
Durante a
quarta-feira (25) cinco pessoas já tinham sido soltas. Elas são os empresários
André Luís Bastos Praxedes, Flávio Benevides Bomfim e Egberto Bossardi Frota
Carneiro; o gerente geral da agência da CEF situada na Avenida Dom Luiz, Jaime
Dias Frota Filho; e o superintendente Nacional da Caixa para o Nordeste, Odilon
Pires Soares.
A defesa
destes cinco supostos envolvidos na fraude alega que alguns deles foram, na
verdade, denunciantes do esquema. Conforme informou o advogado Leandro Vasques,
na manhã de ontem, eles não fazem parte das supostas transações criminosas.
"Espero que, se houver desdobramentos da operação, e acredito que terá,
deverá se chamar 'Operação joio e trigo', para separar as figuras. Nesse
primeiro episódio da operação misturaram tudo. Misturaram denunciantes com
denunciados", afirmou o advogado.
Vasques
citou quais os argumentos foram utilizados para conquistar o benefício em favor
dos clientes. "Ponderamos que os cinco pacientes já haviam prestado
interrogatório e jamais se esquivaram de qualquer investigação, muito
contrariamente, tiveram conduta colaborativa. Inclusive, desses cinco, três
haviam denunciado desmandos havidos na Caixa, em conluio com empresários. Além
do que, argumentamos que a prisão é medida de exagero, pois se trata de
investigados primários".
O advogado
afirmou ainda que todos os seus clientes negam qualquer vinculação ou
responsabilidade no tocante aos prejuízos sofridos pela instituição financeira
federal. Vasques explicou que a estratégia de defesa utilizada foi organizada
pela equipe de advogados formada por ele, Holanda Segundo, Waldir Xavier,
Ademar Bezerra e Afonso Belarmino, para apelar a uma instância superior.
Procurados
Três pessoas
ainda estão sendo procuradas pela Polícia Federal. O superintendente da Caixa,
Antonio Carlos Franci, que está de férias nos Estados Unidos, mas já teve a
revogação de sua prisão solicitada por Leandro Vasques e Waldir Xavier; o
empresário William Bezerra Segundo, que está viajando pelo Brasil e, segundo
Vasques, irá se apresentar voluntariamente; e o empresário Fernando Hélio Alves
Carneiro, que também está nos Estados Unidos.
Os advogados
Flávio Jacinto e Cláudio Querioz, que representam os irmãos Ricardo, Fernando e
Diego Carneiro, que de acordo com a PF são os 'cabeças' da fraude, disseram que
vão entrar com o pedido de habeas corpus deles ainda hoje.
As prisões
foram realizadas durante a Operação Fidúcia, que investiga o desvio de
aproximadamente R$ 100 milhões através de empréstimos fraudulentos junto à
instituição em um período de aproximadamente um ano e meio. Durante os
trabalhos, os policiais recolheram veículos como uma Maserati, com valor
estimado em torno de R$ 1,2 milhão; um Porsche, de aproximadamente R$ 600 mil;
além de BMWs e Mercedes.
Um avião de
pequeno porte, avaliado em torno de R$ 350 mil, também foi apreendido. Duas
contas bancárias, com mais de US$ 800 mil, também foram descobertas nos Estados
Unidos, no nome de um dos investigados. Ao todo, foram retidos 14 veículos, R$
192 mil, US$ 10 mil, joias, relógios e pássaros silvestres, dentre eles uma
arara. Os bens apreendidos pela Polícia foram bloqueados pela Justiça Federal.
Márcia
Feitosa / Levi de Freitas
Repórteres
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/policia/dez-suspeitos-da-fraude-contra-a-caixa-economica-liberados-1.1253943
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